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Desfavor Explica: Drogas.

| Sally | | 75 comentários em Desfavor Explica: Drogas.

Não tem como homenagear nosso Mártir Transcendental sem falar nelas. Desfavor Explica: drogas. Informações sinceras que você não vai encontrar em nenhuma campanha do Ministério da Saúde.

Em um resumo bem grosseiro, poderíamos chamar de drogas as substâncias químicas que produzem alterações nos sentidos. O conceito é complicado, porque dependendo da quantidade que se use, praticamente toda substância pode causar alterações nos sentidos. Legalmente, no Brasil, existe uma Portaria do Ministério da Saúde onde, em seus anexos, lista todas as substâncias que são consideradas “drogas”. Se não estiver ali, você não pode ser acusado criminalmente. Mas acredite, deve estar, porque tem muita coisa listada.

Drogas em um sentido estrito, ou seja, os psicotrópicos, que deixam seu Sistema Nervoso e afetam suas atividades psíquicas e seu comportamento, podem ser basicamente dividias em:

  1. Psicodislépticas: Diminuem a atividade do seu sistema nervoso. Exemplos lança-perfume, ópio, morfina, heroína.
  2. Psicodistropticas: Sua forma de atuação preponderante consiste primordialmente em modificar a sua percepção da realidade, vulgarmente chamadas de “alucinógenos” ou “perturbadoras”. Exemplos: alguns cogumelos, LSD, maconha, ecstasy.
  3. Psicolépticas: Atuam basicamente como estimulantes, diminuem a fadiga e aumentam a percepção de alguns sentidos. Exemplos: cocaína, crack, anfetamina e metanfetamina.

As formas mais comuns de uso são pela via oral, por inalação ou por injeção intra-venosa, em que pese ter um famoso Ex-Presidente da República que adorava enfiar um supositório de cocaína no fiofó.

Não vou ficar passando sermão sobre a merda que é usar drogas. Todo mundo já sabe dos riscos: sim, pode te matar. Sim, usando uma única vez pode te matar ou te viciar. Não, você pode não ter controle. É um risco filho da puta. Todo mundo sabe disso e quem não quer acreditar, quem acha que não vai perder o controle, não vai mudar de idéia só porque eu estou dizendo o contrário. Usa lá e se fode, e vê se morre cedo para não passar seus genes estúpidos adiante.

Então vamos conhecer mais de perto algumas drogas e ver o que pode te acontecer de bom e de ruim caso você decida fazer uso delas. Porque não dá para ficar repetindo que drogas são ruins e ponto. O usuário vai experimentar sensações muito boas, ao menos no começo. O problema é o preço que se paga depois. Pondere os benefícios com o custo e você vai ver que não compensa.

Maconha. Normalmente é fumada, mas também pode ser consumida através de vapor. Tem efeito alucinógeno, diminui a pressão sanguinea, a capacidade motora e a memória. Ao contrário do que adoram dizer, não é inofensiva. Sua fumaça possui mais do que o dobro de hidrocarbonos cancerígenos do que seu rival, o tabaco. Sim, maconha é altamente cancerígena. Se você fuma maconha agora, nas próximas 24h sua coordenação motora e sua capacidade cognitiva (sobretudo do que diz respeito a aprendizado) estarão comprometidas. Dirigir até 24h depois de fumar é escroto e é colocar pessoas que não tem nada a ver com isso em risco. Se você quer saber se uma pessoa fumou maconha, esteja atento à noção de tempo desta pessoa, normalmente as pessoas ficam com a noção de tempo alterada.

A longo prazo, maconha aumenta em muito as chances de transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, surtos psicóticos e transtornos de ansiedade. Ela não os causa do nada, mas é um gatilho que pode ativar algo que ficaria inativo. Também bagunça os hormônios sexuais, causando frequentemente ejaculação precoce e outros tipos de disfunção sexual, sem contar que diminui a fertilidade (depois ficam dizendo que marombeiro é tudo broxa…) O risco de dependência física é pequeno, porém sempre existe o da dependência psicológica. O risco de morrer de overdose é quase zero, você teria que ser bem idiota conseguir essa proeza.

A benzina é um líquido obtido da destilação do petróleo. Normalmente é inalada e causa predominantemente alucinações. Elimina a ansiedade e a tensão muscular. Faz com que a pessoa fique desinibida psicologicamente falante, perdendo a timidez. Dizem que dá um soninho gostoso, daqueles que você dorme e esquece de tudo. Pena que se inalar o suficiente para alcançar seus alvéolos pulmonares você morre. Ah sim, também causa impotência ou frigidez, amnésia, cirrose, demência irreversível causada pela completa destruição de várias células cerebrais, leucemia, derrame, doenças no fígado, parada respiratória, coma e morte. Tudo isso pode ocorrer usando uma única vez, aquela “só para ver qual é”.

