Flertando com o desastre: Noventa e nove.
| Somir | Flertando com o desastre | 28 comentários em Flertando com o desastre: Noventa e nove.
Um estudo realizado pelo banco Credit Suisse recentemente apontou que os milionários e bilionários do mundo concentram quase 40% de toda a riqueza mundial. E esses milionários e bilionários não representam nem 1% da população mundial. A título de curiosidade: Toda a riqueza mundial soma 231 trilhões de dólares.
O estudo não está descobrindo a roda ou algo do gênero, sabíamos que a distribuição da renda global era assim há algum tempo. Mas cada vez que sai um deles, o dinheiro parece mais e mais concentrado. Na pesquisa anterior, esses privilegiados somavam 5% a menos de riqueza. O mundo está ficando mais desigual, e isso é um fenômeno generalizado.
Tanto que atualmente temos um grupo de manifestantes do movimento Ocuppy Wall Street (tradução humorística: Ocupem Parede Rua) ganhando mais e mais atenção midiática, pessoas de “primeiro mundo” pedindo alguma solução para a devastadora crise econômica mundial. Pessoas que se auto-intitulam os “99%” exigem que ricos paguem mais impostos e que os governos passam a gastar mais dinheiro com o povo ao invés de salvar banqueiros.
Mesmo ignorando meu cinismo habitual (e, porra, é um movimento de hipsters, os iHippies, é muito fácil odiá-los) e concedendo o ponto de que pelo menos estão tentando alguma coisa, é difícil imaginar que a solução para essa crescente concentração de renda e caos econômico esteja apenas a algumas canetadas de distância.
O problema é que o buraco, para variar, está muito mais embaixo. O sistema de moeda da humanidade moderna nasceu torto. Numa “daquelas” analogias: Não é como se desse para acelerar ou frear o carro, o problema é que pegamos a estrada errada. Parecia a escolha certa na hora, mas o nosso modelo de “pensar dinheiro” não é exatamente escalável para uma economia de 231 trilhões de dólares.
Pare e pense um pouco comigo: 231 trilhões de dólares. A pessoas mais rica do mundo, o mexicano Carlos Slim (que curiosamente, é gordo), tem em sua posse uns 60 bilhões de dólares. Tem alguma coisa (à venda) que ele não possa comprar nesse mundo? Se um ser humano consegue chegar nesse ponto com 60 bilhões, 231 trilhões não começa a parecer um valor praticamente imaginário? A triste verdade é que esse dinheiro não está baseado em riquezas e trabalho real, ele é basicamente um monte de dívidas. Dívidas dos 99% no seu processo para tentar uma vaguinha no clube dos 1%.
É confortável achar que a culpa desse sistema é só dos ricos, mas nada é tão simples assim. Vamos aproveitar que o povo cabeça-oca já deve ter desistido de ler o texto e voltar no tempo para entender como isso aconteceu. Vivíamos num sistema de trocas simples não faz tanto tempo assim. Qualquer coisa poderia valer como riqueza, desde que alguém a quisesse. Sistema bem básico, mas claríssimo para os envolvidos.
O problema é que sua “moeda” era basicamente só o que você produzia. A pessoa era refém constante da demanda. O mesmo trabalho poderia render valores diferentes praticamente todos os dias. Isso gera insegurança. E quando a humanidade fica insegura, começa a trocar potencial por estabilidade.
O sistema de moeda e empregos, na sua versão mais básica, surge para acalmar essas mentes preocupadas. Não, é claro, sem sua contraparte. Se o pescador vender seu peixe por moedas para alguém que vai redistribuir o peixe, ele tem a certeza de renda baixa, mas consistente. O distribuidor assume o risco das flutuações do mercado, mas quando lucra, lucra bonito.
Com mais e mais gente buscando estabilidade, mesmo abdicando de riquezas maiores, temos muita gente recebendo em moeda e pouca gente controlando os recursos reais. A pessoa do salário em moedas dificilmente vai ficar muito mais rica que seus pares, a pessoa que paga o salário em moedas está com todo o potencial em suas mãos. Potencial é um risco, mas são os riscos que criam os ricos (vice-versa?).
Moeda era valor real, já que vinha diretamente de metais em alta demanda, como prata e ouro. A moeda não precisava estar no formato de moeda para valer alguma coisa. E melhor: A moeda podia ser acumulada para aproveitar oportunidade ou se livrar momentos difíceis. Ela tinha suas vantagens, mas foi a primeira etapa nesse processo de criar o 1%.
Não demora muito para os banqueiros aparecerem, quase que por acaso. As pessoas gostam da ideia de deixar suas riquezas em cofres protegidos por guardas, e no passado, eram os ourives (que produziam as moedas em primeiro lugar) que tinham essa estrutura de segurança. Primeiro foram os amigos deles, depois o povão. A pessoa guardava seu ouro no cofre do ourives e recebia um certificado de quanto ela havia depositado.
