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Flertando com o desastre: Micareta.

| Sally | | 62 comentários em Flertando com o desastre: Micareta.

Esse é o cheiro da popularidade!Eu odeio micareta. “Mas Sally, você não gosta de axé? Você não dançava axé?”. Sim, e axé não é micareta. E micareta, ao menos no Rio de Janeiro, virou um LIXO intransitável. Por favor me digam que não é assim em outros estados!

Primeiro vamos esclarecer um conceito para que eu não pareça hipócrita: micareta NÃO É axé. Geralmente as músicas de micareta são bem diferentes do axé convencional, o chamado “pagode baiano”. O que costuma tocar em micareta é Chiclete com Banana, Asa de Águia e outros bostas que deveriam morrer incendiadas. Eu ODEIO micareta e eu ODEIO música de micareta.

Pode ser que você ache tudo igual, porque vamos combinar, do Espírito Santo para cima, tudo parece muito igual (praias, sotaque etc), mas não é. Geralmente a música de micareta começa com aquela guitarrinha baiana tenebrosa que faz você sentir vontade de arrancar as orelhas e guardar dentro da bolsa. Música de micareta tem aquele refrão simplório repetido à exaustão. Na micareta o cantor canta músicas de todo mundo, na maior promiscuidade musical. Não toca a música da banda, tocam as músicas que estão fazendo sucesso nesse meio. Tem grandes solos instrumentais no meio da música. As músicas dificilmente tem trocadinhos pornográficos, até porque, as músicas dificilmente fazem sentido, são um amontoado de frases desconexas (Quero chiclete! Chiclete! Quero chiclete! Chiclete! Quero chiclete! Chicleteeeeeee!). E micareta não tem dançarina.

Hoje qualquer aglomerado de gente para assistir um artista que seja baiano e considerado micareta no Rio de Janeiro. Tremendo desfavor! O nome remete a bebedeira e putaria, sabe como é, vende bem. Artistas que cantam pagode baiano são sugados pelo termo “micareta”. Infelizmente. Som de micareta, na concepção original da palavra, nunca seria É o Tchan ou coisa do tipo. Exemplos de músicas de micareta: “Quebra Aê”, “Dança da Manivela”, “Sou praieiro”, “Quero Chiclete” e “Diga que valeu”. ISSO NÃO É AXÉ. Ponham isto na cabeça de vocês. Isso consegue a proeza de ser ainda pior, mais irritante e mais pau no cu do que axé.

Dito isto, vamos começar a explicar como funciona uma micareta. A primeira coisa que você tem que saber é que os organizadores das micaretas são sádicos. Primeiro eles escolhem locais ABERTOS, geralmente locais ao AR LIVRE para organizar o evento. Ou seja, se chover você se molha e se enche de lama e se fizer calor você sua feito um porco e toma sol na moleira. E geralmente é feita em locais afastados também, de modo que você tenha que se deslocar escrotamente para chegar lá e passar um perrengue da porra para voltar para casa.

O “convite” de entrada da micareta é uma camiseta HORROROSA, larga e sem forma, em cores fluorescentes que não combinam entre si chamada “abadá”. Para entrar na porra da micareta você passa calor, vai até o cu do mundo e ainda vai mal vestido, usando seu abada de forma compulsória. Daí tem as pessoas que “customizam” seu abada. Cortam, colocam paetês, ajustam, enfim, mexem no modelo. Porque o original parece uma camisa de jogador de basquete. Evidente que o que já era brega fica pior ainda depois da customização.

Porque tem disso. Ao menos aqui no Rio de Janeiro, a micareta consegue um estranho fenômeno: custa caro (pode chegar a mais de cem reais por pessoa a entrada) e ainda assim atrai MUITA GENTE FEIA e mal cuidada. Não me perguntem como, acho que tem um guichê secreto na entrada onde dão desconto de 99% para baranga e barango. Quanto mais parecido como Belo menos paga. Daí vem as gordas com seu abada todo customizado até virar um FUCKIN´ TOP com uma barriga que poderia ser uma gestação de sete meses e um piercing soterrado no meio das dobras, tentando despontar do umbigo, se achando muito gatinhas. E se falar que não é inveja. Claro que se você perguntar ninguém vai te dizer que tem um piercing no umbigo e sim um “pirçi nu imbigo”. São tipo um bando de Carlaum (lembram dele? Tá sumida essa porra, ainda bem) só que de batom vermelho menstruação e cabelo alisado. Mas aquele alisado com uma marquinha na altura do rabo de cavalo, saca? Bem daquela que não podia prender nos três primeiros dias e prendeu, marcando para sempre o local do rabo. Não bastasse isso, ainda tem um denominador comum: O CABELO CHEIO DE KOLENE.

