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Siago Tomir: Aquela do Maraca…

| Sally | | 18 comentários em Siago Tomir: Aquela do Maraca…

ô coisa de poooobre!Apesar de todas as nossas diferenças, uma coisa Siago Tomir e eu tinhamos e comum: mau gosto para futebol. Nós, que nos dizemos cabeças pensantes e eltite, não apenas gostamos de futebol a ponto de perder o controle e xingar quem não está nos ouvindo como ainda escolhemos os dois times mais “diferenciados” do país para torcer: Corinthians e Flamengo.

A idéia de ir a um Flamengo x Corinthians me pareceu bacana, já que Siago até então não conhecia o Maracanã. Grandes bosta o Maracanã, se você não conhece, não perde nada. Mas já que ele estava no Rio de Janeiro mesmo, me pareceu um programa bacana. E seria, se Siago Tomir não fosse Siago Tomir.

Para quem não conhece a torcida do Flamengo, eles não são muito receptivos com torcida adversária, principalmente quando esta se encontra em um número consideravelmente menor. Para quem não conhece a Polícia do Rio de Janeiro, ela não é muito receptiva com paulistas. E para quem não conhece o Maracanã, em jogos de grande rivalidade não existe uma área neutra para o povão onde se possa juntar integrantes das duas torcidas sem colocar em risco a integridade física de um deles. Tudo isso foi devidamente avisado a Siago Tomir quando ele apareceu com uma camisa do Corinthians disposto a ir ao Maracanã assim.

Sally: Você vai morrer. Eu não estou brincando, você vai morrer.

Siago: Não é exagero seu?

Sally: Não, não é exagero meu, você vai morrer antes mesmo de entrar no estádio

Siago: Ok, se eu colocar uma blusa vermelha, a facção rival do Comando Vermelho me espanca?

Sally: Coloca uma camisa da Seleção Brasileira que não tem erro

Siago: Ok, depois é só você apagar a sua tatuagem e a gente pode ir!

Era verão. Verão no Rio de Janeiro quer dizer temperatura elevada. Verão no bairro onde fica o Maracanã quer dizer temperatura desumana. Siago Tomir estava todo vermelho reclamando do calor antes mesmo de entra no estádio:

Sally: Sério que você está com calor? Não tá calor não, tá frio!

Siago: Você está falando sério?

Sally: Não, mas quando eu reclamo do frio de Campinas você sempre diz que está calor, achei que seria legal retribuir…

Siago: Lá dentro pelo menos a situação deve melhorar, a arquibancada fica elevada…

Sally: HAHAHAHAHAHA

Siago: Que foi?

Sally: Lá dentro é um calor DO CARALHO

Siago: Sério?

Sally: uma maçaroca de concreto que esquenta pra cacete e de brinde ainda bate o sol na sua cara!

Siago: *palavrões

Sally: Sem contar a massa suada a meio centímetro de distância…

Siago: *palavrões

Sally: Ah, sim… os torcedores que estão do seu lado te abraçam quando o Flamengo faz gol, mesmo sem te conhecer. Abraço suaaado…

Como Siago Tomir demora mais do que uma noiva para se arrumar, acabamos chegando mais tarde do que eu gostaria e já havia uma aglomeração nos portões de entrada. A torcida do Flamengo cantava músicas ofensivas aos paulistas e ao Corinthians. Toda a suposta camaradagem dos dois times foi esquecida naquele dia. No meio de uma das músicas havia uma informação depreciativa que, segundo Siago, estava errada. No que ouviu isso Siago gritou, quase que de forma automática:

Siago: EEEI!

Realiza: Siago, branco feito um giz, no meio de uma multidão “diferenciada” e raivosa se espremendo na entrada do estádio. Depois que ele gritou o “Eeei!” em tom de discordância do que estava sendo dito na música, os mais de cinco mil torcedores que se espremiam na entrada se calaram e olharam de cara feia para ele.

