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Desfavor Explica: Distúrbio de Déficit de Atenção

| Sally | | 52 comentários em Desfavor Explica: Distúrbio de Déficit de Atenção

watVocê tem dificuldade em se concentrar? Você sente que tem que fazer um esforço enorme para desempenhar atividades simples que o resto das pessoas faz com facilidade? Você esquece de coisas que são consideradas importantes e é recriminado por isso? Você tem dificuldade para organizar seu tempo e suas tarefas? Você tem dificuldade para se concentrar e que quanto mais você tenta pior fica? Você tem vários projetos mas tem dificuldade em tirá-los do papel ou concluí-los? Você tem baixa tolerância a frustrações? Tem problemas em se fazer entender ou explicar seus pontos de vista? Se sente incompreendido, inadequado e injustiçado? Tem episódios de descuidos ou adiamento de tarefas recorrentes em sua vida?

Você pode ter o chamdo Distubio de Déficit de Atenção ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Nada grave, muitos nem mesmo classificam como “doença” e sim como um jeito diferente de funcionar. O objetivo destas linhas leigas que escrevo não é estimular ninguém a tomar remédio ou a se tratar, é apenas tirar o peso das costas de muitas pessoas que não entendem porque são assim e se sentem fracassadas, sem força de vontade e burras. A frase que resume a intenção da postagem de hoje é: NÃO É CULPA SUA, você não podia fazer diferente, independente de força de vontade.

O Distúrbio de Déficit de Atenção tem como característica principal a dificuldade em se concentrar em uma atividade por muito tempo quando esta atividade não desperta o interesse da pessoa. Porém, quando a atividade cativa, acontece justamente o contrário, vemos um “hiperfoco” onde se chega a perder a noção de tempo. Um exemplo: uma pessoa com DDA vai ter muita dificuldade (ou até total incapacidade) de sentar para estudar uma matéria que considere chata por horas. Porém, se gostar de jogar video-game, pode ficar jogando por horas e horas, perdento totalmente a noção do tempo. Não é falta de força de vontade de estudar, é uma difunção bioquímica em seu cérebro. Não é vagabundagem, é uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal.

Pessoas com DDA tem muita dificuldade em se organizar, seja fisicamente (ambiente de trabalho e quarto bagunçado, por exemplo) seja internamente (frequentemente tem a noção equivocada que vai dar tempo de fazer tal coisa e acaba que não dá, gerando atrasos, estresse e desgaste). Infelizmente poucas pessoas tem conhecimento profundo o suficiente para saber que não é vagabundagem, não é descaso nem sacanagem. A pessoa genuinamente erra no cálculo, por mais evidente que seja que o atraso ocorreria, ela acredita sinceramente que vai dar tempo. Além de se atrasar, esquecimentos também trazem problemas aos DDAs. Não raro eles esquecem coisas importantes, como ir buscar alguém em algum lugar e coisas que inclusive são de seu interesse. Os esquecidos se sentem menosprezados e desvalorizados, mas não se trata disso. Alguns esquecem até mesmo nomes!

Não dá para falar do assunto com a profundidade que ele exige, meu limite de quatro páginas só me permite dar uma pincelada. Sugiro que quem tiver interesse em um diagnóstico faça um dos muitos testes disponíveis no Tio Google para verificar se vale a pena procurar um médico ou não. Não tomem o que está escrito aqui como diagnóstico ou verdade absoluta, pois além de não ser médica, não dá para falar do assunto em quatro páginas a menos que se faça uma generalização grosseira. Sim, este texto é uma generalização grosseira. A intenção é apenas chamar a atenção para a possibilidade, caso em que a pessoa deve procurar um neurologista especializado para tentar fazer o diagnóstico. Não existem exames que comprovem o DDA, o diagnóstico é feito com base em uma boa conversa, perguntas e respostas e até mesmo através de uma conversa com os pais.