E é quando fazemos mais uma troca de potencial por segurança/estabilidade. Melhor do que andar com um monte de moeda de ouro por aí é andar com o certificado e trocá-lo por produtos. O dinheiro de papel começa seu legado. O tempo passa, os ourives começam a cobrar uma pequena taxa por essa praticidade (o que todos julgam razoável), e subitamente, o mercado de guardar moedas começa a parecer muito interessante.
Mais ainda quando esses banqueiros antigos percebem o que tornaria seu negócio o mais lucrativo da história da humanidade: O empréstimo. O ourives tinha moedas de muitas pessoas, podia emprestar para alguém de confiança, e a não ser que todos os donos originais das moedas viessem buscá-las ao mesmo tempo, só precisaria se preocupar com calotes. E até pelas possibilidades bem maiores de acabar enforcado se atrasasse uma parcela, calotes não eram comuns.
Sem a anuência de nenhum dos depositários, os banqueiros/ourives começaram a lucrar horrores com esse processo de emprestar dinheiro alheio. Principalmente quando perceberam que as pessoas confiavam tanto neles que poderiam simplesmente inventar moedas e emprestá-las. Ele tinha mil no cofre, mas tinha girando no mercado uns dez mil. Era só as pessoas não virem buscar as moedas fisicamente. Os certificados CRIAVAM riqueza sem nenhuma garantia de pagamento. O dinheiro em circulação era basicamente dívida. E não nos esqueçamos de uma regra básica de economia: Quanto mais dinheiro existe, menos ele vale. Quanto menos ele vale, mais caras as coisas ficam. Inflação, seja bem-vinda ao mundo!
E você acha que é isso que ainda acontece hoje em dia? Quem me dera. A coisa engrossa. Enquanto a confusão da “moeda-dívida” só influenciava a iniciativa privada, existia uma certa noção de responsabilidade pessoal. O banqueiro que se virasse com a turba enfurecida se descobrissem. O dinheiro falso sumiria junto com os batimentos cardíacos do espertalhão.
Mas governos existem para tornar tudo melhor. Adivinha quem começa a se endividar com os banqueiros para pagar suas dívidas cada vez maiores? (criadas pelos banqueiros, que encareceram tudo) Quando se tocam do que os banqueiros fizeram, é tarde demais. A economia já está girando com o dinheiro de mentirinha dos banqueiros, inclusive os impostos que o povo paga. Se o Estado quebra os banqueiros, os banqueiros quebram o Estado.
Alguém poderia ter tomado o remédio amargo no passado, mas o poder é tão sedutor… Para manter o sistema vigente, a solução dos governantes é centralizar de vez a produção de dinheiro e criar alguma regulamentação para os bancos. Mas, novamente, é difícil pressionar muito quem tem o poder de te derrubar. Alguns lugares regulam mais o quanto os bancos podem “inventar” de dinheiro, outros lugares deixam correr solto. (Adivinha o que os países que quebraram desde 2008 faziam com seus bancos?)
E nesse processo de centralização, o Estado diz que garante que o ouro referenciado nas notas existe mesmo e pode ser sacado. O que todos sabemos que é mentira. O Estado pode, no máximo, imprimir mais certificados falsos de depósitos para segurar as pontas, não sem ganhar inflação de presente.
Esse papo de que os governos resolveram só agora salvar os bancos falidos não leva em consideração que todo o nosso sistema financeiro é BASEADO no Estado (ou seja, todos nós) pagar se alguma coisa acontecer aos bancos. Ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. O dinheiro em circulação no mundo é essencialmente empréstimo que banco faz.
Quando você tem uma cédula na mão, você não tem exatamente uma representação de valor real, você tem uma promessa de pagamento. Não existem 231 trilhões de dólares em coisas “compráveis” no mundo. É basicamente dívida que vai aumentando por causa de capitalização de dívida. “Eu te pago 10 que eu não tenho hoje, mas se você me cobrar amanhã, eu te pago 20 que também não vou ter amanhã!”
Sério, o nosso sistema econômico é isso. Uma bolha. Se um dos governantes dos países ricos assinar uma lei cobrando 50% de imposto dos milionários, vai simplesmente encher seu cofre de dinheiro de mentirinha. O governo sabe que não vale nada a não ser que esteja no mercado.
Se o povo do 1% distribuir todo o dinheiro para os mais pobres, ele não vai valer nada. É MUITO dinheiro, que por “não existir”, não pode voltar para o mercado. Se cada um dos 3,1 bilhões de pessoas que tem menos de 10 mil dólares de riquezas triplicar o que tem, eles vão gastar essencialmente com coisas “reais”. Vai faltar água, comida e equipamentos para satisfazer essas pessoas. Eu sei que é uma sacanagem, mas o dinheiro investido lá no topo, pelos 1% com 40% da renda, não gasta tantos recursos naturais como o que nós, 99%, investimos.
Se o Carlos Slim usar seus 60 bilhões para comprar a Apple, não vai influenciar a quantidade de recursos disponíveis no mundo. Se ele resolver comprar carne para alimentar todos os miseráveis do mundo, não tem vaca, porco e galinha que bastem (não estou nem contando água e vegetais).
