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Flertando com o desastre: Americanos babacas.

| Somir | | 12 comentários em Flertando com o desastre: Americanos babacas.

Vamos todos para o inferno!

Nota: Vamos tratar do assunto “principal” no desfavor da semana, estamos achando que ainda sobe mais sujeira até o sábado. Por enquanto eu quero desenvolver melhor um assunto que ficaria meio deslocado numa postagem de crítica “pura”.

Já começaram a sair produtos com estampas comemorativas sobre a morte de Bin Laden. Ao ver uma xícara com um selo “Obama 1 X 0 Osama”, não pude evitar de soltar o famoso: “Como americano é babaca…”

Só que eu ando tão subversivo ultimamente que não estou perdoando nem minhas opiniões. Americano ganha dinheiro com qualquer merda e não é de hoje. Podia ser a morte do Bin Laden ou podia ser um time de beisebol ganhando um título que eles fariam a mesma coisa. Ás vezes é absurdo, às vezes é engraçado e relevante. Não é como se fosse alguma surpresa que começassem a vender produtos sobre esse evento dias depois de seu anúncio. No contexto, nada mais é do que uma manifestação cultural típica.

Nos resta a noção de que milhões de pessoas por lá (e até alguns malucos por essas bandas) estão comemorando a morte de uma pessoa como se fosse uma vitória nacional. Pode até passar a impressão de que “lavou a alma” de muitos deles, mas isso não cola muito bem dez anos e MUITAS cagadas depois do atentado. Se tivessem pegado o Bin Laden em 2001, teria sido realmente grandioso como “ação de guerra”, mas hoje em dia?

A verdade é que os americanos são torcedores comemorando um gol (ou um touchdown, para ficar mais em casa). Não é uma manifestação política, não é declaração sociológica… é a porra de um gol. O cidadão médio é realmente incapaz de se identificar profundamente com a geopolítica econômica e militar global, tanto lá quanto cá.

As pessoas se amarram em ter algo para comemorar. Procurar profundidade em mentes rasas é uma busca inútil. A coletividade tem uma cabecinha pra lá de limitada (mesmo que os indivíduos sejam capazes de alguns lampejos de lucidez) e denominadores comuns são bobagens mesmo. E é importante ter a noção do valor relativo.

Logo após o anúncio de Obama, já começaram a surgir as primeiras vozes reclamando do fato de que estavam comemorando a morte de um ser humano. Vozes não muito mais racionais do que as que berravam pelas ruas ianques. Pra mim isso é papinho hippie de quem quer chamar atenção.

E olha que eu sou do tipo de pessoa que considera essa mentalidade “olho por olho, dente por dente” uma das coisas que mais atrasa a humanidade. Vingança não é justiça, justiça não é vingança. Queriam o quê? Que o mesmo povo que manda seus filhos para guerras pelo controle dos campos de produção de heroína no Afeganistão sob o pretexto de lutar pela liberdade deles magicamente entendesse essa situação como um momento para fazer uma reflexão?

Se não tem pensamento crítico para perceber os golpes diários, vai ter profundidade para dissociar a “chance de fazer festa” da morte de uma pessoa? Foi um gol, e só.

Americano, brasileiro, chinês, inglês… seja quem for, tem sua população média muito mais preocupada com a vida diária do que com grandes questões sociais. Povo é massa de manobra porque as sociedades que evoluíram se baseavam nisso. Apontar para qualquer um desses povos é a mesma coisa que se apontar.

Mas aqui na América Vira-Latina é cult dizer que acha que os americanos estão manipulando todo mundo o tempo todo. Que cada atitude deles é friamente calculada para nos controlar. Faça-me o favor! O povo que sai as ruas para comemorar a morte do Bin Laden dez anos, dois trilhões e milhares de baixas militares e civis depois de ser transformado no homem mais procurado do mundo? Manipulando alguém?

Assim como em terras tupiniquins, é uma elite que apronta por lá. Não tem porra nenhuma a ver com índole do povo. O gado humano americano é tão gado quanto o brasileiro. Vai ver se fosse com a gente se não sairia o povo nas ruas comemorando? “Eu, eu, eu, Binládi si fudeu!”

Temos diferenças culturais, o americano acha seu governo uma máquina perfeita de conspirações, o brasileiro acha o seu uma máquina ineficiente de corrupção. E isso tem muito a ver com a falsa sensação de que eles são mais “otários” do que a gente. Como duvidamos profundamente de nossas instituições, parece que não damos a elas o que elas querem.

E o resultado disso é que temos um país muito justo e pouco alienado, não? A diferença cultural é cosmética, o resultado continua sendo o mesmo.

Sem contar o aspecto de alcance: Os filhos-da-puta que fazem qualquer coisa por dinheiro nos EUA podem lucrar em vários locais do mundo, dada a base de influência já disponível. Os daqui tem que cagar no quintal mesmo, o poder deles está bem mais restrito geograficamente.

Anti-americanismo é uma praga que diverge a atenção dos nossos problemas e também dos que realmente tem culpa no cartório por lá. A turma republicana (os crentardados de lá) usa e abusa dessa idéia de que o mundo odeia os americanos para reforçar a postura de que relações internacionais tem que ser à base de bala. E brasileiro é o tipo de povo que entra na dança com gosto… Faz pose de rebelde (agrada quem tem que pilhar os pobres de lá), mas se arreganha todo para não perder o apoio (agrada quem quer esse país apenas como exportador primário para sempre).

Não vamos cair nessa de tratar o assunto Bin Laden como um momento para subir no pedestal e falar mal do gramado do vizinho (que é mais verde sim…) e ignorar que é justamente a babaquice média SEM FRONTEIRAS que permite que cretinos usem o povo de um país como escudo para seus próprios interesses.

Aqui no desfavor não vamos cair nessa. Americano é babaca, mas não tem o monopólio, pelo menos não nesse setor. Que se critique quem pelo menos SABE o que diabos está fazendo.

Sábado tem mais.

Para dizer que não entendeu porra nenhuma, mas está comemorando do mesmo jeito, para reclamar que eu sou um colonizado a serviço dos americanos malignos, ou mesmo para dizer que essa minha nova linha ideológica é chata: somir@desfavor.com


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