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Ele disse, ela disse: Comendo em casa.

| Desfavor | | 15 comentários em Ele disse, ela disse: Comendo em casa.

Você é livre! Para continuar acorrentada...Mais um capítulo na guerra dos sexos do desfavor. Sally e Somir discutiam sobre filhos(as) levando namoradas(os) para dormir na casa dos pais. Ele disse que filhas deveriam ter menos liberdade para isso, ela teve certeza que isso viraria uma coluna.

Tema de hoje: Filhas tem menos direito de levar namorados para “dormir” em casa?

SOMIR

Sim. Não digo que é para NUNCA aceitar que a sua filha tem um relacionamento que presume sexo, eu estou defendendo regras mais rígidas para ela. E isso tem tudo a ver com a facilidade com a qual homens e mulheres conseguem parceiros sexuais.

Para um homem ser um garanhão ele precisa ter pelo menos alguma característica especial: Ou o cara é muito bonito, ou é bom de papo, ou é talentoso ou tem muito dinheiro. Ele tem a capacidade de cativar e convencer várias mulheres a fazer sexo com ele.

Para uma mulher dar para vários homens, ele tem que ter pelo menos… uma buceta. Existem vadias feias, burras e pobres. Não existem garanhões feios, burros e pobres. Hoje, na era do politicamente correto, parecem ignorar que tem diferença sim. E não é necessariamente uma coisa ofensiva para as mulheres em geral. Estou apenas dizendo que conseguir vários parceiros sexuais é mais FÁCIL para uma mulher.

Não vejo motivo de orgulho em algo que se conquista só por… estar lá. Se uma mulher quer usar sua atratividade como instrumento de sucesso na vida, ela tem que pelo menos se cuidar. E isso exige sorte e esforço, principalmente esforço.

Se uma mulher quer se validar fazendo sexo com muitos homens, ela só precisa dizer sim. E aqui surge uma grande armadilha se resolvermos igualar homens e mulheres: Ela vai achar que é especial porque muitos homens desejam fazer sexo com ela pelos mesmos motivos que os homens que conseguem isso se sentem.

O pegador NECESSARIAMENTE tem alguma característica que vai impulsioná-lo na vida fora dos lençóis. Não se cativa tantas pessoas à toa. A pegadora nem sempre, pode ter sido apenas dificuldade de dizer não.

E é justamente nesse armadilha que eu não quero que uma filha minha caia. O problema não é fazer sexo, o problema é depender dele como ferramenta de validação. Prefiro tomar decisões inteligentes do que ser visto como moderninho por um bando de estranhos. Afinal, a pessoa que mais importa na criação é o filho.

Quando os pais liberam geral para o filho, ele ainda tem que se virar para conseguir ser atrativo o suficiente para rebocar as menininhas para casa. Se fizerem o mesmo com a filha, acaba o único obstáculo.

Com as mesmas regras, filhos e filhas apresentam resultados muito diferentes. Afinal, homens e mulheres SÃO diferentes. Filhos não são seres ideais criados dentro de uma bolha, eles estão em contato direto com o mundo. Pais espertos entendem isso e sabem prepará-los para a realidade lá fora. Quando você coloca regras um pouco mais rígidas para a filha, você equilibra o ambiente.

E não vamos cair na ilusão de que só porque está em casa que não vai aprontar nada. Seja como for, o casalzinho vai se trancar num quarto e fazer o que bem entender. E aí que a aprovação paterna pode criar uma falsa sensação de segurança. A confiança que você deposita na filha pode “respingar” no parceiro dela. Numa dessas, ela pode ficar distraída o suficiente para topar “só umazinha sem camisinha, vai?”…

E quem engravida é homem? Sally escreveu um texto inteiro vitimizando as mulheres na questão da camisinha, não pode contra-argumentar sobre isso.

Nos arriscamos mais quando o ambiente é conhecido e seguro. Se os pais usam um critério irresponsável para fornecer essa segurança, os filhos estão muito mais propensos a fazer merda. Criação básica: Não é o que você diz, é o que você faz. Filhos imitam.

