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Flertando com o desastre: Reclamando e andando.

| Somir | | 13 comentários em Flertando com o desastre: Reclamando e andando.

Rebelde, você...Ser do contra é uma arte muito difundida, mas pouco praticada. Por mais que as pessoas reclamassem de praticamente qualquer coisa desde que o mundo é mundo, foi com o advento da internet que os ranzinzas finalmente alcançaram o estrelato.

E era de se esperar: Reclamar é uma excelente e arriscada forma de chamar a atenção. A internet forneceu o ambiente ideal para reduzir esses riscos, seja por anonimato ou distanciamento, e essa fórmula se tornou prática para milhões de pessoas ao redor do globo.

Sim, eu vou reclamar de quem reclama de tudo. Quero ver ganhar dessa, manés!

Puxei o assunto pela internet porque tenho mais “contato” com esses semelhantes pelo meio virtual do que pelo real. Em situações sociais reais, as pessoas estão mais inclinadas a deixar seu mau-humor de lado e fazer aquele esforço extra para agradar. Quando se encontra outro (ou num golpe de sorte ainda maior, outra) ranzinza “natural”, o momento se torna divertido o suficiente para sublimar várias das asneiras cotidianas que criticamos.

Mas na rede mundial de computadores, é pancada para tudo quanto é lado. É blog, twitter, vídeos no Youtube… é gente achando “virtualmente” qualquer coisa uma merda para quem quer que esteja acompanhando. Não vou tirar o meu (ou, o nosso) da reta: O desfavor se baseia em reclamações, sim. Mas a grande maioria delas tem uma profundidade que eu não consigo enxergar na “indústria do mau humor virtual”.

Crítica generalizada sem argumento é desabafo. Esse povaréu que cismou que adicionar “eu odeio” na frente de qualquer coisa significa um ato de rebeldia contra a sociedade esvazia a importância da discussão. Agora todo mundo “odeia” um monte de coisas no seu perfil de internet!

Eu odeio quando alguma coisa que eu faço/sou entra na moda (ha!). Primeiro com a nerdice (ÓCULOS SEM LENTE NÃO TE FAZ PARECER INTELIGENTE! PESSOAS INTELIGENTES NUNCA USARIAM UM ÓCULOS SEM LENTE! *momento por que eu sempre tenho crise de gastrite quando vou a algum show de banda que gosto*) e agora com os ranzinzas? Mas que merda!

Ahem… Estava criticando as pessoas que reclamam por bobagem, certo?

Talvez seja coisa da idade, mas eu finalmente parei de odiar os ídolos adolescentes. Acho até válido quando você está na idade onde as garotas esperam que você seja parecido com um deles, mas depois de uma certo momento da sua vida, fica claro que é uma bobagem esquentar a cabeça por causa de um moleque afeminado genérico. É com muito orgulho que do alto do meu elitismo musical e ojeriza por metrossexuais, posso dizer que não estou nem aí para o Justin Bieber, e pior: Que acho muito vergonhoso dizer que o odeia.

Digo isso porque o clássico dos “ácidos” da internet é bater em quem está na moda! Atualmente é o tal de Justin Biba (piada é sagrado, até mesmo as ruins e batidas) que todo mundo “odeia”. Neguinho faz site, comunidade e até vídeo xingando o garoto da voz de garota! Que papelão! E esse ódio é baseado em argumentos profundos como “ele é gay” e “tem música melhor no mundo”.

Sinto muito, mas vocês não descobriram a América. Quando eu era um pré-adolescente, eu dizia as mesmas coisas para as meninas que eram fãs de Hanson. É uma crítica vazia, tão repetitiva quanto a indústria que produz esses astros instantâneos ano após ano. Faz “parte do show” que muita gente reclame sem nenhum conteúdo para fazer as “princesinhas” se sentirem rebeldes pela primeira vez na vida.

Aliás… Meu momento de revelação troll foi relacionado ao Hanson. Estava pentelhando uma garota da escola por causa de seu fichário feito de colagens com a banda. O papo de sempre. As respostas dela, também (“eles não são bichas, eles são lindos!” *momento Sally ainda argumenta assim às vezes*). Estava levando um coro, afinal, se o provocador não provoca…

Foi quando veio a luz: “Bom, a menina até que é bonita…”. Ela fez cara de dúvida… “Ué, essa aqui…” *apontando para aquele moleque que parecia mesmo menina*.

Foi glorioso, caros desfavores. O rosto dela ficou vermelho, o olhar assassino, a voz saiu com uma potência ímpar: “ELE É MENIIIINOOOO!”. A sensação de achar a brecha na apatia alheia e arrancar aquela reação desmedida desencadeou um vício.

Vício que se aproveitou de outro desses moleques “cantores”. Na época que eu ainda usava o Orkut, aquele tal de Felipe Dylon estava no auge de seu pífio sucesso. Duas comunidades gigantescas se formaram: Uma que o amava, outra que o odiava. Testei as duas e descobri o impensável… O pessoal da comunidade que o odiava era muito mais trollável. O povo era cabeça-oca dos dois lados, mas quem queria fazer pose (vítimas ideais) estava só na que odiava.