Todas as pessoas com DDA tem dificuldade de concentração, porém existem três características que podem predominar , juntas ou separadas, no DDA: 1) Desatenção, 2) Impulsividade (ou ansiedade) e/ou 3) Hiperatividade. Estes três fatores podem coexistir ou um deles pode predominar. O tipo Desatento puro é o mais difícil de diagnosticar (e é mais comum em meninas), pois a criança é calminha quietinha, ninguém sequer imagina as dificuldades que ela sente diariamente para tentar acompanhar uma aula ou fazer um dever de casa. São pessoas sonhadoras, que vivem “no mundo da lua”, perdidas em seus penamentos, divagando. Sofrem caladas em uma luta diária para conseguir prestar atenção quando isto lhes é exigido. O Impulsivo (ou ansioso) costuma responder as perguntas antes que o interlocutor termine a frase, tem dificuldade em esperar a sua vez em filas e outras situações similares e vive interrompendo os outros. É comum vermos pessoas assim fazendo escolhas importantes de forma impensada e até mesmo se colocando em risco. O tipo Hiperativo é aquele que tem dificuldade de ficar muito tempo parado ou sentado no mesmo lugar (se balança na cadeira, sacode as pernas, batuca) ou até mesmo levantando e saindo quando se espera que fiquem parados naquele lugar. Também falam em excesso, estão sempre ativos, passando a impressão de que enfiaram uma Duracell no fiofó da pessoa.

O DDA se manifesta ainda na infância e pode acompanhar a pessoa para o resto da vida. Claro que com o passar dos anos, de tanto levar esporro e se ferrar, a pessoa acaba desenvolvendo mecanismos para atenuar ou disfarçar os sintomas, então existem grandes chances de que chegue na vida adulta demonstrando menos do que demonstrava na infância, o que não quer dizer que os sintomas tenham diminuído. O resultado desta desatenção crônica somada e eventual ansiedade, impulsividade ou hiperatividade podem ser problemas sociais, conflitos familiares, baixa auto-estima e desorganização interna. Os pais frequentemente não percebem que o filho não lhes dá o retorno esperado não por preguiça, falta de vergonha na cara ou acomodação, e sim porque é INCAPAZ de fazê-lo. Com isso, cobram cada vez mais, sendo cada vez mais severos no modo de repreender. A criança, por sua vez, não costuma admitir que não consegue dar o que lhe é pedido porque ninguém acredita e fica cada vez mais magoada e revoltada com o esporro injusto, sem contar com a frustração de não conseguir agradar ou ser aceita. Algumas vezes até faz parecer que é assim “de propósito”, para sair por cima.

Cobrar concentração, atenção e comportamento “padrão” de um DDA é como cobrar de uma criança paraplégica que ela corra. A diferença é que a limitação da criança paraplégica é bem evidente, então, as pessoas sentem compaixão e não cobram o que a criança não pode dar. Infelizmente as dificuldades de uma criança com DDA estão ocultas e ela aparenta ser uma criança padrão, então, os pais não tem como saber destas dificuldades e frequentemente cobram o impossível de seus filhos. As crianças, por sua vez, tendem a camuflar essa incapacidade como rebeldia ou outra coisa que faça parecer que elas são assim “porque querem” e não por uma incapacidade, talvez por vergonha ou medo de decepcionar os pais. Com isso os pais pensam que o filho é um vagabundo sem vergonha na cara e o massacram em críticas, cobranças ou punições.

Vejam bem, nem toda criança que não fazem suas tarefas ou são agitadas tem DDA. Vejo um excesso ultimamente, pais medicando filhos travessos para ter um pouco de paz. Não se trata disso. Só quero levantar a lebre de que, EM ALGUNS CASOS, PODE SER Distúrbio de Déficit de Atenção. Em caso de dúvida, vale a pena uma consulta a um médico especializado, ou até mesmo a mais de um, leitura de livros sobre o assunto, maior atenção a determinados comportamentos e uma conversa franca com a pessoa que supostamente teria DDA. Mas é preciso ter em mente que também pode ser qualquer outra coisa que não DDA, inclusive pode ser nada.

Muitas vezes, mesmo diagnosticado o DDA, não é necessário tomar remédios. Em minha leiga opinião, acredito que o maior ganho que a pessoa tenha seja tirar o peso da “incompetência” das costas e poder pensar NÃO ERA CULPA MINHA, eu nunca consegui me concentrar para estudar, para fazer tarefas, ser pontual, ser organizado, ser atento, ser detalhista ou o que quer que seja, mas NÃO ERA CULPA MINHA, não era falta de força de vontade, não era burrice, não era corpo mole. Era a falta de uma substância no meu cérebro e não importa o quanto eu tentasse, aquilo não era viável para mim. Tirado este peso das costas, a pessoa com DDA, ciente de suas limitações, pode aprender a criar mecanismos para viver do seu jeito, com as suas particularidades, explicando aos outros o que pode dar e o que não pode. Nem sempre é necessário uma medicação, vai depender do quanto o DDA atrapalha a vida da pessoa.

