Ele disse, ela disse: À solta.
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Antes da tempestade, a calmaria… Ou não. A tradição da despedida de solteiro é muito comum, mas nem tão comum é a opinião sobre a “segurança” de uma comemoração do tipo.
Tema de hoje: Despedida de solteiro, aceitável?
SOMIR
Sim. Eu nem diria que é muito defensável, é mais um daqueles rituais não muito lógicos que assolam a raça humana, mas não é como se uma despedida de solteiro fosse mudar alguma coisa. As pessoas são o que são, mesmo que você ainda não tenha percebido.
Compreendo que não seja lá um ambiente muito salutar para uma relação baseada em fidelidade, só que a vida é cheia dessas situações. Se não conseguir se controlar numa despedida de solteiro, faria merda de qualquer outro jeito.
Mas não nos apressemos… Vamos desmistificar um pouco essas despedidas de solteiro. Na hora de apontar os riscos, a pessoa resolve imaginar que todos estarão absurdamente bêbados na companhia dos exemplares mais belos e sensuais do sexo oposto deste mundo. Pode valer para aquele filme que você viu, mas não é assim que a banda toca na vida real.
As coisas tendem a ser mais toscas. Dinheiro não dá em árvore. Os pombinhos costumam estar enforcados com as dívidas comuns da época, os amigos mais chegados já estão encarando os custos dos presentes… Não é como se tivesse dinheiro sobrando para trazer uma daquelas capas de revista para esfregar suas genitálias na cara de todo mundo. E os “colegas”, aqueles que só estão lá para filar bebida, bom… eles não estão muito afim de fazer investimentos para começo de conversa.
Se alguém contratar stripper, boas chances de acabar com uma figurinha doida de vontade de terminar logo o serviço para pegar o próximo cliente. Pode até ter seus apelos, mas a situação realmente não joga muito a favor. Procedência duvidosa e muitas testemunhas inibem uma pessoa.
Percebam que eu disse SE alguém contratar stripper. Lembramos que é vida real e não filme? Bacana… Continuando.
Tudo bem que encher o caneco faz parte da premissa da despedida de solteiro, mas a não ser que você seja adolescente ou nunca beba, vai ter uma noção razoável de quando demais é demais. E além disso, a medida de manguaça na cabeça necessária para fazer péssimos valores de juízo E ter capacidade de levá-los em frente é mais estreita do que se imagina. O cidadão ou cidadã não vai tomar meia dúzia de cervejas e sair fazendo coisas inacreditáveis… Gente acostumada a beber aguenta muito mais e gente desacostumada começa a vomitar e querer desmaiar muito rápido.
Se está prestes a casar, presume-se que não seja mais uma criança. Tem que ter noção de quanto álcool o corpo suporta na média. Gente que não é capaz de definir se está bebendo demais tem nome: Alcoólatra. O resto sabe e escolhe se vai continuar.
E não podemos esquecer que não se faz uma despedida de solteiro sozinho(a). Só faltava me dizer que não vai ter uma porra de um amigo(a) para pelo menos chamar a atenção de quem está prestes a fazer uma cagada? Infantilidade achar que todos os amigos e amigas da pessoa com a qual você namora querem ver o circo pegar fogo. Às vezes um “pensa bem nisso que você vai fazer…” já faz a pessoa voltar a um mínimo de bom senso. Eu sei que porque já funcionou, comigo e com amigos meus.
E se todos(as) os(as) amigos(as) resolverem botar pilha, e que vergonha querer se casar com alguém cabeça fraca assim, ainda resta o fator principal:
As pessoas fazem o que elas querem fazer. Despedida de solteiro não é sessão de macumba e a pessoa não é pomba-gira… Se não tem a porra da força-de-vontade de se manter fiel numa festinha, é porque vai chifrar MUITO durante a relação. Quem se convence e auto-perdoa que “era outra pessoa” quando traiu deita e rola com a mesma desculpa toda vez que dá na telha. A despedida de solteiro não é o último contato da pessoa com o sexo oposto, oras!