Porque sim, Niely Gold é luxo. O que bomba na micareta é o Kolene. Alguém aqui já cheirou kolene? Vou te falar, aquela porra não é de Deus não. Aquele cheiro de plástico adere às narinas e nem cheirando café aquilo sai. Sabe quando você passa horas numa rave e chega em casa ainda escutando aquele “tuntz, tuntz, tuntz”? O Kolene é isso, só que no nariz. Além do maldito Kolene e do pirçi no imbigo, tem também as Fail Tatoos. Tu jura que neguinho fez aquilo numa carceragem de segurança máxima com uma bic e uma seringa enferrujada. As tatuagens que eu já vi em micareta são as mais bisonhas que já vi na vida. E olha que eu lido com preso diariamente. Micareteiros não são tatuados, são LEGENDADOS, de tão obvias e escrotas que são suas tatuagens. Não existe a palavra sutileza nem sofisticação. “Sua ENVEJA é a velocidade do meu sucesso” nas costas ou ainda “Se você é chicleteiro Deus te abençoa, se você não é, Deus te perdoa” na testa. Tem de tudo.

Claro que tem gente bonita em micareta. Tipo, 10%. A esmagadora maioria é feia e inconveniente. A esmagadora maioria usa roupa que não é tolerável para seu tipo físico. “Mas Sally, o que importa é a pessoa se sentir bem com ela mesma, usando a roupa que for”. Hippie do caralho, morra! MORRA! Não volte mais no Desfavor, não queremos gente como você aqui. Tem roupa que não fica bem em certos biotipos e pronto. Não falo só das gordas. Não pode uma pessoa de um metro e meio (tipo eu) usar uma calça saruel porque não tem outra: vai parecer que está com uma fralda cagada. Usar o que quer é o caralho, as pessoas tem que ter bom senso de se vestir conforme seu tipo físico. E as pessoas da micareta não tem. Shiryu feelings, vontade de meter meus dedos nos meus olhos até me cegar só de lembrar da última micareta que tive que ir. E vou te falar, o IBH (Índice de Baranga por Humano) é tão elevado, mas tão elevado, que nem o camarote VIP se salva. Micarta é o único evento onde eu contabilizei mais gente feia do que bonita no camarote.

Se as mulheres são a treva, os homens são um barro. Os homens todos em carros BREGAS, seja pelo modelo, seja pela cor, seja pelas presepadas que ele colocou ao tunar o carro. POR DEUS que recentemente eu vi um Escort amarelo conversível estacionando em um evento desses e o motorista do veículo saindo todo todo. Parecia um táxi dos anos 80, mas ele tava se achando o máximo. Amarelo ovo aquela porra. Isso quando o carro não tem um neon no pára-choque ou um adesivo que provoca Shiryu Feelings. Aliás, os homens de micareta são fáceis de reconhecer mesmo longe de seus carros: montanha de músculos, tatuadérrimos (obrigatório um mega-dragão nas costas ou no braço), sem camisa e com um boné que só pode ser retirado por intervenção cirúrgica. E claro, uma latinha de cerveja na mão que nem com intervenção cirúrgica sai, só amputando o membro mesmo. Entretanto, incapazes de se expressar. Quando em bandos, parecem símios. (ihhh… vou ser processada… PELOS SÍMIOS).

