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Ele disse, ela disse: O preço do desfavor.

| Desfavor | | 245 comentários em Ele disse, ela disse: O preço do desfavor.

Atualização da “crise”: Sally e Somir tiveram uma longa conversa nesta madrugada. Dentre as inúmeras alternativas e soluções discutidas, duas ganharam força. Uma defendida por ele, outra por ela.

E no impasse, a opinião dos impopulares pode ser o fiel da balança.

Tema de hoje: Desfavor pago ou desfavor vazio?

SOMIR

Difícil defender o ponto de vista que eu vou defender hoje. O desfavor fechado apenas para assinantes pagando mensalidades era uma piada recorrente minha. Toda vez que alguém nos cobrava, eu tirava sarro pedindo para não cancelarem o pagamento. Mas quanto mais eu penso nisso, mais sentido parece fazer…

Inicialmente, pensamos em reduzir drasticamente o número de postagens. Deixar apenas algo como Desfavor da Semana fixo, e mais uma por semana, alternando entre eu e Sally. Por mais que isso parecesse razoável dados os recursos disponíveis, ainda sim me deu a sensação de que era muito pouco. E mesmo que Sally esteja teimando agora, eu sei que ela nutre um sentimento parecido. Tem uma outra forma de fazer isso, e essa forma é cobrar pelo acesso integral.

A questão aqui não é exatamente ganhar dinheiro com o desfavor. Se fosse para se arreganhar, era bem menos arriscado encher de publicidade. Sem o risco de ninguém querer assinar e nós ficarmos com cara de tacho. O grande lance de fazer essa transição de site aberto para fechado é permitir que tanto eu quanto Sally tenhamos meios de compensar o tempo que perdemos na nossa vida profissional para cuidar do desfavor.

Depois de mais de três anos de desfavor, é cada vez mais trabalhoso trazer conteúdo novo, na quantidade que trazemos diariamente. Já passamos do ponto de apenas “desabafar” na internet. Pesquisamos, desenvolvemos e passamos várias horas de nossas semanas pensando em como manter a RID ativa e atual. Sem contar o esforço para escrever textos extensos de qualidade.

Onde você pode enxergar apenas dois malucos com muito tempo livre, existem duas pessoas tirando do bolso muito mais do taxas pífias de manutenção de domínio e servidor (o servidor atual é uma batata ligada na internet…). Via-de-regra eu tenho um gasto quando não furo postagem: Pago com hora de trabalho ou hora de sono. E com Sally seguindo no mesmíssimo caminho, preciso que vocês entendam o seguinte:

Tempo é dinheiro. Sim, desperdiçar tempo é desperdiçar oportunidades de ganhar dinheiro, mas a expressão também significa que todos os seus minutos tem valor. Julgamos o quanto vale cada uma dessas medidas de tempo e se o investimento vale a pena. Se eu digo que o desfavor vale um investimento da sua parte, eu estou dizendo que não só o nosso tempo de trabalho tem um custo, mas também que eu aposto que você “lucra” nessa relação também quando lê o desfavor. Com TANTA merda na internet, lugares como este aqui estão cada vez mais raros. Pela qualidade e pela comunidade. Temos exemplos excelentes de sites que fecharam seu conteúdo para preservar sua comunidade das antas da rede e viram o nível das participações subir exponencialmente. Um dos mais famosos é o fórum do Something Awful. Originalmente aberto e apinhado de imbecis cagando por cima de tudo, depois que fechou e começou a cobrar, a comunidade se uniu e começou a interagir de verdade. Criativamente, foi um puta de um salto…

Reflita sobre a relação entre custo e benefício de pagar uma mensalidade aqui na República Impopular do Desfavor. Sério, vocês já nos conhecem o suficiente para saber que não estaríamos sequer oferecendo essa possibilidade se fosse apenas um caça-níqueis. Vamos ter a vantagem de continuar como estamos, com postagens diárias, e ainda vamos poder seguir para algumas novas direções.

O mais interessante dessa nova fase é que não vamos estar mais arreganhados à vista de qualquer um. Sally e eu vamos estar mais livres para botar em prática o monte de ideias que temos que jogar fora constantemente. Já consideramos fazer alguns vídeos, mas não queríamos que fossem distribuídos para qualquer cretino com uma conta de Youtube. Eu já pensei em fazer servidores de alguns jogos só para os impopulares, em instalar um quadro de desenho coletivo, em fazer conferências ao vivo quando acontece algo importante… Mas nada disso funciona se estiver tudo aberto.