Se você tem certeza que vai levar galho se a pessoa com a qual vai casar fizer uma despedida de solteiro, não faz sentido achar que depois vai ficar mais tranquilo.
A verdade inconveniente: A pessoa que enche a cara na despedida de solteiro ao ponto de achar que não deve mais se responsabilizar mais pelo que decide fez uma decisão consciente desde o começo. DEIXOU a merda acontecer com um álibi (que só convence gente tonta). Isso é uma forma de traição consciente.
E traição consciente não depende de uma situação específica.
Então, eu pergunto: Faz diferença a despedida de solteiro? Se o que pode dar errado é uma sequência previsível de escolhas ruins, estamos mais uma vez culpando a arma pela vontade de atirar. E honestamente: Se a pessoa que você escolheu para casar te meter um par de chifres na despedida de solteiro, você MERECE se foder para aprender a escolher melhor.
Até mesmo se você não ficar sabendo não teria feito diferença: Vai acontecer mais vezes mesmo. Ou você acaba sabendo depois, ou a pessoa é boa na arte de trair e você vai viver sua vida sem notarhttp://www.blogger.com/img/blank.gif o ocorrido. Ou pior: Você é daquelas pessoas que perdoa traição. Não muda nada.
O cara que fecha um puteiro para a despedida de solteiro vai dar sinais que faria isso muito antes na relação. Não “baixa” personalidade nova na pessoa.
Eu entendo a compulsão por estar no controle da situação, mas casamento já presume que você vai ter que lidar com outro ser humano que não pode vigiar 24 horas por dia.
Disso você nunca se despede.
Para dizer que é rico e não se identificou com minha argumentação, para reclamar que ser uma pentelha e presumir sempre o pior é sinal inegável do seu amor, ou mesmo para dizer que faltou mais machismo no meu texto (concordo…): somir@desfavor.com
SALLY
Existem situações na vida que podem não ser propriamente incorretas, por si só, mas que são situações onde o risco de dar merda aumenta. São aquelas situações que costumamos chamar de “flertando com o desastre” Pode ser que dê merda, não seria estranho se desse, ou pode ser que não dê merda. Mas as chances de dar merda são maiores do que o normal. Eu classifico assim as despedidas de solteiro.
Sendo super otimista e supondo que a despedida de solteiro preparada não envolva prostituição e strippers (o que geralmente envolve e a pessoa já entra no mundo de casada um par de cornos inaugurais, uma amostra grátis do que esta por vir), o ato em si costuma envolver rituais que flertam com o desastre. Para começo de conversa, por excelência é um ritual onde só participam pessoas do mesmo sexo do nubente – meninos com o noivo, meninas com a noiva, e que envolve massivas quantidades de bebida alcoólica.
Eu tendo a achar que um bando de mulher ou um bando de homem bêbados já começa a ser um prenúncio de desgraça. Gente bêbada em si já e meio caminho andado para dar alguma merda. Um bando de gente bêbada junta imbuída do espírito de aproveitar ao máximo as últimas horas de solteirice me parece pior ainda. Pode até ser que comece como uma reunião inocente, sem a intenção de fazer algo que magoe alguém, mas quero só ver se esse discernimento persiste depois que o noivo ou a noiva e seus amigos botadores de pilha estiverem todos embriagados.
Nunca casei mas já fui noiva algumas muitas vezes (sim, eu amarelo na hora H). Sei que é um momento onde, por mais que você ame a pessoa pode bater um medinho, um receio ou uma dúvida. É a última chance antes de passar uma suposta toda vida com a mesma pessoa. Estes sentimentos somados ao álcool e a um grupo de amigos que te empurram para a danação pode acabar em uma combinação explosiva. Pessoas fazem merda por impulso o tempo todo, imagina só quando tem o aval e incentivo dos amigos e a coragem do álcool! Uma decisão errada não seria de estranhar.