Quem vê até pensa que são de alguma forma uma “geração saúde”, afinal, tudo sarado, tudo sem camisa, tudo saindo de dia… Porra nenhuma. Tudo podre de bombado, anabolizados até o último pentelho, bebendo que não se agüentam (RIP fígado) e na melhor das hipóteses, cheirando lança perfume. São uma geração APARÊNCIA e não uma geração saúde. Faz um hemograma completo e eles serão mais reprovados do que se fizessem vestibular de medicina. Porque tem dessa, eles praticamente não sabem falar. Metade do que dizem é gíria, a outra metade é erro de concordância. Grandes dificuldades para concatenar uma frase (quem dirá idéias). É comum ver o uso de palavras como muleta enquanto se ganha tempo para pensar “Tá sabendo? A parada tá maneira, tá sabendo? Muito maneiro, tá sabendo?”. TÔ, TÔ SABENDO SIM, MEU FILHO, to sabendo que tô com vontade de enfiar um dicionário no seu cu pra ver se assim entra alguma coisa. E tem também as palavras coringa, que são tiradas do pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva quando eles não se lembram da palavra original: “Fui lá pegar a paradinha, porque sem a paradinha não dá para coisar o trequinho e sem o trequinho não tem aquele negócio”. Pensando bem… a micareta é o de menos, gente. O que deveras me entristece é que essas porras VOTAM e CRIAM FILHOS.

Considerando o nível intelectual, a gente já depreende que cantada mais sofisticada que você vai escutar em uma micareta, com sorte, é algo do tipo “seus corno é show” ou “já é ou já era?”. Digo com sorte porque neguinho nem se dá ao trabalho de dialogar, chega junto, chega chegando, chega beijando. É tipo um grande supermercado de gente ali exposta e você vai e pega o que gostar e prova. Se não gostar devolve. Se gostar fica uma ou duas músicas depois dá um perdido dizendo que vai ao banheiro ou pegar bebida e fica com outra pessoa. Sim, pessoas com mais de trinta anos acham bacaníssimo “pegar” vários em uma mesma noite (grandesmerda pegar mulher na micareta, coisa difeeeeeeeciu…). Herpes Contest: GO!

Claro que o evento não começa na hora marcada. A banda que vai tocar sempre atrasa. Enquanto isso fica um DJ ou coisa parecida tocando umas musiquinhas para animar o pessoal, ou seja, neguinho bebendo pra caralho e suando pra caralho. Receita de sucesso para ficar com alguém com dignidade, viu? Quando a banda finalmente entra, geralmente em um trio elétrico (um palco móvel, tipo um caminhão com a caçamba aberta só que maior), as pessoas já estão bem transtornadas e fedidas. Eu sempre torço para o trio atropelar um, mas infelizmente isso quase nunca acontece. Se tiverem vídeos de micareteiros sendo esmagados pelo trio, posta nos comentários que eu vou ao delírio.

Vamos às músicas. Se começa a tocar uma música famosa, e geralmente elas começam pelo refrão (de uma complexidade lingüística impressionante), os micareteiros até dançam o refrãozinho, fazem a coreografia, mas, passado o refrão, bate toda uma bipolaridade e eles começam do nada a rodar, correr de um lado para o outro e se jogar uns contra os outros. Sabe hippie em festinha quando toca “Ob-La-Di, Ob-La-Da”? É mais ou menos isso só que mais frenético. Pulam de forma desordenada, gritam, se sacodem. Se levar um pastor rola um exorcismo. Lá pelas tantas sempre começa uma porradaria.

Mas não vai pensando que porrada de micareta é aquela porrada organizada do rock n´roll, onde neguinho abre uma rodinha e entra quem quer. Briga de homens é para fracos, micareteiro não discrimina, bate inclusive em mulher. É porrada para todo lado. Eu atribuo mais ao calor do que à bebida, há estudos que o calor deixa os animais irritadiços. Quando começa uma porrada em micareta ninguém nem percebe, pois a massa está se portando de forma surtada e desordenada quase o tempo todo. Os micareteiros pulam, pulam e pulam. Também pudera, não dá para dançar quando tem o sovaco de um na sua orelha, a bunda de outro no seu peito e o cotovelo de outro na sua costela. Eles ficam em um curralzinho sempre calculado para ser menor do que a quantidade de pessoas que comparecerão, para que o evento pareça cheio, de modo que parecem gado confinado. E o cheiro? Melhor não falar do cheiro. Já passou ao lado da jaula do elefante no Zoológico? Pois é, é pior. Dá vontade de dar um peidinho para melhorar o aroma do local. E quando tem jatos de água para refrescar as pessoas? O cheiro de cachorro molhado é de lascar. Neste ponto, rola um Michael Jackson Feelings, vontade de tirar fora o próprio nariz.