Longe de mim ser o tipo que carece de interação social, mas o grupo que formamos a duras penas aqui não é de se jogar fora (é o máximo de elogio que vocês vão conseguir de mim). O desfavor com mensalidade também é uma oportunidade de fazer valer a graça que muita gente vê aqui: Não é só a postagem, é o povo. E eu também tenho um motivo mais egoísta para gostar dessa ideia: Em comunidades mais fechadas, menos impessoais, os DRAMAS são divertidíssimos e dá para trollar com muito mais classe.

Lembrem-se que não é apenas dar dinheiro para ler o que lia de graça até pouco tempo atrás: São os impopulares se juntando de verdade para tornar possível uma das melhores comunidades virtuais da terrível internet brasileira. Com o “grupo fechado”, volta o fórum e possivelmente cai a moderação dos comentários. Porra, muita informação bombástica que a Sally descobre acaba bloqueada porque o site está aberto para qualquer um. A gente não queima fonte. Vamos poder pegar ainda MAIS pesado e permitir ainda MAIS liberdade para os impopulares enfiarem o dedo na ferida. Tem coisas que a gente só pode dizer no desfavor…

E como Sally e eu vamos estar recebendo para manter as coisas funcionando, não vai ter aquele problema do fórum anterior: Nós vamos efetivamente entregar conteúdo e atenção para movimentar as coisas. Claro que você pode encontrar diversão e uma comunidade bacana em outros lugares, mas essa aqui está basicamente pronta. Vamos ter volume de pessoas para não ficar um lugar parado, mas também vamos ter uma necessária “paz” para desenvolver conteúdo, trocar informações e nos concentrar na comunidade.

E para finalizar: Não tenho a menor intenção de cobrar caro, centavos por dia de mensalidade, pretendo dar grandes descontos para quem assinar logo no começo, e é mensalidade, porra… Se não gostar, não paga no mês seguinte. Ah, e não vamos ficar abrindo as pernas só porque estão pagando… Vamos postar o que queremos postar. E vamos brigar com vocês sempre que necessário. Garanto aqui que vou te chamar de burro da mesmíssima forma, pagando ou não (embora vá ter que aceitar quando me cobram por atrasos… E entregar todos os textos sempre na data e hora certas… merda…). Honestamente? Eu acho que o desfavor fechado vai ser do caralho. Não, sério. Eu juro que pagaria se estivesse do outro lado. Só resta saber se pensamos parecido…

Para dizer que não vai assinar por uma questão ideológica (não compra merda), para reclamar que nós nos vendemos (ainda não…), ou mesmo para dizer que só vai topar para não perder os textos do Sally Surtada (conto com isso…): somir@desfavor.com

SALLY

Dentre as opções cogitadas, cada um selecionou a que achou “menos pior”: Desfavor pago ou Desfavor “vazio”?

Esse termo “vazio” é bastante tendencioso. Permitam-me explicar melhor. O mais correto seria dizer “nem tão bom quanto”. Talvez com uma postagem por semana, sem coluna fixa, revezando uma semana eu e um mês de Somir, em um total de quatro postagens por mês. Enfim, redução drástica de quantidade, o que nos impediria de comentar questões polêmicas de imediato, como fazemos há mais de três anos. Em compensação, continuaria livre para qualquer pessoa do mundo que queira ler.

A versão paga seria exatamente igual a tudo que fazemos hoje, talvez (provavelmente) ainda melhor, pois teríamos mais tempo e um compromisso formal. Sim, eu sei, parece razoável, mas me dói. Porque muita coisa que eu quero dizer não vai ser lida por quem eu quero que leia, justamente as pessoas que PRECISAM ler estas informações. O cidadão da República Impopular do Desfavor não precisa ouvir que religião emburrece, que mijar na rua é vergonhoso ou o quanto Baike é imbecil. Quem precisa ouvir isso é o povão, que não terá discernimento para concluir estas coisas sozinho.

Daí surge a grande encruzilhada: PARA QUEM faremos o Desfavor daqui para frente? Para quem entrou e ficou nos últimos três anos, fechando a porteira e elitizando o público ou continuaremos fazendo para todos, sacrificando um pouco do conteúdo daqueles que nos acompanham, para que mais pessoas possam entrar e se beneficiar? Difícil, muito difícil.

Eu li as sugestões de colocar textos dos leitores. Olha, francamente, teríamos alguns textos muito bacanas, mas basta dar uma lida em qualquer “Ei Você” para perceber a quantidade de imbecilidades que teríamos que filtrar para selecionar dois ou três textos bacanas. Infelizmente tempo não é o nosso forte no momento. Texto de leitores não é uma opção, justamente pela falta de tempo para ler tudo que chegaria e selecionar. Além disso, não faz sentido manter o Desfavor vivo com textos majoritariamente de outras pessoas. Não seria o Desafvor.