Sally: Eeei! Eeei! Eeei! Flamengo é o nosso rei! Eeei! Eeei! Eeei…

Meio desconfiados, os populares começaram a cantar junto, enquanto eu olhava para Siago Tomir de cara feia. Siago era uma bomba relógio, pois sua distração constante poderia causar um incidente a qualquer momento. Ele tinha essas reações espontâneas, tipo criança, de primeiro falar e depois pensar se aquilo era apropriado para o ambiente. Depois que entramos, puxei um papel e uma caneta da bolsa, escrevi um bilhete e entreguei a Siago:

EU ESTOU NO MARACANÃ, EM UM JOGO DO FLAMENGO, E SE FALAR ALGUMA COISA ERRADA EU POSSO MORRER. NÃO QUERO MORRER, LOGO PENSAREI ANTES DE FALAR.

Siago: O que é isso?

Sally:

Siago: Já li

Sally: Agora fica segurando esse papel

Siago: Porque, se eu já li?

Sally: Porque você não retém informações na sua mente, você é igual a aquele peixinho do Procurando Nemo, então, o incômodo de segurar o papel na mão vai te lembrar de pensar antes de falar

Siago: Sério isso?

Sally: Muito sério, porque desta vez, se você fizer merda, eu morro junto

Siago: Tanta desconfiança me ofende. Porque você não confia em mim?

Comecei a enumerar as maiores merdas que ele já havia feito e ele se calou.

Antes de entrar no estádio, havia uma revista da polícia. Hoje até que a coisa é mais bem feitinha, policiais mulheres revistam as mulheres e policiais homens revistam os homens, mas naquela época não era bem assim. Um policial homem foi me revistar e Siago Tomir surtou e reclamou com seu sotaque paulista, o que em um dia de jogo contra um time de São Paulo não é uma coisa boa:

Siago: Meu! Onde já se viu homem revistar mulheRRRRRR?

Os policiais todos se entreolharam. Os torcedores que estavam entrando se calaram. O cheiro de merda pairava no ar.

Sally: PARA! COISA MAIS SEM GRAÇA FICAR IMITANDO PAULIXXXXTA, MERRRMÃO! Já falei pra você parar com isso!

Todos riram. O que eles tem de violentos, tem de burros. No caminho para a arquibancada eu teria rezado se soubesse rezar.

Sally: Você não pode falar

Siago: PORQUE?

Sally: PoRRRRRRque?

Siago: Vou ter que ficar calado?

Sally: Ou falar imitando carioca, o que você preferir

Siago: Máááixxxx que mééérrrrda, mééérrrrmão

Sally: Ainda dá tempo de voltar e ver em casa

Siago: Nem pensarrrrr méééérrrmão

Sally: Não sou o seu irmão

Siago: Não ixxxquenta!

Subimos no setor da torcida organizada à qual eu sou filiada, aquela que é a maior torcida organizada do Brasil. Ficamos logo atrás do gol. Procurei por um dos chefões da torcida, perdão, um dos “organizadores” (cof! cof!) que respondia pelo carinhoso apelido de “Morte” e pedi proteção, dizendo que meu namorado era paulista mas que não era corintiano, estava apenas querendo ver um jogo no Maracanã.

Sally: Só pra evitar mal entendido, tá? Ele torce pro Santos

Morte: ahãn

Sally: Então, se ele falar alguma coisa com sotaque, não fica pensando que eu trouxe torcedor do time inimigo pra cá…

Morte: ahãn

Sally: É um programa meramente turísitico, ele queria conhecer o estádio, a torcida… e quer ver o Corinthians se ferrar, ele odeia o Corinthians!

Morte: ahãn

Sally: Então tudo ok se ele soltar alguma palavra que outra com sotaque de paulista?

Morte: Não, ele vai morrer

Sally: Mas eu já te expliquei…

Morte: Explica pra cem mil pessoas *apontando para a arquibancada

Siago Tomir apenas sorria e analisava as cicatrizes que Morte tinha em sua cara tal qual uma criança que não consegue disfarçar quando está olhando para algo diferente. Olhava e entortava a cabeça analisando, como cachorro tentando entender o que o dono fala. Só parou quando dei uma cotovelada de leve em suas costelas. Siago fez sinal como quem quer uma caneta e eu lhe dei a minha caneta. Começamos uma espécie de MSN manual, no verso do papel onde eu escrevi para ele calar a boca:

Siago: Escrever pode?

