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Desfavor Explica: A Lua.

| Somir | | 50 comentários em Desfavor Explica: A Lua.

Cala a boca e leia!  ATENÇÃO: TEXTO LUNÁTICO. 

Ah, a Lua… sua presença nos céus fascina a humanidade desde tempos imemoriais, enchendo as das pessoas de… textos piegas e pouco informativos sobre o satélite natural do planeta Terra. Frescura que eu não pretendo repetir aqui.

Para começo de conversa: Foda-se o que as civilizações antigas achavam, foda-se o que os cretinos do misticismo dizem, aqui é CIÊNÇA! Ahem…

INTRODUÇÃO

A vida aqui no nosso globo azul dependeu de incontáveis e improváveis fatores para se desenvolver. A famosa história de que se as condições que definem a nossa existência fossem levemente diferentes, nada disso teria sido possível. Se a Terra estivesse um pouco mais perto ou longe do Sol, não teríamos nem a chance de estarmos fodidos, se é que vocês me entendem.

E um dos fatores preponderantes para a Terra ser o que é hoje em dia está nos orbitando a mais ou menos 400 mil quilômetros de distância. O valor místico e emocional da Lua (eu odeio a humanidade) não passa nem perto do valor prático para o desenvolvimento da espécie humana.

Comecemos pelo… começo.

GREAT BALLS OF FIRE

A região do Sistema Solar já foi uma grande nuvem de lixo estelar ejetado de vizinhanças mais elitizadas. Mas como essa história de reciclar parece fazer parte das fundações do universo, depois de alguns poucos (bilhões de) anos essa porcariada toda se juntou e ganhou massa e energia suficientes para começar uma nova estrela. Estrela que conhecemos como Sol.

Mas não é todo mundo que nasce para estrela… Recebemos três “nãos” dos jurados. O Sol não usou todo o lixo ao seu dispor, o que gerou uma outra densa nuvem de matéria orbitando ao seu redor. A nuvem formada de pequenas partículas sólidas começou um processo de solidificação por causa da gravidade. Um grão batia no outro, eles começavam a girar presos pelas suas diminutas gravidades… Outro grão passava por perto e era preso nessa dança…

E foi assim, de grão em grão, leeeentamente, que a Terra assumiu um tamanho parecido com o atual. No começo, isso aqui era uma gigantesca bola de pedra derretida levando asteróides de tudo quanto era lado. Só que esse modelo de formação criava um problema sério: Se somos uma bola agregando material externo, a tendência é que o interior do planeta acabe isolado e frio, enquanto a superfície queima com o bombardeio cósmico.

E acreditem, isso não é um prospecto animador para a formação da vida. A Terra como conhecemos teria “morrido no berço” se não tivesse levado um tapaço na cara de uma recém conhecida amiga…

THEIA

Na certidão está Theia, mas o nome artístico ficou como Lua mesmo. Theia era um planeta mais ou menos do tamanho de Marte que entrou no caminho da jovem Terra. Theia e Terra, dois nomes femininos… Era de se imaginar que ia rolar uma barbeiragem nessa rota.

Ainda não está claro se a Terra estava no celular ou se Theia retocava a maquiagem, mas ambas colidiram numa velocidade impressionante. E uma trombada dessas é uma enormidade em qualquer escala da imaginação humana. Basta dizer que TODA a massa dos dois planetas derreteu na hora.

A nossa sorte é que não foi uma colisão perfeita, em cheio. Theia pegou a Terra num ângulo que evitou que ela entrasse de vez e mandasse toda a matéria acumulada a duras penas voando por todos os lados.

E depois dessa cacetada, três coisas ESSENCIAIS para a vida aqui aconteceram: A primeira foi que aquele monte de energia liberada acendeu de novo o centro do planeta, para chegar na forma como é hoje em dia. E como esquentou de forma uniforme, o frio do espaço sideral se encarregou de criar a casca onde pisamos hoje em dia e de isolar o centro para que ele não esfriasse tão cedo.

Da forma como eu vejo, a Terra ressuscitou bilhões de anos antes do zumbi judeu. Merecia mais cultos em sua homenagem. (Se eu ler a palavra Gaia nos comentários, é bom você estar falando sobre o Capitão Planeta, seu hippie imundo!)

A segunda é que a Terra foi girada em 20 e tantos graus fora do eixo, o que criou as estações do ano e a formação de calotas polares. Sem querer ser repetitivo: Sem isso não estaríamos aqui.

CÍRCULO VICIOSO

O outro resultado do impacto foi a criação da Lua. Muito material expelido voou longe demais da atração gravitacional da Terra para voltar, mas longe de menos para ir embora de vez. Num processo parecido com a formação de nosso planeta, a Lua foi tomando forma.

Nota (meio)útil: Os planetas e luas são redondos por causa da gravidade. Mas de forma simplificada: Eles se formaram quase que em forma líquida e giram bastante. É inevitável.

A Lua já foi muito mais hardcore. No seu começo, também era uma massa de pedra derretida, vermelha e luminosa, o que deveria fazer os primeiros nascimentos da Lua no horizonte terrestre uma experiência de cenário de clipe de Death Metal! Adiciona-se também o fato de que a Lua já esteve MUITO mais perto (e por consequência, MUITO maior) da Terra do que está hoje em dia. *headbang*

Logo depois de Theia e Terra virarem Lua e Terra, nosso planeta estava girando num ritmo alucinado. É só imaginar uma bola de basquete girando sobre o dedo de um exibido qualquer: Se você der um tapa nela na posição certa, ela não só não cai como ainda gira mais rápido. Estudos revelam que naquela época caótica, um dia durava mais ou menos umas seis horas. E no vazio do espaço não tem lá muita coisa para desacelerar um corpo girando… De seis para vinte e quatro horas numa rotação é coisa para bem mais tempo do que os bilhões de anos que se passaram entre a colisão e os dias atuais.

