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Desfavor Bônus: Dia do Troll.

| Desfavor | | 142 comentários em Desfavor Bônus: Dia do Troll.

Depois da confusão, a análise. Sally e Somir fazem suas considerações sobre a comemoração do primeiro Dia do Troll da República Impopular do Desfavor.

SALLY

Troll. Um termo mais do que banalizado e mal utilizado. Hoje em dia qualquer um que se proponha a arrumar confusão e encrenca se diz “troll”. É o mesmo que qualquer pessoa que passe batom se diga mulher. Um encrenqueiro, por si só, não é um troll. Um tumultuador que arruma confusão não é necessariamente um troll. Não puro sangue. Arruaça sem propósito não é trollagem, é babaquice.

Um troll por excelência busca desmascarar a hipocrisia social. Para isso, muitas vezes é necessário arrumar uma bela confusão, mas também é possível fazê-lo na maior sutileza, de forma discreta, muitas vezes até sem ser notado. Trollagem é uma arte.

Trollar não é entrar na comunidade do Restart e ficar postando que eles são todos viados e que sua música é uma merda. Trollar é entrar em uma comunidade de mães de crianças com deficiência mental se fazendo passar por uma delas, conversando, fazendo amizade, ouvindo desabafos de outra mãe que diga coisas como “tenho vontade de matar meu filho sufocado com um travesseiro, não aguento mais, ele faz da minha vida um inferno, eu finjo que amo ele, mas na verdade eu o odeio”. Sabe como é, essas coisas que socialmente não podem ser ditas, mas que algumas vezes são pensadas. Depois, quando esta mesma mãe paga esporro politicamente correto, dizendo o quanto é feliz com aquela situação, tira-se um print do que ela disse antes e se leva a público sua hipocrisia. Isso é ser um troll. Não digo que seja feio nem bonito, não estou entrando no mérito, estou apenas descrevendo.

Um troll que se preze não procura confusão pela confusão, ele é um faxineiro social. Ele pega pessoas escrotas, que tem um lado negro acentuado e ainda assim se sentem no direito de apontar o dedo e julgar com extremo rigor outras pessoas e retira suas máscaras. O troll desmascara esse tipo de canalhice. Um justiceiro social, talvez. Evidente que ninguém gosta de ter seus esqueletos retirados do armário, então, como vocês podem imaginar, quem passa pelas mãos de um troll não fica feliz. Trolls colecionam inimigos por todos os lados.

Que fique claro que a trollagem raça pura não tem por objetivo prejudicar a vítima, não busca extorquir dinheiro (isso é chantagem, não trollagem), não se deseja ver a pessoa demitida ou presa. O troll busca colocar às claras a hipocrisia da pessoa. O troll quebra o discurso falso, moralista e politicamente correto mostrando a todos que se nas palavras sua vítima é correta, nos atos é canalha.

O que foi feito com vocês ontem mal pode ser chamado de trollagem, está mais para DATV (Demonstração de Afeto por Vias Transversas). Claro que você depreende algo do comportamento de cada um diante de uma bomba como a que foi jogada. Teve quem se prontificasse a pagar de imediato, teve quem disse que iria pagar e nem tentou pagar e teve quem diga com todas as letras “Lamento, não vou pagar”. Para conhecer bem uma pessoa, a gente tem que conversar com ela, fazer perguntas, ter interesse. Mas para conhecer muito bem uma pessoa, para conhecer aquele lado dela que ela não gostaria de te mostrar, esse tipo de artifício é muito útil.

Evidente que nós não vamos fazer nenhum tipo de represália contra quem não pagou. As pessoas tem o sagrado direito de escolha. O que foi julgado foi a REAÇÃO de cada um de vocês, como cada um abordou a questão, se expressou e interagiu. E quando eu digo “julgado”, não é para condenar ninguém, é para conhecer melhor. Quem somos nós para condenar alguém… os mais fodidos da cabeça, mais escrotos e peçonhentos. Numa boa, sem mágoa e sem constrangimentos. O Desfavor segue como sempre. Foi uma rica experiência antropológica. Agradecida por serem nossos ratinhos.

