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Ele disse, ela disse: Criando problemas.

| Desfavor | | 14 comentários em Ele disse, ela disse: Criando problemas.

Sem pedigree.Baixou a Supernanny mais uma vez aqui no desfavor. Em mais uma discussão sobre criação de filhos por duas pessoas sem filhos, Sally e Somir discordam sobre qual gênero dá mais dor de cabeça para os pais enquanto se desenvolve.

Como sempre, você pode criar caso nos comentários.

Tema de hoje: Quais os filhos que dão mais trabalho, meninos ou meninas?

SOMIR

Ponto para as meeeeniiiinaaaas! Mulher é um bicho mais complicado, para o bem e para o mal. E esse admirável mundo novo de equiparação social entre homens e mulheres, se justo por um lado, por outro só faz mais complexa a vida feminina.

E não podemos nos esquecer que criam-se filhos para o mundo.

Criar uma menina no passado era uma “receita de bolo”: Preparava-se a garota para desempenhar o papel de esposa e mãe e estava tudo certo. Talvez não para elas em específico, mas para o mundo que as aguardava… Grande parte do trabalho era “limitar” o desenvolvimento intelectual dela no limite do possível para que aceitassem seu papel sem reclamações.

Já um garoto tinha que aprender a se virar sozinho e ser capaz de prover para sua esposa e filhos. Criação baseada em estabilidade e busca de poder.

Naqueles tempos, um menino deveria se espalhar pelos campos feito uma erva daninha, uma menina deveria ser podada cuidadosamente como uma bela flor.

Mas esses tempos de analogias viadinhas está no passado! Sejam bem-vindos ao século XXI. Mais precisamente, à Era da Comunicação. Hoje em dia, numa comparação bem menos poética que a anterior, um menino é um foguete e uma menina é um caça super-sônico. Ambos conseguem alcançar velocidades impressionantes, mas é mais “simples” lançar um foguete. Um foguete dispara e segue sua trajetória enquanto aguentar, um caça já precisa de manutenção e principalmente de um bom piloto, mas pode traçar caminhos menos óbvios.

Não se amarra mais uma menina ao pé-da-cama até ela desistir de seus objetivos. As pessoas falam, os exemplos de mulheres vitoriosas proliferam; textos, imagens e sons inundam a mente de qualquer um que cresça nesses tempos, criando uma espécie de poder paralelo ao dos pais dessa criança.

E isso, caros desfavores, faz toda a diferença. A criação masculina lida com situações parecidas há séculos, a feminina virou de ponta-cabeça.

Tudo bem que não temos mais tantos homens sendo criados para depender de uma “mulher-empregada”, tudo bem que ser frescurento e emotivo é visto como qualidade, mas não é como se tivessem mudado muito a lógica das coisas: “Aprenda a se virar depois de fazer merda, porque você VAI precisar.”

Cuidar de um menino é basicamente controlar seus impulsos destrutivos (tudo bem que esses impulsos são o motivo da evolução tecnológica humana, mas…) e botar um pouco de ordem no caos. Reconheço que um homem vai se arriscar muito mais por natureza, mas o risco de acidentes não é resultado direto de quanto trabalho se teve criando-o, e sim um reflexo natural da mente masculina. Nem uma criação PERFEITA vai fazer com que ele evite tanto as situações de risco como uma mulher.

E, pasmem, são essas situações de risco e comportamento caótico que FACILITAM a criação de um menino. Seus problemas são visíveis, táteis. O que é mais simples: Lidar com um moleque que brigou até ficar com o olho roxo na escola (“só ganha sorvete se tiver batido mais que apanhado”) ou com uma menina em crise existencial porque “suas amigas são muito falsas”? (wat)

A complexidade dos problemas femininos é diretamente proporcional à complexidade de suas interações sociais. E o mundo que as recolhia à insignificância de não ter escolhas ficou para trás. Só é mais fácil criar uma menina se você não estiver nem aí para o resultado.

Pode-se criar um homem apenas reagindo. O mesmo não é verdade para a mulher. Mesmo aqueles pais vagabundos que deixam a mídia de massa criar os filhos encontram vantagens em ter filhos homens: A política do correto só ataca os instintos masculinos. É crime ser homem hoje em dia.