Os quase 90 trilhões de dólares dos milionários e bilionários do mundo NÃO pode descer para o resto do mundo. Se todo mundo tiver muito mais dinheiro, e sabemos que esse dinheiro representa basicamente dívidas, TUDO fica TÃO mais caro que é capaz até de aumentar o número de pessoas passando fome. Sem contar que os bancos e as grandes empresas quebram, as pessoas perdem fonte de renda, o Estado quebra.
A economia mundial depende dessa concentração para que a ilusão de valor continue existindo. Enquanto todo mundo acreditar na farsa, a coisa vai andando. Não é nas mãos de quem está esse dinheiro, É o dinheiro. E o sistema é tão nosso quanto dos obscenamente ricos.
Se você toma um empréstimo, se você atrasa sua fatura do cartão, se você ajuda a criar dinheiro, você também está participando do jogo. Provavelmente contra sua vontade, mas mesmo assim. A verdade REALMENTE inconveniente é que o problema do mundo é o excesso de gente, gente pobre que precisa contrair dívidas o tempo todo.
E como tudo isso já está grande demais (a dívida interna americana é de 14 trilhões de dólares, não tem o que fazer, não tem…) para resolver com impostos e incentivos, é apenas questão de tempo até o mercado se auto-regular com mais e mais mega-crises. Previsão MINHA: A economia mundial vai começar a se acertar quando a população da Terra entrar em declínio. Ninguém vai “resetar” o sistema de “dinheiro-dívida” e arriscar quebra-quebra generalizado, além de deposição de inúmeros governantes.
Se tem alguma solução a curto-prazo, ela não está em Wall Street. Ela está em… argh… comunidades auto-sustentáveis baseadas em trocas, como as primeiras da nossa história. Só assim para fugir disso tudo. Como eu não sou hippie, ou hipster (reclamando das injustiças sociais ouvindo seu iPod), sinto muito, mas vou continuar ralando para fazer parte dos 1%. É mais prático, e até me permite ajudar mais gente.
“os milionários e bilionários do mundo concentram quase 40% de toda a riqueza mundial”
Bons tempos.
Caralho, tem comentários aqui que são maiores que o próprio texto…
A questão seria a troca do Ouro, Prata e Diamante pelo quê? Por terras? Por comida? A questão da propriedade da Terra é um eixo. 4 fatores distintos sobre a Economia de Mercado. Mais outro: Alimentação. E outro, mensuração de Biomassa. Criação de Dinheiro Imaginário é um problema, causa desequilíbrio na Balança Comercial.
Sei lá, parece “macrolocalmente” importante também…
**Estava respondendo a argumentação quando o desfavor saiu do ar, tanto que o pontilhamento em itálíco nos trechos do texto do Somir não foi preservado.**
Agora está resolvido… Thanks. Vou continuar…
E é quando fazemos mais uma troca de potencial por segurança/estabilidade. Melhor do que andar com um monte de moeda de ouro por aí é andar com o certificado e trocá-lo por produtos. O dinheiro de papel começa seu legado. O tempo passa, os ourives começam a cobrar uma pequena taxa por essa praticidade (o que todos julgam razoável), e subitamente, o mercado de guardar moedas começa a parecer muito interessante.
Mais ou menos como coloquei acima. E o motivo que levaria a isso é justamente a questão da CONFIANÇA e do CRÉDITO, que viriam a ser a base da economia moderna.
Mais ainda quando esses banqueiros antigos percebem o que tornaria seu negócio o mais lucrativo da história da humanidade: O empréstimo. O ourives tinha moedas de muitas pessoas, podia emprestar para alguém de confiança, e a não ser que todos os donos originais das moedas viessem buscá-las ao mesmo tempo, só precisaria se preocupar com calotes. E até pelas possibilidades bem maiores de acabar enforcado se atrasasse uma parcela, calotes não eram comuns.
A afirmação colocada neste parágrafo é totalmente falaciosa. Os banqueiros não emprestavam pensando meramente em lucratividade, sendo que os juros eram um artificio justamente para reduzir o custo dos riscos e imprevistos, sendo que nestes casos se tinha o bom e velho gerenciamento de risco.
De qualquer forma, o bom gerenciamento de tais riscos por fim acabou por fazer a riqueza de uma parte importante dos que entraram em tal empreitada, até porque no fim, tais recursos eram investidos em ações que viriam a dar resultados produtivos, como no caso de nossa colonização ou mesmo na produção industrial e tecnológica de nossos tempos.
Sem a anuência de nenhum dos depositários, os banqueiros/ourives começaram a lucrar horrores com esse processo de emprestar dinheiro alheio. Principalmente quando perceberam que as pessoas confiavam tanto neles que poderiam simplesmente inventar moedas e emprestá-las. Ele tinha mil no cofre, mas tinha girando no mercado uns dez mil. Era só as pessoas não virem buscar as moedas fisicamente. Os certificados CRIAVAM riqueza sem nenhuma garantia de pagamento. O dinheiro em circulação era basicamente dívida. E não nos esqueçamos de uma regra básica de economia: Quanto mais dinheiro existe, menos ele vale. Quanto menos ele vale, mais caras as coisas ficam. Inflação, seja bem-vinda ao mundo!