Normalmente pessoas com DDA escolhem instintivamente trabalhos que não impliquem em prazos, atividades que demandem concentração ou monotonia. Por exemplo, seria um tanto quanto insensato uma pessoa que tem dificuldade de ficar muito tempo sentada, dificuldade de concentração, dificuldade com pontualidade, querer ser um advogado, profissão onde a perda de um prazo pode acabar com os direitos do cliente e onde se exige alto poder de concentração. Costumam se dar muito bem em profissões onde possam fazer seus próprios horários e trabalhar quando lhes bate inspiração e onde criatividade seja mais valorizada do que prazos.

Pessoas com DDA costumam ser mais criativas que o resto de nós, tem pensamentos muito originais e inovadores e uma forma de ver o mundo diferente. Também podem ser muito mais afetivos e intuitivos. Apesar de apresentarem dificuldade para o aprendizado padrão na escola, fora dela tem uma capacidade de aprender muito superior à do resto das pessoas, desde que não sejam obrigados a apender por métodos rígidos. Não raro aprendem a tocar instrumentos musicais sozinhos ou a mexer de forma quase que profissional em computadores apenas usando tentativa e erro.

É muito importante que a pessoa que convive com um DDA também estude o assunto e aprenda como é este jeito diferente de funcionar, para que não lhe cobre coisas que ele simplesmente não pode dar e gere uma rotina de ressentimentos e mágoas. Sobretudo as mulheres, que tendem a medir o amor de um homem pela atenção que este dá ao detalhes. Não, ele não vai reparar se você mudar o cabelo de loiro para moreno (ou vice-versa), não vai lembrar a data de aniversário de namoro (talvez nem lembre do seu aniversário) e não vai prestar muita atenção no que você fala se você não criar mecanismos para prender a atenção dele e exercitar seu poder de síntese. Mas isso não quer dizer que ele não te ame, quer dizer que o cérebro dele funciona de forma diferente . Não é culpa dele, ok? Aceite-o como ele é ou procure alguém que tenha o perfil que você deseja.

Ao diagnosticar o DDA (e ele existe em vários graus) você deve ZERAR na sua cabeça todos os padrões e conceitos sociais e estudar o assunto para entender o que aquela pessoa, seja ela pai, filho ou marido pode te dar. Você deve reconstruir suas expectativas e aprender como lidar com esta pessoa tão diferente de você. Não se trata de ter pena ou de bondade com uma “deficiência”, pois não há deficiência alguma, há apenas um jeito diferente de funcionar, limitações. Não é incapacitante, apenas requer adaptações.

Através da estimulação correta e dos mecanismos corretos, uma pessoa com DDA leva uma vida feliz e normal, mesmo sem tomar medicação. Relógios com timer para alertar a hora de iniciar uma tarefa qualquer, um quadro branco onde se escrevem lembretes das tarefas do dia, horas do dia onde se mantem total silêncio na casa para que a pessoa consiga estudar… cada família descobre seus próprios mecanismos, com muita conversa, tentativa e erro. O importante é não alimentar raiva e revolta (porque sim, DDAs podem ser muito irritantes às vezes), respirar fundo e pensar que a pessoa não é assim por birra, porque é egoísta ou porque é babaca, na verdade, algumas vezes ela não tem escolha.

Descobrir o DDA também pode ser libertador para os pais, que frequentemente se perguntam onde foi que erraram na criação do filho para que ele seja tão “irresponsável”, “descuidado”, “acomodado”, “desleixado” e outros adjetivos pejorativos. NÃO É CULPA DE NINGUÉM, é um jeito diferente de funcionar. Os pais não erraram, porém temem que seus filhos não tenham sucesso na vida e não sejam capazes de desenvolver seus talentos (ou até mesmo de se sustentar) em função de sua desatenção e demais sintomas. Não há erro na criação do filho, o que há é uma estrutura cerebral que não trabalha “conforme o esperado”.

Eu sei que ainda existe muita gente TOSCA no mundo que vai achar que isso é balela, é desculpa para passar a mão na cabeça de vagabundo ou que isso é tudo invenção dessde médicos modernos, e me bate um desespero em pensar nos seus filhos com DDA, sendo cobrados de forma massacrante e nas consequencias disto a longo prazo, então, Desfavor mata a cobra e mostra o pau, para ver se estas pessoas aceitam de uma vez por todas que DDA não é modismo, não é invenção e que não há qualquer controvérsia sobre sua existência.

Vejamos as fotos abaixo.