Sou radical quanto a álcool. Admito. Por isso me arrisco a dizer que às vezes não é possível nem ao menos se falar em “decisão”. Algumas pessoas bebem, sobretudo quando instigadas a beber pelos amigos, a um ponto de já não saberem o que fazem mais. Eu vi isso quando estava acompanhada de algumas amigas e algumas conhecidas em um município com nome de instrumento de pai de santo e encontramos na noitada um famoso ex-nadador com apelido de apresentadora de TV caindo de bêbado. Na época ele era sex symbol e algumas das conhecidas (sim, eu tenho preconceito com quem faz esse tipo de coisa, não teria amigas que fazem isso) deram um porre ainda maior nele e o levaram para o quarto do hotel e… bem… nem vou dizer que abusaram dele porque não participei e não sei o que aconteceu ao certo, mas pelo pouco que eu vi, aprendi que pode acontecer da pessoa não querer mas estar tão bêbada que perde o discernimento e faz merda sem conseguir entender, impedir ou mensurar. E sim, elas tem foto disso até hoje.
Depois desse episódio aquela frase feita de que “ninguém faz nada que não queira bêbado” foi para a lixeira da minha mente. Faz sim. Muitas vezes nem entende direito o que está fazendo. Muitas vezes nem lembra direito no dia seguinte. Perde a noção de certo e errado, de sentimentos e de perigo. Logo, colocar alguém prestes a assumir um compromisso assustador (principalmente para homens), bêbado, nas mãos de amigos que, via de regra, são criaturas que colocam pilha errada é arriscar demais em uma coisa que deveria ser muito importante: a pessoa que você escolheu passar o suposto resto da sua vida, ou ao menos construir um futuro a longo prazo.
Eu avalio se um ato é razoável, se ele se justifica ou não, pesando na balança os prós e os contras. No caso da despedida de solteiro acho que se ganha muito pouco (talvez uma noite divertida de farra) e se perde muito (o amor da sua vida, o casamento ou, no mínimo, a confiança do amor da sua vida). Vale a pena um ganho mínimo correndo um risco máximo? Eu acho que não, mas o que mais tem no mundo é gente que não está preparada para ser feliz e vive se sabotando.
Mesmo que se diga que vai ser uma coisa inocente na casa do Fulano e que se pense de coração que nada vai dar errado, é preciso levar em conta que a despedida de solteiro é um ritual que envolve uma dose de promiscuidade na sua essência. Você pode pensar que não, mas no meio de, sei lá, cinco, dez, quinze amigos, com certeza vai ter um que acha que tem que ter uma pitada de baixaria. É esse que chama uma stripper como “presente surpresa”, é esse que depois que todo mundo tá caindo de bêbado força a barra para fecharem a noite em um puteiro, etc, etc.
E não isento mulheres de responsabilidade não. Hoje em dia mulher tá foda, igual ou pior do que homem do quesito infidelidade. Eu mesma já testemunhei uma despedida de solteira a ser realizada na casa dos pais de uma amiga da noiva que tinha tudo para ser super inocente e acabou com a noiva tão bêbada, mas tão bêbada, que tirou a sunga do GoGo Boy com a boca, enquanto sua amiga tão bêbada, mas tão bêbada, fotografava tudo com o celular. No dia seguinte, neguinho lembrava de flashes. Eu, como não bebo, lembrava de detalhes sórdidos. Liguei para a “fotógrafa” para avisar mas era tarde demais.
Eu respeito quem quer correr riscos. O que eu não respeito são riscos idiotas, onde se sacrificam coisas importantes em troca de pouca merda. Despedida de solteiro é uma má idéia. Pode dar uma merda feia. Mesmo que seja uma festa inocente com brigadeiro e refrigerante, se alguém plantar uma fofoca maldosa pode causar um belo estrago. É um ritual idiota, machista e ultrapassado. Não tem como manter segredo em um ritual onde participam várias pessoas bêbadas. Sempre vaza alguma coisa.
Quer me tratar esquema 1920 e achar que pode ir para um puteiro “só para beber” ou sair para comemorar com os amigos e chegar cambaleando? Então faça o pacote completo 1920: me sustente, me dê jóias, pague um dote para a minha família, me dê mesada e me deixe sair para fazer compras com o cartão de crédito. Se querem ser machistas, peguem o pacote todo.