Impossível travar um diálogo qualquer em uma micareta. Além do sujeito Made in Salvador berrando no microfone e do populacho no cio pulando e se debatendo, as pessoas entram em um frenesi, em um estado de transe que ninguém vê ninguém, ninguém fala com ninguém. O máximo de contato que pode ocorrer é que do nada dois estranhos se engatem e comecem a se beijar, mas diálogo que é bom, nem pensar. Se precisar perguntar a alguém onde e o banheiro, por exemplo, você tá é muito fodido.

Aliás, deixa eu reformular a frase: se você precisar IR ao banheiro, mesmo que saiba onde fica, você tá é moooooito fodido. Primeiro que tem grandes chances de ser aquela coisa nefasta e insalubre chamada banheiro químico. Segundo que com tanta gente bebendo, vai ser mais higiênico baixar as calças e se aliviar ali mesmo, porque em dez minutos os banheiros ficam irrespiráveis. Então você pode escolher: desidratar num calor da porra e não beber nada para não ter que usar banheiro químico (opção digna, porém nociva à sua saúde) ou beber o quanto quiser, até mesmo uma skol mega-diurética e ser mais uma daquelas mulheres nas quais eu meto o pau porque abaixa as calcinhas e mija nos cantinhos locais públicos (nocivo à sua dignidade). Não, usar o banheiro químico não é uma opção. [momento Sally Surtada] Se você, Amiga calcinha, optar por mijar em um cantinho, não se esqueça de pedir para seu par lhe fazer sexo oral na saída, no carro, toda suada e mijada. E se ele se recusar chame-o de FRESCO e viado para meio mundo, como ele faria se fosse o inverso. [/momento Sally Surtada].

Em resumo, micareta é caro, desconfortável, com música ruim, onde não dá para dançar, não dá para conversar, não dá para usar o banheiro, onde se sua feito um porco e onde a maior parte das pessoas é feia, brega e burra. PORQUE, GEZUIZ, PORQUE MERDA AS PESSOAS FREQUENTAM MICARETAS?

Tira o álcool e vê quantos vão. Tira o lança perfume. Porque a BABACA aqui não bebe, não fuma e não usa nenhum tipo de drogas (tirando a camisa da Seleção Argentina). Quero ver encarar uma micareta de cara limpa. Não fica nem meia dúzia. Neguinho vai pela putaria, e como neguinho é FROUXO TODA VIDA (W.O. LAND = Rio de Janeiro), neguinho só consegue equacionar uma putaria se beber todas e/ou usar drogas. TIRA, TIRA A SKOL PRA VOCÊ VER QUANTOS CONTINUAM INDO. TIRA TODA A BEBIDA E TODO E QUALQUER ENTORPECENTE e me conta se lota essa porra.

EU O-D-E-I-O micaretas, do fundo da minha alma, do âmago do meu ser, da profundeza das minhas entranhas. EU ODEIO MICARETA tanto quanto eu odeio os programas de humor de Globo, tanto quanto eu odeio o Palermo e tanto quanto eu odeio o casal escrotinho Huck (Lucianohuckização das relações sociais? Lobão, um beijo na sua alma, tu é um escroto drogado ultrapassado, mas não tem como não te amar por um segundo depois dessa declaração que você deu).

Em outros estado micareta é essa mesma porra escrota? Comentem ou escrevam um Desfavor Convidado sobre o assunto. Se forem preguiçosos, ao menos façam alguma coisa de útil e coloquem um link para esta postagem em alguma comunidade do Orkut de micareteiros fanáticos do Rio de Janeiro – vamos apostar se eles ofendem com mais ou menos eloqüência que os fãs de Justin Bieber?

Para tentar me tirar do sério dizendo que acha que as músicas do É o Tchan são iguais às do Chiclete com Banana, para dizer que você não foi e não pretende ir a uma micareta e não entende porque merda EU fui e para perguntar se tem Siago Tomir na micareta: sally@desfavor.com


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