Você deve estar se perguntando quão _______________ nós somos para termos desprezado uma chance de ganhar uma quantia razoável de dinheiro (insira a palavra que mais se adéqua à sua ideologia: babacas, nobres, otários, malucos etc). Pois é, somos tudo isso. O lado bom é que a República Impopular do Desfavor segue, de graça, aberta para todos, tão escrota como sempre foi. Parabéns ao Henrique e ao Deja, que foram os únicos a levantar a lebre sobre o Dia do Troll (e tiveram seus comentários excluídos por conta disso). Se vocês querem morar em uma Repúbluca, tem que conhecer a Constituição. Não deixa de ser também uma lição de cidadania.

E para que não pairem duvidas de que tudo foi uma brincadeira muito bem planejada, leiam a primeira letra de cada parágrafo na postagem do Somir do Ele Disse, Ela Disse: DIA DO TROLL EE. Para quem não sabe, EE é a abreviatura de Easter Eggs. Para quem também não sabe o que é Easter Egg (o termo está na nossa Constituição, tem que saber!), é uma informação oculta, uma espécie de recompensa muito bem escondida, também conhecida como “ovo de páscoa”.

Quero aproveitar e me desculpar com todas as pessoas que ignorei via e-mail e via SMS, como Suellen, Fernanda, Maradona e tantos outros que me procuraram oferecendo ajuda, querendo saber o que estava acontecendo e se disponibilizando de forma muito gentil a me confortar. Não respondi a nenhum de vocês, Meus Amores, porque não queria mentir para vocês. Eu sei, eu menti pra caralho aqui no Desfavor, mas uma coisa é a mentira coletiva, outra é levar a mentira para o campo pessoal, da amizade, fora do Desfavor. Me perdoem pela ignorada, mas foi por não querer enganá-los. Responderei a todos ainda hoje.

Ah sim, se alguém se magoou com isso, vá pra puta que pariu, viu? Serve como um belo filtro para saber quem queremos por perto.

Desfavor: DIÁRIO e GRATUITO, como sempre.

Mas cuidado, vocês foram enganados por pessoas que te querem bem, que não querem passar a perna em ninguém. No seu dia a dia desconhecer a Constituição pode não ser tão inofensivo assim. Leiam a constituição do seu país, fica a dica.

Aproveito para deixar meus parabéns (atrasado, por razões óbvias) a um dos melhores trolls que eu conheci, com o qual aprendi muito. Considere o circo armado como uma celebração, Meu Querido. Gente tosca comemora de forma tosca, fazer o que…

Para comemorar gastando os R$9,90 em cerveja, para dizer que se fosse você jamais teria levado adiante o Dia do Troll e teria ficado com o dinheiro ou ainda para entrar em modo paranoico e achar que este desmentido é uma trollada: sally@desfavor.com

SOMIR

Concordo demais com Sally sobre o papel do troll e o que isso deveria significar. Mas da mesma forma que tenho que ouvir que hacker é quem vandaliza site, vou ter que ouvir que troll é quem xinga os outros na internet… Povão adora uma interpretação simplista, espero apenas que aqui vocês usem o termo corretamente. Quem xinga por xingar não é troll, é só uma pessoa com poucos recursos intelectuais.

Mas como essa parte está coberta, falemos efetivamente do que aconteceu nos últimos dias. O método diz muito sobre os objetivos do troll. E sobre o que ele enxerga em sua vítima. Nós temos um público que vale o trabalho de montar uma mentira cuidadosa (não foi só uma trollface depois do link, tinha um site estruturado com capacidade de guardar mesmo as informações de cadastro, Sally respondeu centenas de comentários levando em consideração cada uma das opiniões oferecidas) permeada de verdades para testar suas reações a uma situação inusitada. Dia do Troll por aqui não é só uma “pegadinha”, é um evento!

O plano inicial era só tacar um link de pagamento na postagem de terça, mas era pouco, e era óbvio. Até porque muita gente pegaria o golpe na hora. A postagem do domingo e segunda foram armadas para parecer ato contínuo e colocar todo mundo dentro da jogada. Ninguém foi ler a Constituição, ninguém notou os parágrafos que diziam TROLL com suas primeiras letras no meu texto… Para que isso funcionasse e realmente nos colocasse a par do que vocês enxergavam no desfavor, era necessária imersão total. E isso aconteceu.