Os pais tocaram o foda-se e demonstraram que a filha é EXATAMENTE igual ao filho? Ela vai reagir assim. E boa sorte lidando com uma mulher que acha que é homem. Ela vai assumir riscos que não combinam tão bem com ela. A prática caga e anda para a pose de moderninho.

Quando for falar sobre este assunto numa roda de amigos, repita o discursinho da minha CARA, as pessoas se acham evoluídas por pensar assim, mesmo que não tenha base lógica (e até parece que vivemos num mundo onde as pessoas ligam para lógica).

Mas quando for criar um ser humano, use a cabeça. Conheça o mundo ao seu redor e adapte-se. Não é para acorrentar a menina no pé da cama e exigir que ela se torne uma freira, é para tomar um cuidado específico com um risco que se faz mais presente na vida de mulheres.

Muito me admira que a turma que cai matando nos pais que abandonam os filhos na mão de babás e creches quando pequenos ache bacana dizer um “se fode aí” para os filhos depois que eles crescem um pouco mais. Adaptar regras ao gênero do filho é uma medida de preocupação. É cuidado.

Aposto que vão dizer que não adianta nada mudar as regras que as filhas vão fazer o que bem entender do mesmo jeito e até pior por causa da proibição. Novamente, realidade: Exagero atrai exagero. Mulher que faz MUITA merda o faz por ausência ou excesso de cuidado dos pais. Eu advogo uma preocupação no meio termo, com a única diferença que os padrões para definir uma relação segura para a filha devem ser mais severos que para o filho. Equilibrando uma diferença básica entre os sexos.

Não precisamos de regras especiais para equiparar o acesso aos direitos básicos de várias minorais? Direitos iguais não significa acreditar piamente que todos são iguais. E se você acha que minha argumentação é machista, azar o seu. De verdade.

Para dizer que faltou machismo para compensar o atraso, para dizer que entender o meu ponto de vista exige trabalho mental que você não está disposta a realizar, ou mesmo para se iludir achando que seu exemplo pessoal reflete toda a humanidade: somir@desfavor.com

SALLY

Vejam que a questão aqui não é se seus filhos que moram com os pais podem levar namorados para dormir em suas casas, a questão é se filho homem e filha mulher tem este mesmo direito!

Existe quem não permita de forma igualitária: ninguém pode, nem filho homem nem filha mulher, quando quiserem dormir com alguém que se casem ou então que saiam da casa dos pais. Ok. Existe ainda quem permita ambos, tanto o filho homem quanto a filha mulher podem trazer seus namorados para dormir na casa dos pais. Ok. Mas existem pessoas pancadas da cabeça que fazem distinção e permitem que apenas o filho homem traga namoradas para dormir em casa. Não ok.

Posso saber porque a idéia de que seu filho faz sexo ou tem um parceiro é menos desagradável do que o mesmo pensamento envolvendo sua filha? Isso ultrapassa o machismo. Seria territorialismo masculino? Seria uma coisa meio primitiva de se sentir incomodado com outro macho no seu território? Para tentar encontrar a resposta, façamos um breve exercício mental.

Se a questão está realmente ligada ao sexo do filho ou da filha, o que aconteceria se o seu FILHO quisesse levar um NAMORADO para dormir na sua casa? E o que aconteceria se a sua FILHA quisesse levar uma NAMORADA para dormir na sua casa? Tudo se inverteu, né? É mais fácil tolerar a filha com namorada do que o filho com namorado, né? Acho que a questão tem mais a ver com o sexo do parceiro do que do filho. Homem não gosta de outro homem na sua toca. Babaquice pura!

Ainda que exista alguém não influenciado por esse territorialismo, preocupado apenas em preservar o “bom nome” da filha, continua sendo babaquice. Essa nova geração está começando sua vida sexual cedo demais para poder pagar por ela. Adolescentes de 13, 14 anos (na melhor das hipóteses, 15 ou 16) não tem dinheiro para pagar motel, anticoncepcionais, exames médicos regulares ou qualquer outra despesa relacionada. Ilusão pensar que se você não cooperar com sua filha ela simplesmente não vai fazer sexo. Vai sim, só que na precariedade. Bela forma de preservar sua filha!