Sally: Pode, duvido que alguém aqui saiba ler

Siago: Seu amigo está armado

Sally: Está?

Siago: Está, coloca os óculos e olha para a cintura dele

Estava mesmo, ostensivamente.

Siago: Você eles revistam, o “Morte” não. Palmas para a polícia carioca

Sally: Duvido que o Morte tenha entrado pelo portão da frente, o Morte é procurado pela polícia, foi condenado a mais de vinte anos de prisão. Deve ter pulado o muro

Siago: Ainda dá tempo de voltar para casa?

Sally: Não

O sol estava batendo nas nossas cabeças. Siago Tomir suava mais do que o normal. Passou um vendedor ambulante e Tomir fez sinal para que eu compre algo para ele beber. Chamei o vendedor e pedi uma água e ele disse que não tinha água, só tinha cerveja. Tentei refrigerante, mate ou qualquer coisa sem álcool, mas todos os vendedores ambulantes que passavam só tinham cerveja.

O jogo estava prestes a começar, seria muito difícil comprar alguma coisa nas próximas horas. Eu estava no dilema de deixar Tomir ter um troço de sede ou permitir que ele beba álcool. Normalmente álcool já tem um certo efeito inibidor do senso de repressão de uma pessoa, mas no caso de Siago seria ainda pior, porque ele não bebe regularmente, então, com duas cervejas pode ser visto sambando com a cueca na cabeça.

Olhei para Siago e ele parecia mal. Não estava acostumado a tanto calor e parecia tonto e prestes a desmaiar. Achei que era melhor o risco dele morrer de pancada do que a certeza dele morrer desidratado e comprei duas latas de cerveja gelada depois de ele jurar (fazendo que “sim” com a cabeça) que não abriria a boca até que chegássemos em casa. Esse é um defeito meu que persiste até os dias de hoje: confiar em Siago Tomir. “Não se preocupe em escrever um texto reserva para amanhã, com certeza eu vou poder postar” e coisas assim me convencem até hoje. Eu juro, não sou eu que sou idiota, ele é que é tremendamente convincente.

Quando o Corinthians entrou em campo, Tomir escreveu: TIMÃO, Ê-O!TIMÃO Ê-O! e me entregou o papel. Minutos depois, o Flamengo entrou em campo e a torcida toda fez o que costuma fazer, cantou um por um o nome de todos os jogadores e depois entoava músicas que misturavam ameaças, ofensas e até mesmo apologia a crimes. Uma pequena torcida do Corinthians se amontoava nas cadeiras localizadas abaixo nas arquibancadas, porque a ferocidade é tanta que nem mesmo a PM se garantiu de deixar ambas as torcidas tão próximas.

Siago se comportou razoavelmente bem no primeiro tempo, mas no intervalo a confusão começou. Ele sussurrou no meu ouvido:

Siago: onde fica o banheiro?

Sally: Você não vai querer usar o banheiro daqui…

Siago:

Sally: Já ouviu a expressão “banheiro de Maracanã” para designar um lugar IMUNDO?

Siago:

Morte: Qué mijá, Mermão?

Siago: *fazendo que sim com a cabeça

Morte: *estendendo um saco plástico para Tomir

Siago: *pegando o saco, receoso

Morte: Quando acabar, fecha e joga naqueles filha da puta lá embaixo! *apontando para a torcida do Corinthians

Siago: *engolindo seco

Sally: Sabe o que é, Morte… eu também quero usar o banheiro, ele vem comigo rapidinho e já já a gente volta, tá?

Saímos em direção aos banheiros.

Sally: Tô falando que é impraticável

Siago: Sally, eu mijo de pé!

Sally: Você sabe levitar? *apontando para a entrada do banheiro

Siago: Isso não é…

Sally: É sim, é mijo jorrando porta afora

Siago: *palavrão

Sally: Não dá para segurar?

Siago: Dá pra ver que você não bebe cerveja…

Sally: Então faz em qualquer outro canto!

Siago: Você quer que eu mije fora do banheiro em um lugar policiado?