Apesar do planejamento cuidadoso, as coisas não ocorreram sem uma (agradável) dose de surpresas. A maior motivação para dizermos que íamos fechar o conteúdo do desfavor para assinantes era capitalizar numa possível revolta de leitores habituais para saber a verdadeira opinião deles sobre o que disponibilizamos.

Revolta que de fato não ocorreu. Para nossa surpresa, vocês estavam bem mais receptivos ao pagamento de uma mensalidade do que poderíamos prever no começo do planejamento. Quando fui ver quantos tinham efetivamente tentado se cadastrar num curto período de tempo, com um sistema complicado e sem nenhum aviso prévio, confesso que fiquei impressionado. Era uma quantia considerável esperando para pular no nosso bolso todo mês. Para continuar fazendo o que fazemos de graça há um bom tempo.

E mesmo considerando que eu já levanto essa possibilidade de assinaturas para o desfavor há um bom tempo, estava na cara que ainda não era a hora. Não tem estrutura para fazer isso direito e dar o devido valor à comunidade. Costumo dizer que minto muito bem porque tento mentir usando somente a verdade, e na minha argumentação sobre os motivos para cobrar pelo desfavor só tinha verdades. Tanto em questão de valor do conteúdo quanto dos planos para criar uma plataforma para que os impopulares também possam brilhar.

Quando pudermos oferecer algo sólido nesse sentido, com o misto de exclusividade e visibilidade para não deixar a República virar um vilarejo, quando tivermos delineado um plano para que vocês paguem pelo projeto, junto com a gente… aí sim a gente fecha o grupo e parte para o jogo. Mas vai ter tempo para se adaptar, organização e vários extras além do conteúdo das postagens. Tudo testado por vocês com antecedência, levando em consideração a cacetada de sugestões recebidas nos últimos dias.

Sem pressa. Se numa cagada do destino eu ou Sally ficarmos ricos, vai ter tudo isso de graça e vamos selecionar por puro mérito. Não é o dinheiro, é o projeto.

De qualquer forma, foi bacana saber o que maioria de vocês realmente pensa sobre o desfavor. Fizemos muita questão de não deixar a impressão que eu e Sally estávamos com problemas maiores do que falta de tempo livre, porque seria uma mentira muito mais feia que o necessário e também poderia mitigar a esperada revolta de alguns leitores.

Pode até não ter gerado pancadaria, mas funcionou perfeitamente como trollagem. Temos até uma lista de pessoas que se prontificaram a salvar a RID botando a mão no próprio bolso nas primeiras horas de suposta cobrança. Apesar de não responder muitos comentários (eu tenho muito pouco tempo para isso, além de odiar todos vocês, é claro…), eu leio a grande maioria e sei que tem bem mais gente que só não teve o tempo ou a disponibilidade de fazer o cadastro, mas que o faria eventualmente.

Se não desse para tirar nada de valioso dessa experiência, teria sido um desperdício. Usamos nosso conhecimento desta comunidade para montar uma situação verossímil para conhecermos ainda melhor vocês e ainda por cima descobrir uma surpreendente viabilidade de tornar o projeto da República Impopular ainda maior.

Evidente que fico mais feliz pela maioria ter topado “comprar a briga” e nos ajudar a manter isso aqui, mas teria valido até mesmo se o povo tivesse mandado a gente cobrar a puta que pariu… Se fosse a verdade. E se alguém ficar puto, chateado ou de mimimi, já vai tarde. Esses momentos também são bons para limar quem não entende como isso aqui funciona.

Mas agora nós nos conhecemos melhor. E eu acho isso excelente… afinal, quanto mais eu te conheço… mais eu sei como te irritar. *fazendo coraçãozinho com as mãos*

Para dizer que aposta que vimos que só dois assinaram e fingimos que era trollagem, para reclamar que seu e-mail de confirmação ainda não chegou (não chegou nem pra mim, era bug mesmo!), ou mesmo para dizer que está chateado mesmo de não poder me cobrar responsabilidade: somir@desfavor.com


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