Eis que a Lua entra em campo de novo para salvar o dia. E fazendo algo que me deixou ainda mais fã desse corpo celeste: A Lua é do contra. Ela gira ao redor da Terra no sentido oposto da nossa rotação. Uma bola rochosa daquele tamanho girando ao contrário criou a resistência necessária para o planeta sossegar e esfriar (perder velocidade de rotação ajudou a crosta a esfriar, permitindo… bom, tudo!). Gravidade básica: Cada vez que passa perto da Terra, a Lua dá uma “puxadinha” no sentido oposto. E como cada ação tem sua reação, a Terra devolve a gentileza empurrando a Lua para mais longe.

Sim, a Lua está nos deixando. Talvez tenha previsto o nascimento do Axé e do Funk e tomado medidas preventivas (não a culpo). A cada ano, no ritmo atual, ela se afasta algo em torno de 4 centímetros. Não que isso realmente preocupe, a Terra já vai estar irremediavelmente inabitável quando a Lua se afastar o suficiente para causar problemas. Sempre tem um lado positivo!

LUA-FACTS

Eu preferi me concentrar na parte pouco contada sobre a história da Lua, mas algumas curiosidades não fazem mal a ninguém.

– A Lua e as marés: Gravidade básica novamente… Quando a Lua passa por cima dos oceanos, sua atração cria uma “barriga” na água, que a segue pelo seu caminho natural ao redor do planeta. Em dado momento da trajetória, a água “puxada para cima” recua de um litoral e se deposita em outro. Até que a Lua vá para o outro lado do planeta e as coisas voltem ao normal.

Como a Lua não faz um círculo perfeito ao redor da Terra, eventualmente ela fica mais próxima e aumenta sua força de influência. E sim, precisamos demais das marés para manter o resto do planeta vivo.

– O lado escuro da Lua: Existe um lado da Lua que não pode ser observado da Terra em nenhum momento. Mas isso não quer dizer exatamente que ele nunca seja iluminado. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

A Lua gira sobre o seu próprio eixo numa sincronia quase perfeita com a órbita que faz ao redor da Terra. Isso nega os efeitos da rotação para os observadores daqui. Como é um “ponto cego”, convencionou-se dizer que o outro lado era escuro.

Mas na verdade o que a Lua tem mesmo no máximo é uma marquinha de biquíni num dos seus pólos. O Sol não bate em alguns pontos porque a inclinação dela é muito pequena. Luz permanente em alguns pontos, escuridão (e um frio da porra, pior até que Plutão) em outros. Na média, o “lado escuro” é iluminado pelo menos uma vez por rotação.

Ah sim, o lado escuro da Lua também serve de escudo contra asteróides. Claro, é a Lua como um todo que faz esse papel, mas os impactos, quando acontecem, são sempre “do lado de fora” por questões óbvias.

– Eclipses: O disco visível da Lua e o do Sol são idênticos na maior parte do tempo para os observadores terrestres (O satélite é 400 vezes menor que a estrela, mas está 400 vezes mais perto). A Lua passa na frente do Sol de tempos em tempos. Eclipses são belos espetáculos visuais, mas são de uma banalidade cósmica total.

– Colonização: Até imagino que o turismo ia bombar, mas a Lua pode ser uma excelente plataforma de lançamento para futuras missões espaciais. A maior parte do combustível dos foguetes é queimada apenas para sair da atmosfera terrestre. Problema que não vai ser encontrado por lá. Com a recente descoberta de água congelada sob a superfície, é possível que nem tenhamos que levar material para construir foguetes e produzir combustível in loco. A humanidade já tem tecnologia para conseguir fazer uma dessas, mas falta investimento e interesse. Não custa sonhar, contanto.

– Lua Cheia: Deixei para o final porque aqui as coisas ficam bem menos científicas. Não no sentido de descambar para o misticismo, mas ainda são elementos controversos e pouco estudados.

Já ouvi de muita gente, inclusive médicos e enfermeiros, que a taxa de nascimentos explode na época da Lua Cheia. Eu não vejo muita gente tentar explicar isso, mas costuma passar como fato empírico. Números podem mentir, mas não tem esse hábito. Até o cético-mór aqui não duvida da relação.

Tem um elemento típico da Lua Cheia que pode explicar isso. As noites são mais claras (e enfiem o misticismo no rabo, virtualmente todos os mistérios atribuídos à Lua Cheia podem ser enxergados pela ótica da maior incidência de luz durante a noite). Luz é sinônimo de segurança para a humanidade desde… sempre. E convenhamos que o parto é um momento de muita vulnerabilidade, tanto da mulher quanto das pessoas ao seu redor.

Não é de se estranhar que a capacidade de alinhar o parto com o período de maior luminosidade “geral” seja uma bela característica para levar a frente na evolução da espécie. Luz interage com hormônios o tempo todo, tem sua lógica. Mas, essa eu estou tirando da cartola… Se tiverem explicações melhores, não se acanhem.

O que eu nunca entendi foi essa pataquada das mulheres que acham que cortar cabelo de acordo com a fase da Lua tem algum resultado prático. Não pesquisei sobre isso, mas tem um jeitão de falso positivo… Sim, a Lua consegue interagir com um oceano, mas as forças aplicadas nessa dinâmica fazem sentido.

– Lucas Silva e Silva: Ok, chega!

Para dizer que só eu mesmo para estragar a mítica da Lua, para dizer que duvida de tudo o que eu escrevi porque o homem sequer pousou na Lua, ou mesmo para admitir que aprender coisas novas não é tão horrível assim: somir@desfavor.com


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