Sally: A polícia não liga, todo mundo faz

Siago: Mas…

Sally: Psssiu! Fica quieto que tá vindo um grupo de torcedores do Flamengo!

Fomos procurar um lugar “urinável” que não fosse muito público. Demos algumas voltas até que Tomir decidiu descer uma rampa e usar uma árvore. Fiquei esperando do lado de cima da rampa. Na volta, ele subiu sozinho, quando cruzou com um grupo de torcedores do Corinthians

Torcedores: TomirRRR!!!

Sally: *dando um tapa na própria testa

Siago: *olhando sem saber o que fazer

Torcedores: TOMIIIIIIIIRRRR! TOMIIIIR!

Eram integrantes da torcida organizada do time DELE. Tomir não quis fingir que não conhecia e foi falar com eles. No que ele está batendo papo com o inimigo, aparece um torcedor do Flamengo e fica olhando. Outro torcedor chega. Outro, e mais outro e quando ele percebeu tinha uma massa de torcedores olhando de cara feia. Os torcedores do Corinthians jamais poderiam ter saído de suas cadeiras, naquela época era suicídio desfilar assim pelos corredores. Quando percebi, a massa de torcedores do Flamengo estava indo na direção do Tomir e cia com uma atitude nada pacífica. Corri na frente deles.

Sally: VOCÊ TÁ AÍ, SEU FILHO DA PUTA!!! *batendo no Tomir

Siago: *olhando com cara de espanto

Sally: EU VI VOCÊ ME TRAINDO E AGORA VOU TE MATAAR! *batendo mais ainda no Tomir

Siago: *imóvel

Comecei a gritar, bater e chutar o Tomir. Os torcedores do Flamengo pararam onde estavam. Por mais corajoso que seja um homem, todos tem medo de mulher fora de si, sem contar que eles estavam se divertindo com a humilhação do Tomir. Ficou todo mundo olhando sem entender muito bem. Os torcedores do Corinthians, mais ainda.

Sally: VOCÊ VEM COMIGO A-GO-RA QUE A GENTE VAI ACERTAR AS CONTAS! *chutando o Tomir

Siago: *imóvel

Peguei o Tomir pelo braço e subi toda rampa aos berros dando muita porrada nele: tapa na nuca, chute, tapa nas costas e tudo que vocês possam imaginar. Todo mundo parou para ver. Arrastei ele até a entrada da arquibancada xingando ele sem parar e dizendo que eu ia matar ele. Depois que a gente saiu, os torcedores do Flamengo enfiaram a porrada nos torcedores do Corinthians, um deles teve até traumatismo craniano.

Sally: Olha lá! Olha lá! Você podia estar no meio! *apontando para a confusão

Siago: Vai deixar isso acontecer? Temos que chamar os policiais!

Sally: ALOOU? RIO DE JANEIRO, MADAME! Você não está em São Paulo!

Siago: Eu vou lá…

Sally: NÃO VAI NÃO!

Tomir começou a andar na direção dos amigos e eu me pendurei nele tentando impedir que ele ande. Quando ele se soltou, pulei nas costas dele e ambos caímos no chão.

Siago: Você tá maluca?

Sally: EU? EU? EU TÔ MALUCA? Eu que quero ir peitar uma multidão enfurecida? Eu vou começar a te bater de verdade aqui!

Siago: Olha, a polícia chegando!

Sally: Ótimo, tá tudo bem, vamos para a arquibancada JÁ que o jogo vai recomeçar…

Antes de entrar no túnel para subir nas arquibancadas dei uma última olhada e vi a polícia ajudando os flamenguistas a bater nos torcedores do Corinthians.

Sally: Não vamos ficar na torcida organizada, vamos ficar aqui, DO LADO DA SAÍDA, pro caso de você fazer alguma merda

Siago: Eu não fiquei quieto no primeiro tempo?

Sally: Pssssiu! Tamos chegando, não quero que escutem você falando paulistês!

Começou o jogo. Tomir sofria em silêncio, até que o Flamengo fez um gol.

Siago: PUTA QUE PARIU!