Há banqueiros privados que usaram deste expediente, mas tal atitude tem sido mais comum por parte de entes governamentais, em especial em países periféricos (Brasil ou Argentina dos anos 70/80 entram nisso) ou mesmo em estados convulsionados por guerras ou revoluções (casos extremos como o da Alemanha pós primeira guerra ou da Hungria no pós segunda guerra).
E você acha que é isso que ainda acontece hoje em dia? Quem me dera. A coisa engrossa. Enquanto a confusão da “moeda-dívida” só influenciava a iniciativa privada, existia uma certa noção de responsabilidade pessoal. O banqueiro que se virasse com a turba enfurecida se descobrissem. O dinheiro falso sumiria junto com os batimentos cardíacos do espertalhão.
A moeda era conversível em valores em metais preciosos quando do padrão-ouro, sendo que o conceito de moeda-divida em metal não faz mais sentido desde que o mesmo foi abandonado. Mesmo em casos onde foi adotado um modelo de conversibilidade em outra moeda reconhecida como padrão de estabilidade com a adoção de um modelo bimonetário (caso da Argentina dos anos 90), o modelo teve de ser abandonado pela deterioração das divisas em moeda “forte”. A tendência tem sido a adoção de um câmbio flutuante, cuja atuação governamental (por meio dos BCs) tem sido a de tentar evitar que flutuações excessivas afetem a economia interna do país.
Mas governos existem para tornar tudo melhor. Adivinha quem começa a se endividar com os banqueiros para pagar suas dívidas cada vez maiores? (criadas pelos banqueiros, que encareceram tudo) Quando se tocam do que os banqueiros fizeram, é tarde demais. A economia já está girando com o dinheiro de mentirinha dos banqueiros, inclusive os impostos que o povo paga. Se o Estado quebra os banqueiros, os banqueiros quebram o Estado.
Na prática, o governo é o banqueiro-mor no caso dos países onde a moeda é ligada a economia de um país em específico. No caso dos países com a economia atrelada ao Euro ou de certas comunidades de países que adotam uma moeda comum, há a tendência de se ter uma entidade supranacional para regular o estoque de moeda. De qualquer forma, a moeda não é valor e sim uma expressão de valor cuja importância está justamente nas relações de compra e venda executadas na economia cotidiana. Os estados, quando tem as ferramentas devidas a seu alcance, fazem apenas a gestão inflacionária de forma que tal parâmetro (a moeda) permaneça uma forma confiável de auferição de valores.
Alguém poderia ter tomado o remédio amargo no passado, mas o poder é tão sedutor… Para manter o sistema vigente, a solução dos governantes é centralizar de vez a produção de dinheiro e criar alguma regulamentação para os bancos. Mas, novamente, é difícil pressionar muito quem tem o poder de te derrubar. Alguns lugares regulam mais o quanto os bancos podem “inventar” de dinheiro, outros lugares deixam correr solto. (Adivinha o que os países que quebraram desde 2008 faziam com seus bancos?)
A crise não foi baseada simplesmente em “invenção de dinheiro” e sim no inflacionamento de ativos em cima de valores intangíveis que foram inflando com base em uma perspectiva de valorização sempre crescente. Infelizmente, tal perspectiva excedia em muito o potencial de expansão da economia “real”, que é calcada na produtividade. A crise foi causada basicamente sobre esse descompasso entre as perspectivas e a realidade econômica. Convém lembrar que tais bolhas só foram possíveis graças ao ideário da “confiança”.
E nesse processo de centralização, o Estado diz que garante que o ouro referenciado nas notas existe mesmo e pode ser sacado. O que todos sabemos que é mentira. O Estado pode, no máximo, imprimir mais certificados falsos de depósitos para segurar as pontas, não sem ganhar inflação de presente.
Como podemos ver, tal ideário, totalmente fora da realidade, ainda se baseia no velho “padrão-ouro”, que foi totalmente abandonado há 40 anos. A economia mudou bastante de lá para cá, sendo que tal padrão serviu de transição entre a moeda emitida em metal precioso e a moeda que temos hoje, emitida em papel ou em metal vil.
Esse papo de que os governos resolveram só agora salvar os bancos falidos não leva em consideração que todo o nosso sistema financeiro é BASEADO no Estado (ou seja, todos nós) pagar se alguma coisa acontecer aos bancos. Ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. O dinheiro em circulação no mundo é essencialmente empréstimo que banco faz.
E o que o governo faz? Injeta recursos no banco para que a instituição possa lidar melhor com os “calotes” dados por aqueles sem condições de honrar os seus débitos, bem como com os “papagaios” dados em garantia que dificilmente seriam liquidados em valores monetários no curto prazo, em especial num momento de crise. O principal risco ai é justamente o banco tocar a situação como se nada tivesse acontecido, como o jogador que perde tudo no cassino e recorre a banca para continuar jogando.
Quando você tem uma cédula na mão, você não tem exatamente uma representação de valor real, você tem uma promessa de pagamento. Não existem 231 trilhões de dólares em coisas “compráveis” no mundo. É basicamente dívida que vai aumentando por causa de capitalização de dívida. “Eu te pago 10 que eu não tenho hoje, mas se você me cobrar amanhã, eu te pago 20 que também não vou ter amanhã!”