Já para as mulheres, por causa de um complexo de culpa retroativa masculino e do desserviço que o feminismo “quero que o Estado seja meu papai” prestou, as mulheres podem ser incentivadas livremente a serem vadias burras como se isso fosse o ápice da justiça entre os sexos. Ninguém mais pode enfiar o dedo na cara de uma mulher e dizer que ela está sendo ridícula e barata.

Mas estamos considerando que pelo menos um mínimo de bom senso os pais teóricos deste texto tem. Não prende no pé da cama, não deixa para o mundo criar… Só que mesmo assim…

É muito mais fácil “perder” a conexão com uma filha mulher. É a velha história de que o filho mais bagunceiro ganha mais atenção que o mais ordeiro. Aposto que tem muita gente aqui que já viveu isso na pele: A punição pelo bom comportamento.

Uma garota, tendendo a ser mais pacata, pode desencadear esse processo de afastamento. É mais difícil reconhecer e tratar os problemas de quem parece não ter nenhum. Pode ser que algo sério passe debaixo do nariz dos pais, mesmo considerando que mulheres são mais emotivas. A sensibilidade de reconhecer o que é chilique feminino típico e o que é problema real não é algo comum nem mesmo entre as próprias mulheres.

E pior ainda, essa menina pode procurar modos de conseguir a atenção na marra, fazendo merda atrás de merda. Numa dessas pode aparecer grávida em casa. Risco inerente à condição feminina. E por mais que vivamos numa época onde manter uma gravidez não é obrigatório, ainda é LUXO fazer um aborto em condições mínimas de segurança. (Obrigado por nada, Igreja!)

E gravidez é leve se comparada a um vício em drogas. Lembrando que mulher (sem dinheiro) pode se manter nas drogas de forma muito mais “pacífica” que um homem. Basta abrir as pernas para as pessoas certas (e por “certas” eu quero dizer “erradas”). Eu sei que é horrível, mas vamos comparar de novo: É mais fácil reconhecer um vício quando as merdas são mais visíveis.

É mais fácil manter uma filha mulher viva, mas não é mais fácil criá-la direito. Não se pode medir a criação de um SER HUMANO apenas pela taxa de sobrevivência.

Para escrever alguma bobagem que denuncie que depreender significados do que lê não é o seu forte, para se fixar doentiamente na única frase que entendeu do texto, ou mesmo para dizer que depois de ler os dois textos vai criar mesmo é uma samambaia: somir@desfavor.com

SALLY

O que dá mais trabalho: criar meninos ou criar meninas? Sem dúvidas, criar MENINOS.

Meninas costumam ser mais calmas, mais tranqüilas e mais dóceis. Suas brincadeiras costumam ser mais pacatas, menos barulhentas e menos propensas a acidentes. Quem será que se machuca mais, uma menina sentadinha penteando sua boneca ou um menino jogando futebol? Quem será que faz mais barulho? Quem será o mais agressivo? Pode não ser uma regra absoluta, mas com certeza é uma tendência.

Meninas também costumam ser mais obedientes, não costumam medir poder, além de serem mais estudiosas e até mesmo mais higiênicas. Quem nunca ouviu ou viu alguma história de um menino que se recusa a tomar banho ou que se recusa a fazer seus deveres? Meninos são mais inquietos e mais inconseqüentes, sem contar que amadurecem mais devagar, o que acaba por premiar seus pais com mais anos de infantilidades e pirraça.

Mesmo no aspecto social, criar meninos dá mais trabalho. O comportamento que se espera de uma menina é fácil, quase que estereotipado, universal. Já um menino… bem, se uma mãe cria seu filho do jeito que ela gostaria que ele fosse, é bem provável que ele seja chamado de “viadinho” para baixo no colégio. Meninos batem um nos outros frequentemente, se xingam e fazem coisas que não fariam dentro de casa. E se não o fazem, são segregados.

Meninos costumam ser mais desorganizados, mais desatentos e mais abusados. É muito mais provável você ver um menino berrando um palavrão dentro de casa ou quebrando alguma coisa do que uma menina. O excesso de energia acarreta conseqüências trágicas como perda de horas de sono dos pais, necessidade de pagar professor particular ou ainda várias entradas no pronto-socorro.