O que seria mais interessante para nós, para vocês e para o mundo: manter o nível das postagens e sacrificar o numero de leitores ou fazer postagens esporádicas, “quando der”, porém deixar as postas abertas para qualquer um? Joguem pedras, eu sou romântica, eu acredito que seja preferível manter, que seja, uma postagem quinzenal, mas deixar as portas abertas para qualquer pessoa que queira ler, inclusive para xingar. Essa é a nossa essência.

O bacana aqui é a diversidade de opiniões, o debate. Por exemplo, a postagem sobre Rogerio Skylab, que gerou tanta polêmica, jamais teria repercutido se isso fosse um ambiente fechado. O que aconteceu na ocupação do Complexo do Alemão teria morrido ali se fosse um texto fechado. Tanto e tantos textos que ajudaram, informaram ou divertiram pessoas não teriam nem 50% da sua utilidade e alcance se fossem fechados. É muita tristeza fechar o nosso conteúdo.

Nosso maior motivo de orgulho sempre foi justamente esse: fornecer de graça com mais qualidade e mais rapidez o que os outros cobram. Orientação jurídica, notícias, explicações científicas superficiais… tudo que estivesse ao nosso alcance. ESSE era nosso diferencial: a gratuidade. Mostrar ao mundo que duas pessoas com cérebro e boa vontade podem mais do que um bando de pessoas sem vocação que recebem pagamento para realizar a mesma tarefa. Se a gente acabar com isso… o que nos resta? Seremos o que? Uma espécie de Superinteressante do ateísmo por assinatura? Uma versão demoníaca da Veja? Uma versão escatológica da Galileu?

Nós não temos nome no mercado, nós não ficamos twitando, “curtindo” no Facebook, não fazemos política de boa vizinhança com outros blogs (muito pelo contrário). Nosso único chamariz é o boca a boca, o SER DE GRAÇA. É o nosso diferencial. É apenas isso que atrai leitores. Se isso acabar, não tenho esperança que mais leitores se juntem a nós. Vamos virar um grupo fechado, tipo uma Maçonaria da Baixaria, o que seria muito empobrecedor.

Não se enganem, Somir é publicitário. Ele é uma criatura programada para vender coisas para os outros. Hoje eu jogo fora de casa, quem joga em casa é ele e ele vai vender um produto muito atraente para vocês. Ele vai fazer parecer que a melhor coisa do mundo é pagar para manter qualidade mas… pense comigo, E SE isso tivesse sido feito antes de você conhecer o Desfavor? Hoje você não estaria aqui, porque nem fodendo que alguém paga por uma coisa que nem ao menos conhece. Já pensou o número de portas que vamos fechar, o número de pessoas que deixarão de nos conhecer e se beneficiar com uma ou outra informação nossa?

Não, eu não sou megalomaníaca de achar que isso aqui vai mudar o mundo. Também não acho que nossos textos sejam indispensáveis para a existência de um ser humano. Só acho que eventualmente, nem que seja para fazer um tolete sair da privada, eles prestam e ajudam. E é justamente isso que eu não quero perder. Saber que em algum lugar do mundo tem dois idiotas que brincam com qualquer coisa, onde nada é sagrado, onde não há medo de processo, onde não há intocáveis. O mundo precisa de um lugar assim, ABERTO A QUALQUER UM.

Um sacrifício terá que ser feito. O que você prefere: que tudo continue como está, porém gastando algum dinheiro e fechando radicalmente as portas para novos leitores ou que tudo continue como está reduzindo a frequência mas mantendo a gratuidade e a diversidade de leitores? É questão de ideologia.

Só um aviso: não adianta falar em banner, propaganda ou qualquer tipo de publicidade. Isso é se vender. Isso interfere no conteúdo que será escrito. Isso é coisa de gente que quer LUCRO. Não estamos falando em lucro, estamos falando em cobrir despesas do próprio Desfavor e/ou poder trabalhar menos para poder escrever mais. Nenhuma solução que interfira no conteúdo dos nossos textos é viável, inclusive publicidade. Nisso a gente concorda, se esse for o caso, melhor acabar com o blog.

O que você prefere, um bom namorado que te ame de verdade porém só possa te ver de 15 em 15 dias, ou um garoto de programa que te veja diariamente porque você está pagando?

Para não compreender que só existem duas opções ficar citando uma terceira, para dizer que nem fodendo você paga por essa merda ou ainda para dizer que para quem diz que não existe esperanças para o Brasil eu estou me contradizendo: sally@desfavor.com


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