Sally: PUTA QUE PARIU, QUE GOL LINDO! *dando uma cotovelada no Tomir

Logo depois do gol do Flamengo, a torcida começou a cantar coisas ainda mais ofensivas. Não demorou muito e os torcedores do Corinthians começaram a se irritar e jogar coisas na torcida do Flamengo, que retribuía o favor. Começou aquele clima estranho, que quem frequenta o Maracanã sabe, um clima meio guerra civil. Policiais no alto correndo com fuzil na mão, policiais com cães começando a entrar do nada, policiais montados em cavalos na porta do estádio.

Siago: o que está acontecendo? *sussurrando

Sally: Me dá a mão, vamos sair daqui

Siago: mas…

Sally: AGORA

Como os torcedores do Corinthians estavam arrancando as cadeiras e as grades para jogar nos Flamenguistas, a polícia entrou no meio da torcida do Corinthians e começou a bater. Da arquibancada a gente só via corintiano voando que nem pipoca. Nisso, a torcida do Flamengo conseguiu invadir a área da torcida do Corinthians. Quando estávamos descendo a rampa começamos a ouvir tiros

Siago: Fogos?

Sally: Tiros. Corre

Siago: Como você sabe?

Sally: Acredite, morador do Rio de Janeiro SABE diferenciar barulho de tiro!

Siago: Sabem?

Sally: Sim

Siago: Que merda de cidade…

Começamos a correr e quando chegamos no portão para sair, estava cheio de policiais montados em cavalos e estava tento ainda mais confusão, porque metade dos corintianos estava tentando fugir também

Sally: Fudeu

Siago: Desmaia

Sally: Hã?

Siago: Desmaia que eu te carrego e a gente sai

Sally: Mas carrega sem falar nenhuma palavra com R!

Fingi que desmaiei e Tomir começou a me carregar para o portão. Claro que ele não podia simplesmente agradecer acenando com a cabeça, ele tinha que flertar com o desastre. Alma troll é uma merda.

Siago: ELA DESMAIOU MERRRRMÃO! POAAARRRAAAA!

Policial: Pode passar por aqui. Precisa de ambulância?

Siago: NÃO IXXXQUENTA MERRRMÃO, em DÉÉIXXXX MINUTUXXXX ELA ACORRRRRDA

Sally: *beliscando as costas do Tomir

A conversa dele com o policial durou uns dois minutos, mas me pareceu uma eternidade porque eu estava morrendo de vontade de rir do carioquês do Siago. No final das contas deixaram ele sair de forma preferencial me carregando. Quando estávamos do lado de fora, um dos Flamenguistas gritou lá de cima, apontando pro Siago:

Flamenguista: Olha o corintiano ali!!!

Em vez de fingir que não viu, Siago Tomir teve a atitude madura de virar e mostrar o dedo médio. Pronto, uma massa de gente começou a descer correndo na nossa direção.

Sally: PORQUE? PORQUE?

Siago: Eles não vão passar pela polícia…

Peguei o Tomir pelo braço e obriguei ele a correr até a avenida principal, onde chamei um táxi e entramos correndo.

Siago: Meu carro… ficou lá

Sally: Agradece que a confusão foi no meio do jogo! Se fosse no final, o trânsito estaria parado!

Siago: Qual é o problema? Eles não iam passar pelos policiais

Sally: Olha pra trás!

Quando ele virou, viu uma massa flamenguista enfurecida correndo, alguns armados

Siago: COMO?

Sally: RIO DE JANEIRO!

Justiça seja feita, hoje em dia o Maracanã está menos pior.

E como se tudo isto não tivesse sido ruim o bastante, o pior veio semanas depois, quando tive que encarar os olhares de reprovação de alguns amigos do Tomir que estavam presentes naquele jogo e me viram xingando ele, batendo e dizendo que ele me traiu. Até hoje eles dizem ao Tomir que a melhor coisa que aconteceu na vida dele foi o fim do nosso namoro.

Para dizer que você é morador do Rio e sabe até diferenciar o calibre da arma pelo som do tiro, para dizer que a Copa do Mundo no Maracanã vai ser extremamente divertida ou ainda para dizer que eu devo ter perdido uns dez anos de vida por causa do estresse desse namoro: sally@desfavor.com


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