É fato que a moeda em si não tem valor “real”, sendo na prática uma expressão de valor cujo paralelo está justamente no poder de troca por mercadorias na economia “real”. O valor das ações de empresas estratégicas é sobrevalorizado com base na relativa escassez de tais recursos nos pregões, bem como na perspectiva que os investidores do mercado financeiro tem quanto a valorização de tais ações. E a rolagem de dívidas… Bem, este é outro ponto onde a confiança entre os entes na negociação tem importância.
Sério, o nosso sistema econômico é isso. Uma bolha. Se um dos governantes dos países ricos assinar uma lei cobrando 50% de imposto dos milionários, vai simplesmente encher seu cofre de dinheiro de mentirinha. O governo sabe que não vale nada a não ser que esteja no mercado.
Sempre há o recurso da elisão fiscal, colocando alguma sede importante da empresa em alguma localização que permita que a mesma tenha um efeito menor da tributação sobre o seu caixa. E os milionários cuja riqueza se baseia principalmente em ativos de baixa liquidez (imóveis por exemplo) tendem a ter sérios problemas para cumprir para levantar recursos para fazer face a tributação.
Se o povo do 1% distribuir todo o dinheiro para os mais pobres, ele não vai valer nada. É MUITO dinheiro, que por “não existir”, não pode voltar para o mercado. Se cada um dos 3,1 bilhões de pessoas que tem menos de 10 mil dólares de riquezas triplicar o que tem, eles vão gastar essencialmente com coisas “reais”. Vai faltar água, comida e equipamentos para satisfazer essas pessoas. Eu sei que é uma sacanagem, mas o dinheiro investido lá no topo, pelos 1% com 40% da renda, não gasta tantos recursos naturais como o que nós, 99%, investimos.
Ai é que está a racionalização trazida pela corporocracia, que é basicamente o direcionamento do grosso dos recursos financeiros a um grupo limitado de empresas cuja operação implica em maior eficiência do que uma estratégia mais distributiva de tais recursos. É importante lembrar que o risco de malogro entre os pequenos negócios é bem mais alto do que no caso de empresas já bem consolidadas no mercado.
Se o Carlos Slim usar seus 60 bilhões para comprar a Apple, não vai influenciar a quantidade de recursos disponíveis no mundo. Se ele resolver comprar carne para alimentar todos os miseráveis do mundo, não tem vaca, porco e galinha que bastem (não estou nem contando água e vegetais).
O Carlos Slim nesse caso teria a problemática de converter os seus recursos em ações de empresas de telecomunicações principalmente da América Latina para fazer face as condições citadas. No caso da troca em ações da Apple, tal oferta poderia receber uma resposta positiva ou negativa por parte dos controladores de tal empresa. No caso da conversão em commodities primárias, teria que se fazer uma conversão em moeda (o que causaria uma forte baixa nas ações devido a abundância delas no mercado) para depois se converter nas commodities, que tenderiam a ser inflacionadas, dado que tal compra não implicou numa produção anteriormente prevista.
Os quase 90 trilhões de dólares dos milionários e bilionários do mundo NÃO pode descer para o resto do mundo. Se todo mundo tiver muito mais dinheiro, e sabemos que esse dinheiro representa basicamente dívidas, TUDO fica TÃO mais caro que é capaz até de aumentar o número de pessoas passando fome. Sem contar que os bancos e as grandes empresas quebram, as pessoas perdem fonte de renda, o Estado quebra.
Os “dólares” dos milionários e dos bilionários não estão exatamente em ativos monetários, estando muitas vezes ligados a ativos acionários e a propriedades. E na verdade, o valor da riqueza estimado em “dolares” é uma tentativa de referenciar tais ativos na economia real. Se um quilo de laranja tem o valor de um real, não é porque eu tenho cem quilos de laranja que eu tenho cem reais. O que se faz nas listas da Forbes é justamente isso… Contar os quilos de laranja como “reais”.
A economia mundial depende dessa concentração para que a ilusão de valor continue existindo. Enquanto todo mundo acreditar na farsa, a coisa vai andando. Não é nas mãos de quem está esse dinheiro, É o dinheiro. E o sistema é tão nosso quanto dos obscenamente ricos.
As empresas vão mantendo a confiança dos investidores para manter o seu funcionamento e os investidores vão mantendo os seus investimentos nas empresas na medida em que tem confiança em tais negócios. E é o portfólio e as engrenagens produtivas das empresas que mantém a economia produtiva.
Se você toma um empréstimo, se você atrasa sua fatura do cartão, se você ajuda a criar dinheiro, você também está participando do jogo. Provavelmente contra sua vontade, mas mesmo assim. A verdade REALMENTE inconveniente é que o problema do mundo é o excesso de gente, gente pobre que precisa contrair dívidas o tempo todo.
O juro não é mera criação de dinheiro. É na verdade uma forma de lembrar ao devedor da importância de honrar com os seus débitos para compensar o “crédito” fornecido pelo serviço prestado.