E se você está pensando que quando eles crescem um pouco mais, a menina dá mais trabalho porque vai ter um bando de macho querendo comer a sua filha, pense duas vezes. Primeiro que meninas costumam ser mais responsáveis que meninos e segundo que você pode ajudar a sua filha a tomar precauções para não engravidar levando-a a um ginecologista e comprando uma cartela de pílula para ela. Muito mais fácil do que convencer um menino adolescente cheio de testosterona a usar camisinha sempre que for fazer sexo com alguém. Sim, eu sei que tanto meninos como meninas sempre deveriam usar camisinha, mas vamos trabalhar com o mundo real, e não com o mundo ideal.

E supondo que o pior aconteça: é a menina (e/ou os pais da menina) que vai decidir se vai ter o filho ou não. O poder de decisão é tudo nessas horas. Se o seu filhote engravida uma vadia qualquer e ela bate o pé que quer ter o filho, lamento mas serão Vovó e Vovô a pagar a pensão caso o filho não tenha fonte de renda. Já pensou? E de quebra ela ganha metade dos bens, ao menos até a criança completar 18 anos.

Na adolescência também é muito mais comum ver meninos metidos em encrenca. Desde beber e bater com o carro, ou simplesmente beber, ou simplesmente bater com o carro, até brigas, uso de drogas e outros probleminhas hardcore. Tudo bem, também acontecem com meninas, mas em uma escala menor. Por amadurecer mais cedo, elas chegam à adolescência menos retardadas mentais e também são menos propensas a essa coisa autodestrutiva e inconseqüente.

Além disso, colocar limites em um adolescente menino também é muito mais difícil. Tudo bem se uma menina não pode fazer certas coisas como viajar sozinha ou dormir fora de casa, mas esta proibição tem um peso social diferente em meninos. Grandes chances do seu filho ser ridicularizado e socialmente excluído se você o superproteger. Já com meninas, bem, muitos pais as superprotegem, então, a pressão é menor.

Meninas não tem a obrigação social de sair na porrada quem xingue suas mães ou passe a mão na bunda de seus namorados. Dando uma boa educação e ensinando algumas precauções básicas, ela pode sair na noite e voltar inteira. Já o menino… bem, nunca se sabe. Existem certas situações que, a meu ver, até mesmo o pai cobraria se ele não caísse na porrada. Além disso tem a hostilidade institucionalizada, que raramente é voltada para meninas. Por exemplo, observem o tratamento de policiais em uma blitz no caso de um carro cheio de adolescentes meninos e em outro cheio de adolescentes meninas.

Meninas costumam gerar um sentimento de proteção, até mesmo em estranhos, pelo simples fato de serem meninas. Se uma menina começar a apanhar de um homem no meio da rua, grandes chances de algum estranho se meter para defender. Mas se um adolescente macho brigar no meio da rua, as chances de alguém se meter diminuem muito.

Também tem ela, a responsável por grande parte das cagadas que esses imbecis fazem na vida: TESTOSTERONA. Ela deixa os adolescentes cegos e agressivos, com aquela sensação de onipresença e imortalidade que acaba no primeiro poste em que eles enfiam o carro ou na primeira vadia grávida que os obriga a pagar 30% do seu salário a ela pelos próximos 18 anos. Se a testosterona já faz muito adulto foder com a própria vida, imaginem seus efeitos em uma criaturinha arrogante, imatura e despreparada para a vida! Boa sorte ao tentar controlar um adolescente cheio de testosterona, isso é muito mais difícil do que impedir que alguém coma a sua filha ou que ela engravide.

Sem contar que os problemas com higiene muitas vezes continuam na adolescência. E você nem ao menos pode dar um safanão naquele seu filho abusado, porque agora ele é maior e mais forte que você e pode te segurar. E para piorar ainda mais, o risco de se meter com bebida e drogas é muito maior no caso de meninos. A taxa de criminalidade também.

A coluna de hoje é fruto de machismo. No fundo, no fundo, a Madame aqui de cima deve achar que tirar um filho da delegacia não é tão grave quanto ver sua filha grávida de um Zé Ruela qualquer. Lamento, na contagem geral, meninos dão muito mais trabalho do que meninas. Perguntem a professoras de escolas. Perguntem a psicólogos. Pensem nos filhos dos seus amigos ou até mesmo nos próprios filhos. Dá mais trabalho criar meninos do que criar meninas.

Para dizer que a gente não deveria falar sobre aquilo que não sabe, para dizer que criança é uma praga do inferno e dá trabalho sendo menino, menina ou hermafrodita ou ainda para dizer que o tema de hoje foi chato e ver Somir escrevendo sobre este tema pelos próximos cinco dias: sally@desfavor.com


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