O jovem Somir, aquele que pentelhava a pobre fã de Hanson, já tinha se tocado de algo que eles ainda não: A crítica vazia te faz parecer um otário.

E o que me incomoda nos reclamões genéricos é essa tendência de se fazer de otário dando importância para o que não tem importância.

É sempre hilário quando alguma pessoa que se sente sacaneada pelo desfavor aparece aqui para xingar e reclamar. É mesmo ridículo vir aqui e perder tempo falando mal de quem está rindo da sua cara. As críticas sem objeto soam como desabafos. E vir desabafar suas frustrações contra os textos de um blog montado por dois trolls é de uma inocência (para não dizer burrice) incrível.

A impressão que esse povo vem aqui pedir atenção não é equivocada. Essa leva de ranzinzas sem objetivo está buscando justamente isso. No desfavor, na internet e na vida real.

“Ei, olhem para mim. Eu tenho a CORAGEM de dizer que não gosto de uma coisa!”.

Mas cérebro para dizer o porquê são outros quinhentos, não? A pose “do contra” virou um acessório na roupa social de muita gente. Um diferencial postiço que vira “mas tenho um bom coração” assim que precisa angariar simpatia. Exemplo comum:

Quantas pessoas você já ouviu reclamar que não gostam de estranhos falando com elas nas ruas? Quando dizem isso, é quase como se fosse uma confissão de antissociabilidade crônica. Só que todo mundo concorda. Momento de catarse coletiva! Os narizes empinam e começa aquele papinho que só falta questionar o DIREITO de pessoas não-atraentes começaram uma conversa com eles (principalmente elas…). Imagine só, a impáfia!

Eu SEMPRE puxo esses momentos, eu SEMPRE me arrependo. Quando eu tento dizer que o que eu realmente abomino é o teor da conversa (não consigo me concentrar em “conversa fiada”, o cérebro desliga), o assunto já descambou para um festival de auto-importância nojento.

São nesses momentos onde se separa o chato comprometido com a chatice, como eu, dos que só querem usar a imagem de ranzinza para combinar com seus cabelos meticulosamente desarrumados. E tem tudo a ver com a auto-crítica.

Vejam bem, o problema de ser uma pessoa excessivamente crítica é que isso vai voltar para te morder a bunda uma hora ou outra. Duvide de quem não se sacaneie ao mesmo tempo que sacaneia os outros. Somos todos ridículos, e a maior piada de todas é que tem gente não percebe isso.

A maioria dos rebeldes virtuais cai nessa categoria.

E é essa gente que não se toca que reclamar de tudo É um problema acaba condicionando todo mundo a tratar o ranzinza do mesmo jeito: Como alguém que só aponta os defeitos alheios para esconder os próprios. E nesse mar de antas desesperadas por atenção que se dilui o objeto pertinente de uma reclamação.

A “cultura da enveja” surgiu muito por causa dos falsos ranzinzas. Os otários aqui (bem vinda ao barco, Sally) escrevem páginas e mais páginas de textos destrinchando a lógica por detrás de suas afirmações e acabam sendo tratados como meros donos de uma comunidade “eu odeio” em alguma rede social…

Eu não gosto desses revoltadinhos genéricos. Grandes merdas se milhares de pessoas dizem que funk carioca é um lixo se o máximo que eles vão chegar a fazer é recomendar sua banda de rock predileta como alternativa! Grandes merdas se algum panaca vai ficar famoso no Youtube falando mal da mídia de massa só para conseguir um programa na porra da MTV! Grandessíssimas merdas dizer que o povo é alienado e recomendar o socialismo como solução! A lista vai longe…

Ainda tem a porra do maldito do “humor ácido” que virou mania: Não é sutileza, não é deboche, não é escracho; é alfinetada viadinha de quem não tem bolas de fazer a piada. Eu odeio humor ácido… (ha!)

Crítica sem auto-crítica, crítica sem objeto. Obrigado por caricaturizar o “movimento”, cretinos!

E sim, eu me senti muito especial por escrever este texto. Aliás, antes que alguém tenha um nó no cérebro pelo tanto de reviravoltas sem sentido que eu entulho no que escrevo, uma explicação: O verdadeiro ranzinza nem acha tão bacana assim ser como é. É mais questão de escolher o caminho menos pior; ao invés de aceitar algumas convenções sociais cretinas, vira o cretino ele mesmo. Como tudo na vida, é divertido algumas vezes, outras não. Esse papinho de ter muito orgulho de ser do contra é balela.

P.S.: A minha auto-crítica é golpista.

Para dizer que eu tenho problema com críticas, para confessar só disse isso por não ter prestado atenção no texto, ou mesmo para dizer que depois disso resolveu ler com calma e mantém a primeira afirmação: somir@desfavor.com


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