E como tudo isso já está grande demais (a dívida interna americana é de 14 trilhões de dólares, não tem o que fazer, não tem…) para resolver com impostos e incentivos, é apenas questão de tempo até o mercado se auto-regular com mais e mais mega-crises. Previsão MINHA: A economia mundial vai começar a se acertar quando a população da Terra entrar em declínio. Ninguém vai “resetar” o sistema de “dinheiro-dívida” e arriscar quebra-quebra generalizado, além de deposição de inúmeros governantes.
Será que o modelo de gestão inflacionária vai ser abandonado com uma eventual queda da população terrestre? O problema é se a queda populacional vier por conta da escassez de recursos de manutenção, o que não romperia com o ciclo, podendo até mesmo recrudescê-lo.
Se tem alguma solução a curto-prazo, ela não está em Wall Street. Ela está em… argh… comunidades auto-sustentáveis baseadas em trocas, como as primeiras da nossa história. Só assim para fugir disso tudo. Como eu não sou hippie, ou hipster (reclamando das injustiças sociais ouvindo seu iPod), sinto muito, mas vou continuar ralando para fazer parte dos 1%. É mais prático, e até me permite ajudar mais gente.
A auto-sustentabilidade vai em contraposição ao modelo hierarquizado do poder corporocrático, sendo que por isso mesmo é improvável tal mudança da água pro vinho.
Com mais e mais gente buscando estabilidade, mesmo abdicando de riquezas maiores, temos muita gente recebendo em moeda e pouca gente controlando os recursos reais. A pessoa do salário em moedas dificilmente vai ficar muito mais rica que seus pares, a pessoa que paga o salário em moedas está com todo o potencial em suas mãos. Potencial é um risco, mas são os riscos que criam os ricos (vice-versa?).
A riqueza não é construida apenas na base de assumir maiores riscos, como também na habilidade de gerenciar recursos de forma a tirar o melhor proveito disso para si e na medida do possível para os seus.
Moeda era valor real, já que vinha diretamente de metais em alta demanda, como prata e ouro. A moeda não precisava estar no formato de moeda para valer alguma coisa. E melhor: A moeda podia ser acumulada para aproveitar oportunidade ou se livrar momentos difíceis. Ela tinha suas vantagens, mas foi a primeira etapa nesse processo de criar o 1%.
O conceito de moeda como "valor real" é um sofisma. A moeda é em si expressão de valor, sendo que o valor real nos tempos do "padrão ouro" por exemplo residia principalmente na quantidade de metal precioso (ouro ou prata) que a moeda possuia, mas isso era principalmente por conta da relativa escassez de tais recursos em meio ao conjunto de recursos disponíveis no mercado.
Não demora muito para os banqueiros aparecerem, quase que por acaso. As pessoas gostam da ideia de deixar suas riquezas em cofres protegidos por guardas, e no passado, eram os ourives (que produziam as moedas em primeiro lugar) que tinham essa estrutura de segurança. Primeiro foram os amigos deles, depois o povão. A pessoa guardava seu ouro no cofre do ourives e recebia um certificado de quanto ela havia depositado.
Oras… Vamos pensar que em nossa sociedade havia muita insegurança e muitos riscos. Cair num engodo ou mesmo ter os seus recursos (em metal precioso) roubados era um grande problema. Até por essa questão se tornou interessante a opção do entesouramento com uma pessoa capacitada sob o pagamento de uma taxa fracionária em troca de um certificado de depósito lastreado na moeda, mas a medida que o tempo foi passando, tais certificados, justo pela escassez de metais, acabaram por se tornar a própria moeda, resultando no sistema monetário que temos hoje. Cabe salientar que tal gerenciamento foi passando com o tempo da mão de particulares para a mão dos governos, sendo que hoje os bancos "privados" são responsáveis apenas pelo gerenciamento dos recursos em depósito, sob gerenciamento dos Bancos Centrais, de controle estatal.
É confortável achar que a culpa desse sistema é só dos ricos, mas nada é tão simples assim. Vamos aproveitar que o povo cabeça-oca já deve ter desistido de ler o texto e voltar no tempo para entender como isso aconteceu. Vivíamos num sistema de trocas simples não faz tanto tempo assim. Qualquer coisa poderia valer como riqueza, desde que alguém a quisesse. Sistema bem básico, mas claríssimo para os envolvidos.
Nem tanto. A riqueza se fundou inicialmente na troca de mercadorias e de trabalho, mas em meio a isso entrou-se também as moedas de troca, que a exemplo das "ações" que citei, tinham o seu valor ligado a escassez do recurso e a durabilidade do bem no meio. Um produto de consumo poderia perecer em pouco tempo, por outro lado, os metais apresentavam boa durabilidade e por isso mesmo viriam a ser a base do modelo de trocas econômicas como moeda de base.
O problema é que sua "moeda" era basicamente só o que você produzia. A pessoa era refém constante da demanda. O mesmo trabalho poderia render valores diferentes praticamente todos os dias. Isso gera insegurança. E quando a humanidade fica insegura, começa a trocar potencial por estabilidade.