A primeira foto é a de um cérebro padrão. A segunda foto mostra o cérebro de uma pessoa com DDA em descanso e a terceira foto mostra o cérebro de uma pessoa com DDA tentando se concentrar. Os “buraquinhos” na imagem do cérebro com DDA mostram as áreas onde há menor metabolismo de glicose, ou seja, onde ocorre a chamada “hipofunção”. Esta hipofunção significa que há uma grande quantidade de neurônios que pulsam mais devagar que o esperado. Assim, quando um DDA tenta se concentrar, sua atividade cerebral DIMINUI em vez de aumentar, daí a sensação tão comum de “quanto mais eu tento, pior fica”. Simplesmente não é viável obrigar um DDA a sentar e estudar ou praticar qualquer atividade que demande concentração por longo período de tempo forçado, ele é neurologicamente incapaz de fazê-lo. Isto não o torna burro, muito pelo contrário, costumam ser mais inteligentes do que a média, isto apenas faz necessário que ele seja estimulado de uma forma diferenciada.

O cérebro funciona através de descargas elétricas, que são a “forma” de comunicação de um neurônio para o outro. Então, como foi dito, o DDA gera um “excesso de atividade de ondas lentas” no córtex pré-frontal, o que gera uma diminuição das funções desta área. E quais são as funções do córtex pré-frontal? O córtex pré-frontal é responsável funções de controle voluntário da atenção, planejamento, julgamento e tomada de decisões, auto-controle, sensibilidade a conseqüências de longo prazo e controle motor fino. Isso explica muita coisa, inclusive porque muitos DDAs tem uma letra horrenda dos infernos. Quando o pré-frontal apresenta hipofunção, com excesso de ondas lentas, ele não envia os sinais necessários para que outras áreas do cérebro possam funcionar adequadamente e estas funções desempenhadas pelo córtex pré-frontal podem ficar comprometidas. Após esta descoberta, vem sendo desenvolvido um tratamento não invasivo e não medicamentoso chamado “Neurofeedback”, sobre o qual eu adoraria discorrer, mas o limite mesquinho de quatro páginas me impede.

Alguns remédios podem aumentar a capacidade de concentração da pessoa e minimizar outros sintomas desagradáveis. O remédio mais conhecido é a Ritalina, mas não é o único. Muitas vezes, entendendo seu padrão de funcionamento, a própria pessoa pode se condicionar e amenizar alguns comportamentos sem remédio algum. Tudo vai depender do quanto o DDA está atrapalhando ou prejudicando a pessoa. Além de eventual tratamento médico, acredito que se estiver ao alcance da pessoa, poderia ser benéfico um acompanhamento psicológico, principalmente daquelas que descobriram o DDA na vida adulta. As cobranças, brigas, frustrações e sensação de inadequação podem atrapalhar a vida e quem passou por isso.

A mensagem que fica é: se você descobriu que tem DDA, se perdoe e se ame, todos os erros relacionados às funções do seu córtex pré-frontal não foram resultado de falta de força de vontade nem de burrice. Não é culpa sua, não é culpa de quem te criou. Aceite-se, ame-se e crie mecanismos para conviver em paz consigo mesmo e com os outros diante da sua nova realidade. Estude, entenda-se e recomece sua vida, desta vez com conhecimento real do que esperar de você mesmo.

FAQs

“Mas Sally, no começo do nosso namoro meu namorado com DDA prestava atenção em mim e em tudo que eu falava, mas agora não presta mais atenção. Isso quer dizer que ele tem a capacidade de prestar atenção em mim, e agora simplesmente está me tratando com desleixo, será que ele não gosta mais de mim?” – NÃO! Como eu expliquei, atividades novas e empolgantes podem desencadear um hiperfoco no DDA e fazer com que ele fique preso a aquela atividade por horas concentrado nela. No começo de namoro tudo é novidade, tudo é excitante. Não que você não continue sendo interessante para ele, mas simplesmente não é aquela febre do começo – e nem seria normal se fosse. Não meça o amor dele pela atenção, meça pelos atos. DDAs podem ser muito mais generosos e dedicados do que pessoa tidas como “normais”.

“Sally, meu filho é DDA mas também é burro. Pegunto para ele se ele fez a lição de casa e ele simplesmente mente dizendo que fez e horas depois eu constato que não fez porra nenhuma! Como pode ser tão burro de mentir em uma coisa que sabe que vai ser descoberto?” – Não, ele não é burro. Ele tem traços de impulsividade, ansiedade e hiperatividade. Ele não mede consequencias e tem dificuldade de visualizar a consequencia dos seus atos a longo prazo. Pense com a cabeça dele: uma criança que chega da escola louca para brincar, quando a mãe pergunta se fez o dever. A ansiedade e inquietude para brincar é tanta que ele dispara um “sim” sem pensar em mais nada, porque quer brincar a qualquer custo, ele não teve a capacidade de prever as consequencias dos seus atos. Alguns DDAs se comportam de formas quase que suicida quando querem muito uma coisa, não medem as consequencias e não conseguem ler as placas de “Pare”, ficam momentaneamente cegos. Não é burrice, é impulsividade.