A cocaína vai te trazer as seguintes sensações, em um primeiro momento: eliminará sua ansiedade e eliminará eventual depressão ou tristeza. Você também vai sentir uma sensação de confiança, uma auto-estima elevada, ter a sensação de que pode tudo, se sentir poderoso, eufórico e acima de tudo, vai sentir um tremendo bem estar. Pode também aumentar a capacidade de concentração e memorização, aumentar a rapidez de raciocínio e te fazer sentir com uma clareza mental maior, como se você ficasse mais capaz intelectualmente, mais inteligente. Também causa uma sensação de ausência de medo e excitação sexual. Paulo Coelho fez o desfavor de declarar em entrevista que o sexo que ele fez sob efeito de cocaína é o melhor sexo que já fez na vida e que potencializa absurdamente a sensação de prazer. Para completar, aumenta sua força muscular e diminui as sensações de sono, fome, sede ou frio. Basicamente cria um Super-Homem temporário.

Ela age da seguinte forma no seu organismo: dispara uma combinação química similar a aquela que sentimos quando estamos em perigo. Quando nos encontramos em uma situação extrema, nosso corpo dá “o melhor de si” para que possamos sobreviver: ficamos mais atentos, mais fortes, mais focados, mais resistentes, mais eufóricos por alguns segundos ou minutos. É isso, só que com efeito prolongado.

Mas nada vem de graça. O preço que se paga é caro. Primeiro que é possível morrer usando uma única vez, dependendo da dose e da qualidade do produto adquirido. Quando não se vende de forma legalizada, você nunca sabe exatamente o que está consumindo. Se der um revertério imediato, você pode ter convulsões, parada respiratória e morte. Se ela for injetada em vez de cheirada, grandes riscos de uma parada cardíaca. Mesmo que não dê um revertério e te mate, quando o efeito passa você vai do céu ao inferno, se emburacando, indo para o lado oposto de onde veio: depressão, mal estar, ansiedade, perda de concentração e capacidade de compreensão. O consumo habitual causa danos cerebrais irreversíveis até te levar à morte.

Como identificar um usuário de cocaína: a pessoa fala mais rápido, com mais ansiedade que o normal, frequentemente fala sem parar. O nariz não tem pelinhos ou, em estágio avançado, tem o septo nasal quase destruído. A pessoa fica um pouco paranóica. Pode sentir dormência nas mãos e nos pés, tremores, dilatação da pupila, suor e salivação em maior quantidade e mais urgência em fazer xixi. Se estiver na dúvida, espere. Quando o efeito passa a pessoa vai ficar um lixo, o que a faz querer usar mais cocaína. Outro bom indicativo é que a pessoa fica tão eufórica que não consegue dormir, daí acaba tomando remédios que apaguem. Com isso, dorme muito e fica sonolenta durante o dia, usando a cocaína para ficar acordada e produtiva, entrando em um ciclo vicioso. A pessoa estava um lixo e do nada está ótima, falante e ativa? Dá um confere nas narinas, dá… Se quiser ter certeza, como quem não quer nada, pega um cabelinho da pessoa. Cabelo é a melhor forma de testar se a pessoa andou usando cocaína, onde você pode comprovar o uso de cocaína nos últimos 90 dias sem falsos positivos.

Tem também o LSD, consumido via oral, que promove alucinações de gente grande. Além de intensificar percepções sensoriais (você vai ver cores que nunca viu antes, ouvir sons imperceptíveis), ele ainda promove uma coisa chamada “sinestesia”, ou seja, a transferência de um sentido para o outro: você ouve cores e vê sons. Também causa sensação de levitação e despersonalização (uma coisa meio mística, onde a pessoa sente que ela deixa de ser ela e se une ao universo). Também pode provocar flashbacks. Muitos asseguram ter experiências espirituais intensas usando LSD, até mesmo revelações. Bateu curiosidade? Então espera para ver o que acontece quando dá errado.

Dependendo do estado emocional de quem usa, podem acontecer alucinações ruins também. Um pesadelo, geralmente o seu pior pesadelo, pois quem cria é a sua mente, do qual você não consegue sair: medo, paranóia, pavor. A tortura é tanta que algumas pessoas se matam durante seus efeitos ruins, que, diga-se de passagem, podem durar até dois dias. E mesmo que dê tudo certo nas primeiras vezes, vai fazer estragos físicos e psíquicos no seu corpo e você estará sujeito a “flashbacks”, ou seja, seu cérebro reagirá como se estivesse sob efeito da droga mesmo sem estar fazendo uso dela durante o período de até um ano após o último consumo.

Pode causar danos neurológicos irreversíveis e incapacitantes incluindo aí mudança de personalidade e comportamento permanentemente anti-social. É fácil reconhecer o usuário, porque ele ficará fora da realidade. Procure por pupilas dilatadas, aumento de pressão arterial e temperatura corporal, insônia, boca seca e tremores pelo corpo.