Ah, as pessoas estavam sob uma organização social sendo que o foco em produção e na produtividade é uma coisa que foi ter foco recentemente. Se enfocava na produção de artefatos de pedra na sociedade primitiva, mas mais por interesses pragmáticos. O desenvolvimento da agricultura teve lugar já no neolitico e ainda assim por conta da escassez de recursos para fins de alimentação.
O sistema de moeda e empregos, na sua versão mais básica, surge para acalmar essas mentes preocupadas. Não, é claro, sem sua contraparte. Se o pescador vender seu peixe por moedas para alguém que vai redistribuir o peixe, ele tem a certeza de renda baixa, mas consistente. O distribuidor assume o risco das flutuações do mercado, mas quando lucra, lucra bonito.
Aqui já entra o conceito da economia moderna, no entanto, mais e mais gente vem fazendo justamente o caminho contrário, no sentido de ter uma renda maior, ainda que assumindo riscos maiores. As pessoas buscam na medida do possível optar pela solução mais conveniente para manter o seu padrão de vida.
Tanto que atualmente temos um grupo de manifestantes do movimento Ocuppy Wall Street (tradução humorística: Ocupem Parede Rua) ganhando mais e mais atenção midiática, pessoas de "primeiro mundo" pedindo alguma solução para a devastadora crise econômica mundial. Pessoas que se auto-intitulam os "99%" exigem que ricos paguem mais impostos e que os governos passam a gastar mais dinheiro com o povo ao invés de salvar banqueiros.
Mais um bando de ativistas de "esquerda" que fica as sombras do establishment republicano-democrata. Esse grupo é enxergado (com certa razão) como de viés demagógico e ocasionalmente desperta algum interesse na mídia, mas no geral tem poder praticamente nulo no jogo do poder, pelo simples fato que os poderosos no meio político e financeiro não terem o menor interesse de dar trela para essa turma.
Mesmo ignorando meu cinismo habitual (e, porra, é um movimento de hipsters, os iHippies, é muito fácil odiá-los) e concedendo o ponto de que pelo menos estão tentando alguma coisa, é difícil imaginar que a solução para essa crescente concentração de renda e caos econômico esteja apenas a algumas canetadas de distância.
E não está… Não sei se você sabe, mas não se está lidando com "riqueza" real e sim com riqueza estimada, baseada tanto em aspectos tangíveis (estrutura, rendimentos e posição no mercado) quanto em aspectos intangiveis (propriedade intelectual, marca e potencial de desenvolvimento tecnológico por exemplo).
O problema é que o buraco, para variar, está muito mais embaixo. O sistema de moeda da humanidade moderna nasceu torto. Numa "daquelas" analogias: Não é como se desse para acelerar ou frear o carro, o problema é que pegamos a estrada errada. Parecia a escolha certa na hora, mas o nosso modelo de "pensar dinheiro" não é exatamente escalável para uma economia de 231 trilhões de dólares.
Não é questão de estrada errada ou estrada certa. A solução encontrada foi adequada para a racionalização dos recursos naturais, ainda que o controle ao fim fique na mão de um conjunto de conglomerados controlados na prática por poucas pessoas.
Pare e pense um pouco comigo: 231 trilhões de dólares. A pessoas mais rica do mundo, o mexicano Carlos Slim (que curiosamente, é gordo), tem em sua posse uns 60 bilhões de dólares. Tem alguma coisa (à venda) que ele não possa comprar nesse mundo? Se um ser humano consegue chegar nesse ponto com 60 bilhões, 231 trilhões não começa a parecer um valor praticamente imaginário? A triste verdade é que esse dinheiro não está baseado em riquezas e trabalho real, ele é basicamente um monte de dívidas. Dívidas dos 99% no seu processo para tentar uma vaguinha no clube dos 1%.
Carlos Slim é uma dessas cabeças, mas a riqueza dele, estimada em cerca de 60 bilhões, é baseada no valor das ações do conglomerado de empresas no qual ele é acionista. A joia da coroa nesse conglomerado é a America Móvil, que é a controladora da Telmex (privatizada e entregue de porteira fechada para o grupo do Slim) e da Claro por exemplo. Em tempo, se ele fosse tentar capitalizar tais ações no mercado, as mesmas teriam forte baixa, sendo que ao invés dos sessenta bilhões, arriscaria de ele conseguir um valor bem menor que este. Mais vantajoso jogar com a escassez do que jogar com a abundância deste tipo de recurso. Para terminar, se tem o aspecto do pensamento de esquerda explorando a intangibilidade dos valores apresentados como "riqueza".
Um estudo realizado pelo banco Credit Suisse recentemente apontou que os milionários e bilionários do mundo concentram quase 40% de toda a riqueza mundial. E esses milionários e bilionários não representam nem 1% da população mundial. A título de curiosidade: Toda a riqueza mundial soma 231 trilhões de dólares.