“Sally, meu filho DDA não gosta de ir para a escola. É um transtorno acordá-lo, convencê-lo a ir para a aula e fazer os deveres e estudar. Ele é um vagabundo, preguiçoso, acomodado que vai ser um fracassado na vida?”. Imagine um lugar que seja seu pior pesadelo, onde você tivesse que enfrentar todos os seus medos e te expusesse a um desconforto enorme. Este lugar costuma ser a escola para um DDA. Além de ser obrigado a ficar horas sentado e quieto, ainda é obrigado a ficar tentando se concentrar para entender as aulas e fazer as tarefas, na maior parte das vezes sem sucesso. É frustrante, é cansativo, é desesperador. Seu filho não é um vagabundo, seu filho está sofrendo por estar em um ambiente quase que incompatível com seu funcionamento cerebral. Estimule seu filho de formas diferentes, criativas, divertidas e sem pressão e você verá retorno. Muitas vezes a própria escola promove algumas alterações na dinâmica da aula que resolvem o problema.

“Convivo com um DDA e sei que pode parecer implicância minha, mas eu tenho a clara impressão de que ele está sempre procurando conflitos. Ele abre a boca e fala um monte de coisas que evidentemente vão causar brigas, qual é o problema dele? Falta de noção? Ou ele gosta de brigar?” – DDAs com traço de impulsividade falam sem pensar, o que muitas vezes acaba por lhe trazer problemas. Falam e não entendem porque a pessoa se exaltou tanto reagindo ao que foi dito. Além deste agravante, DDAs podem mesmo buscar conflitos de forma inconsciente, não porque sejam encrenqueiros, mas porque o conflito estimula seu córtex pré-frontal. Eles não planejam bucar conflito, eles não sabem que buscam conflito e se você perguntar eles negarão que o fazem, mas muitas vezes fazem sim. Provocar conflito ou confusão é uma forma de estimular, de “ligar” a parte do cérebro na qual eles tem uma disfunção. É como turbinar um carro lerdo. Se elas conseguem que seus pais ou cônjuges tornem-se agitados ou gritem com elas, isso pode aumentar a atividade de seus lobos frontais e ajudá-las a sentirem-se mais sintonizadas. A busca pela estimulação desta parte do cérebro é tanta que DDAs se utilizam de outros mecanismos inconscientes para tal, como por exemplo, remoer problemas. O tumulto emocional gerado pela preocupação ou por estar aborrecido produz agentes químicos de estresse, que mantêm o cérebro ativo. O que fazer? Não dê ao DDA o que ele procura. Não arrume confusão, não brigue. Isto vai desencorajar sua busca por conflito, pois não vai ter a “droga natural” que seu cérebro precisa: estresse, gritaria, confusão. É difícil, principalmente quando se trata de uma criança, eu sei, mas é o melhor, pois o uso crônico do estresse para auto-estimulação cerebral a longo prazo ferra com o sistema imunológico da pessoa e traz outras consequências graves. Não alimente o troll.

“Sou DDA e algumas coisas ajudam a aumentar minha concentração, como café, açúcar, Coca-Cola e cigarro. Acabei de tornando dependente delas e tenho medo de me tornar dependente de coisas mais pesadas, meu medo procede?”! – Sim, DDAs tem propensão ao vício não apenas para amenizar os sintomas de déficit de atenção como também em função de diversos outros fatores físicos, emocionais e sociais. O vício pode ser em drogas, em alcóol ou até mesmo em comida. São apenas muletas, o ideal é que você consiga viver bem sem depender disso.

Para saber mais sobre o assunto, recomendo alguns livros. Para um primeiro contato, um livro bem simples e didático é o “Mentes Inquietas” de Ana Beatriz Barbosa Silva. Para quem quer se aprofundar tem um livro muito bom de Russell Barkley e outro bem interessante (sobretudo quando o foco são crianças) de Thomas W. Phelan. E tem também o e-mail da Tia Sally.

Para dizer que eu tenho que conhecer meu público alvo e não fazer uma postagem imensa direcionada a quem tem problemas com atenção, para dizer que tudo isso se resolve com uma boa surra na criança ou ainda para dizer que tem medo de tomar Ritalina e ir parar em um show do Phil Collins como aconteceu com o Cartman: sally@desfavor.com


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