Tem a heroína, que estimula e potencializa a parte do cérebro responsável pela sensação de prazer. Normalmente só ocorre esta ativação em situações excepcionais, como forma de recompensa. A heroína aperta o botão e deixa apertado, é como colocar uma moeda em uma máquina de chocolates e a máquina cuspir todos eles. O efeito é similar ao da cocaína, mas menos frenético e com mais bem estar. Dizem que causa uma sensação de conforto que jamais poderia ser experimentada sem o uso da droga. Pode ser. Mas também causa cegueira, surdez, problemas cardíacos e sua síndrome de abstinência causa dores terríveis.

Bastam três dias de consumo de heroína para passar maus bocados se parar. E cada vez é necessário usar em maior quantidade, caso contrário em vez de te fazer bem, você passa mal. Prepare-se para corrimento lacrimal e nasal, seguido por hecatombe estomacal e intestinal, suar frio, muitas dores (inclusive nos rins, que não é coisa pouca), espasmos musculares e cãibras, na melhor das hipóteses. Na pior, são dores insuportáveis. Sabe quando você corta o dedo com um papel? Imagina isso em cada centímetro do seu corpo.

Temos também o crack, que nada mais é do que cocaína misturada com bicarbonato de sódio. Seu nome vem do barulho que a pedrinha faz quando é aquecida, ela vai quebrando aos poucos. Seu efeito é um dos mais letais dentre todas as drogas. É fumado e esta fumacinha chega no seu sistema nervoso central em aproximadamente dez segundos. Vejam o perigo: é bem mais barata que a cocaína e a sensação de euforia que causa é bem maior. Chega a ser mais potente do que a cocaína injetada. É seis vezes mais potente do que a cocaína cheirada.

A pessoa usa e sente uma enorme euforia e bem estar. O efeito dura entre cinco e dez minutos e quando acaba, a pessoa vai para o extremo oposto, pois desregulou toda a química do seu cérebro. Isto leva a pessoa a procurar por mais, principalmente por se tratar de uma droga barata. Uma usadinha de crack pode te matar ou pode te deixar três dias sem dormir. Como causa elevação da temperatura corporal, pode matar seu cérebro ou causar um AVC. Também pode causar parada cardíaca. Estima-se que após duas ou três doses o dependente tenha que consumi-la apenas para não sentir o desconforto da sua abstinência. A quantidade necessária para sentir bem estar é cada vez maior, até que chega a um ponto que o corpo não agüenta.

Um dos principais efeitos colaterais é a rabdomiólese, ou seja, a degeneração dos músculos do corpo. Por isso muitos usuários ficam com aquele aspecto de “cara derretida”, sua musculatura facial fica flácida. Sua síndrome de abstinência se caracteriza por ser violenta e tumultuada. A pessoa fica agressiva e incontrolável. Não raro apresentam Síndrome aka Ekbom, acreditando que seu corpo está coberto por vermes ou insetos. As chances de não reincidência são as mais baixas dentre todas as drogas. Dizem que a fissura por usar mais é incontrolável.

É fácil reconhecer o usuário: ou ele estará se portando feito um zumbi, com olhar vazio e comportamento errático, ou estará extremamente agressivo e descontrolado. Um usuário não costuma ter uma expectativa de vida muito elevada depois que começa a fazer uso, seja pela deterioração rápida que provoca na saúde, seja porque eles se envolvem em episódios violentos e crimes no desespero por conseguir a droga.

Reparou na quantidade de drogas que eu abordei aqui? Reparou na ordem delas? Pois é, essa foi a trajetória feita pelo Rafael Pilha. Me diz se ele é ou não é um herói por estar vivo, consciente e trabalhando. Rafael Pilha é a prova viva que por mais difícil que seja cada síndrome de abstinência de cada droga, é possível superar, nem que para isso você tenha que chegar ao fundo do poço, comer três pilhas, um isqueiro, uma tampa de shampoo, uma caneta bic e uma escova de cabelo. Nem que para isso você se tranque em um elevador com um garfo e enfie ele até o talo no seu pescoço. Quem somos nós para julgar.

Pilha, apesar de todas as merdas que você fez na vida (e não foram poucas, ganha até do Siago Tomir), você tem o meu respeito, rapaz. Não é qualquer um que passa por todas essas síndromes de abstinência (às vezes mais de uma vez, pois há recaídas). Fica aqui a homenagem da República Impopular do Desfavor ao nosso Mártir Transcendental.

Para dizer que Pilha é um X-Man, para dizer que a Sônia Abrão quebrou o nosso brinquedo ou ainda para contar sua experiência com drogas: sally@desfavor.com


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