Quem se arrisca a fazer uma despedida de solteiro está dando munição para fofoqueiros que queiram separar o casal. Está dando oportunidade a que surjam dúvidas sobre confiança e fidelidade que talvez nunca sejam sanadas e virem uma ferida eterna. Está flertando com o desastre, se colocando “na rua” em uma condição de bebedeira que gera vulnerabilidade, se sujeitando a que alguém force uma barra e convença de fazer algo que magoe seu parceiro. Para que correr tantos riscos? Não estou falando de conseqüências pequenas como perder dinheiro ou arranhar o carro, estou falando de perder o amor da sua vida. E não se enganem, fazer despedida de solteiro escondido só acrescenta mais riscos além de todos os que narrei: o do ritual ser descoberto.
Aliás, sinceramente, ALGO NESSE MUNDO vale o risco de perder o amor da sua vida? Eu acho que não.
O pessoal fala "despedida de solteiro" como se nunca mais fosse ter outras mulheres ou outros homens. Todos sabemos fidelidade é utopia. Mesma coisa que o cara falar que não namora mina que quer se manter virgem porque precisa transar. Até parece que ele não vai transar com outras, podia namorar a virgem sim.
Até parece a estória de ser católico não praticante, tudo varia como convém. Levar chifre na despedida de solteiro está tudo ok, é a última transa fora da relação.
Esse trecho eu achei sensacional, vou copiar e decorar pra falar pros palhaços com quem eu convivo:
"Quer me tratar esquema 1920 e achar que pode ir para um puteiro "só para beber" ou sair para comemorar com os amigos e chegar cambaleando? Então faça o pacote completo 1920: me sustente, me dê jóias, pague um dote para a minha família, me dê mesada e me deixe sair para fazer compras com o cartão de crédito. Se querem ser machistas, peguem o pacote todo"
Concordo com o Seu Zé Nando quando ele diz que a despedida de solteiro é tão válido quanto o trote de faculdade.
Se algum dia eu pensar em casar, espero que meu padrinho não me presenteie com uma stripper, mas com um tiro na testa. Mas como é possível que ele não queira sujar as mãos, eu aceitaria uma despedida de solteiro pra mim, para não fazer desfeita. Naquele esquema: "é importante pros outros, eu faço o sacrifício". Por mim, não faria.
Iria na despedida de um amigo? Mesma situação: pra não fazer desfeita.
Criaria caso se minha noiva fizesse? Não. Se ela fizesse algo de errado? Sim.
Somir:
1. Mulheres até podem saber quando "demais é demais" em termos de álcool. Homens, não. Simplesmente por que hoje em dia nós cuecas não saímos mais da adolescência, salvo raríssimas exceções (zero estatístico, i.e., "traço" de audiência).
2. Não, não vai ter uma porra de um amigo para pelo menos chamar a atenção de quem vai fazer cagada, por dois motivos:
2.a Os infelizes estarão tão mamados quanto, então não haverá um que seja em estado de avisar porra nenhuma; e
2.b Mesmo que por um imenso milagre haja um sãozinho o suficiente para tanto, sua voz será voto vencido no meio do grupo de idiotas manguaçados.
Geral sobre o texto: despedida de solteiro é algo tão válido quanto trote de faculdade. AMBOS SÃO MONGOLICES DESNECESSÁRIAS. Aliás, é até estranho que justo você defenda algo que admite ter o mesmo status de "curiosidade antropológica".
Em tempo: crucifico ambas as monguices de consciência limpa. Não participei e não participo de qualquer delas.
Sinceramente, os dois me pareceram bastante sensatos, mas acho que concordo com o Somir. Se a pessoa resolve se levar pelos "amigos" e resolve trair antes de começar um casamento, a mulher já deveria ter percebido que ele seria capaz disto antes.
E se o cara é do tipo que uma foda com uma cagabunda qualquer vale mais que todo o empenho que se tem para organizar uma festa de casamento somado a todos os sentimentos que o levaram a tomar esta decisão, melhor acabar com tudo antes de casar mesmo.