E o que importa? Até onde sei, uma pessoa que tenha o equivalente a um milhão de dólares em riqueza estimada não está necessariamente em uma posição de importância vital no jogo do poder, apesar de não poder dizer o mesmo que tenha 1bilhão de dólares em riqueza sob esse mesmo critério. Há vários casos de imóveis e outros bens que em avaliações superam a casa do milhão de dólares ou até mesmo da dezena de milhões, o que mostra que tal parâmetro não necessariamente define o poder de uma pessoa no meio social.
O estudo não está descobrindo a roda ou algo do gênero, sabíamos que a distribuição da renda global era assim há algum tempo. Mas cada vez que sai um deles, o dinheiro parece mais e mais concentrado. Na pesquisa anterior, esses privilegiados somavam 5% a menos de riqueza. O mundo está ficando mais desigual, e isso é um fenômeno generalizado.
Como se a questão da "distribuição de renda" fosse o cerne da questão. Na verdade, a estimativa de valores superlativos de riqueza são baseados no valor estimado de tais bens (ações em especial) no mercado financeiro. E tal valor tende a ser puxado para cima pelo gerenciamento de tais recursos, sempre no intento de manter a escassez em um patamar que mantenha o interesse das pessoas em pagar muito pelo pouco colocado a disposição na bolsa de negociações.
e pensar que jeffrey dahmer tentou resolver, do seu modo, o problema de excesso de gente. Era um visionario.
Suellen
Esse texto faz lembrar o Zeitgeist Movement…
Estive olhando aqui e há divergências pontuais com as colocações do primeiro vídeo da série Zeitgeist.
Mais um texto para os favoritos.
Não concordo com alguns poucos pontos. Mas o texto é muito bem escrito e da uma boa dimensão dos reais problemas que passamos.
Obrigado.
Somir atrasou postagem. Posta sobre o Alicate!
"A verdade REALMENTE inconveniente é que o problema do mundo é o excesso de gente"
Tcharám. And that just rang a bell, didn't it?
Um texto muito bem escrito.
Bem melhor que aqueles bla bla bla da Sally.
Well done Somir.
Ai Somirzinho fala ai da troca de prefeito de Campinas 3 em 2 meses.
Fala do marasmo da corrupção adoidada que assola a antiga cidade das andorinhas hoje cidade das borboletas.
Adorei o post de hoje, Somir! Nunca é demais saber de economia, ainda mais com a sua análise crítica. Obrigada!
Somir curte trollar os outros postando sobre economia. Dá pra rir um bocado.
Anônimo, acho que seria chover no molhado colocar essa da wc (de novo) como desfavor da semana. Prefiro que falem da morte do Gaddafi, do cai-não-cai do Orlando Silva ou do Itaquerão ser escolhido para a abertura da copa do mundo, mas não sei se isso chega perto da monstruosidade do processo caganeira.
Pensando bem… Vamos falar da copa do imundo mesmo. :D
Clap, clap, clap. E imaginar que o mesmo cara da despedida de solteiro é capaz de um resumo assim.
Tem alguns pontos discutíveis na história mas basicamente está tudo aí, e de maneira simples, o que é louvável ao falar de economia.
Realmente a única variável do modelo que pode mudar algo é ter menos gente no mundo. Todo o resto é correr atrás do rabo. No entanto…
As pessoas vivem hoje melhor do que em qualquer período da história da humanidade. Nunca houve tanto bem estar para tanta gente. Expectativa de vida alta, doenças razoavelmente sob controle, violência idem. Existem problemas mas são menores que no passado.A prova é que vagabundo se mobiliza pra fazer passeata através de rede social…por que vagabundo?
Porque quem reclama em NY não é exatamente miserável. E o maior problema não é a concentração de renda e sim o fato de ainda ter muita gente miserável. Se em um extremo o Slim tiver 60 bilhões mas no outro o cara mais pobre do mundo tivesse o que comer e vestir, acesso a saúde e educação, estaria tudo bem. Lembrando ainda que não é o extremamente rico que causa a pobreza do extremamente pobre. Vagabundo está reclamando da coisa errada.
Onde está a pobreza hoje? Coincidentemente onde tem gente pra cacete -Índia, Indonésia, China são exemplos de países com grande contingente de miseráveis ( Brasil não é mais…).
O pior para mim é que esse povo reclamando e culpando Wall Street não tem a solução. Que adianta derrubar o que está aí sem ter algo pra colocar no lugar?
Nemli. Voltemos ao assunto WC
Somir, este texto me soa como deja vu, sendo que a linha de pensamento que coloca nossa economia como baseada nos debts já é constantemente explorada pelo mundo afora.
Os multimilionários citados são meros headers em meio a conjuntura sócio-econômica dos dias de hoje.
A economia contemporânea é mais complexa que um mero arrolamento de debts, a despeito do presente em sua colocação aqui.
Champs, um livro pra ti: "Wealth, Virtual Wealth and Debt", de Frederick Soddy, 1926. Tua postagem de hoje tem tudo para ser considerada neta deste livraço, se você encontrar eu acredito que você vai gostar.
Falou!
Espero que ajude:
https://pt.scribd.com/doc/95145241/Wealth-Virtual-Wealth-and-Debt-by-Frederick-Soddy