Vai fazer sexo dentro de um carro parado em uma rua deserta, dentro de um banheiro público ou até mesmo no play ou na escada do seu prédio. Sabe-se lá em que condições. Periga até ser flagrada pela polícia e conduzida a uma delegacia. O que é mais constrangedor? O namorado da sua filha dormir na sua casa ou ter que tirar sua filha da delegacia porque ela estava fazendo sexo na rua? Por mais desagradável que seja ter sua filha fazendo sexo na sua casa, proibi-la costuma gerar conseqüências ainda piores.

Sem contar o ressentimento que se cria ao permitir que o irmão durma com a namorada e proibir a irmã de fazer o mesmo. O que se ensina com esta contradição? Que a irmã tem menos discernimento, por isso seu namorado não pode dormir com ela? Que a irmã é mais fraca, por isso precisa de proteção extra? Que ser mulher é uma merda e é normal ser tratada de forma injusta por ser mulher? Vão se foderem! Ou pode todo mundo, ou não pode ninguém!

Se você tem um problema mental qualquer que te faz sentir desconfortável com o fato da sua filha ter crescido e estar fazendo sexo, parece mais lógico rever sua postura e se adaptar à realidade do que puni-la expondo suas experiências sexuais a riscos desnecessários. E sim, se o namorado da sua filha dormir na sua casa, eles VÃO FAZER SEXO. Não se engane, quartos separados não fazem a menor diferença. Hipocrisia essa coisa de quartos separados.

Porque ainda tem dessa: muitas vezes o namorado da filha pode dormir na casa, mas em quartos separados, enquanto que o filho pode se trancar com a namorada no quarto. Continua injusto. Se você pensa que fazendo isso está preservando sua filha, está muito enganado. Os valores hoje não são mais os mesmos e não é demérito para ninguém fazer sexo de forma notória. Na verdade você está preservando a você mesmo, do incômodo de ter que assumir que sua filha faz sexo. Tem gente que prefere não pensar sobre algumas verdades inconvenientes, mesmo quando elas estão lá. Se não admitir para si mesmo, não precisa lidar com incômodo, né? Negação é uma arte!

Por isso não acreditem em quem diz que este tratamento diferenciado é para o bem da filha. Não é proteção nem cuidado, muito pelo contrário, esta diferenciação acaba é colocando sua filha em risco, pois a sujeita a ter que fazer sexo “como der”. Adolescentes são incontroláveis, se eles quiserem, eles vão fazer sexo, não importa o quanto você tente controlar ou proibir. O tratamento diferenciado é para o bem dos pais, que não estão prontos para admitir que a filha faz sexo. Preferem que ela faça sexo de forma precária ou hipócrita do que mudar sua postura.

Muitas vezes os pais são tão hipócritas que até permitem que a filha durma na casa do namorado, mas não o inverso. Permitem de forma assumida ou velada, quando a filha diz repetidas vezes que vai dormir na casa de uma amiga eles sabem, no fundo, onde ela realmente está. Consentem o sexo, só não querem ter que lidar com isso de forma direta debaixo do seu nariz.

O correto é estabelecer um critério igualitário: idade, tempo de namoro ou qualquer outra coisa que valha para ambos os sexos e utilizá-lo como forma de autorização para dormir na sua casa. Ensinar a seus filhos um pouco de justiça e igualdade não vai fazer mal a ninguém. Mulher é diferente de homem em muitas coisas e precisa de proteção em muitas coisas, mas não em matéria de sexo! Fazer sua filha acreditar no contrário vai cagar todos seus relacionamentos futuros.

E se você não consegue aceitar de jeito algum a idéia da sua filha dormindo no mesmo quarto de um namorado debaixo do seu teto, bem, seja coerente e não permita que seu filho o faça.

Para dizer que sofre por concordar com o Somir, para dizer que em tese meu discurso é lindo ou ainda para dizer que este texto é desagradável e prefere não comentar: sally@desfavor.com


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