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Processa Eu!: Detestácio de Çá

| Sally | | 41 comentários em Processa Eu!: Detestácio de Çá

Quando mente o nariz cresce!Você acha que seu colégio ou a sua faculdade são bagunçados? Você acha que o ensino é pouco sério no seu país? Você acha que as faculdades nem sempre formam profissionais preparados para encarar o mercado de trabalho? Sorria, tudo poderia ser pior. Na Suíça não há disponibilidade de vagas para todos no ensino público e as faculdades privadas costumam ser um lixo. O que fazer? Cortar o dedo mindinho, se aposentar por invalizez (no teto do valor) e virar Presidente da República. Mas mesmo na Suíça, este país precário, existe um lugar notoriamente conhecido pelo ensino de merda, onde até mesmo um analfabeto passa no vestibular, onde anúncios de jornal pedem profissionais que não sejam formados por esta faculdade. Processa Eu de hoje fala sobre a faculdade referência de incompetência e falta de seriedade: Detestácio de Ça.

Eu sei que nós, que vivemos no Brasil, estamos acostumados com ensino de alto nível, faculdades e universidades bem equipadas, com vagas para todos e excelência no ensino. Mas na Suíça não é assim. Coitadinho do povo suíço! As faculdades públicas, que costumam ser as melhores, dispõe de pouquíssimas vagas, que são preenchidas justamente por aqueles que tem dinheiro, que acabam pagando cursinhos pré-vestibular caríssimos e tomando as vagas de quem não pode arcar com o custo de uma faculdade. Os pobres vão para faculdade privada e os ricos para a faculdade pública. Coisas da Suíça. E as faculdades privadas no geral são muito ruins.

Dentre estas faculdades privadas, existe uma que é referência nacional de vergonha alheia, a Detestácio de Ça. São inúmeros episódios que comprometem sua credibilidade, sendo o mais famoso deles amplamente divulgado pelo programa de TV de maior audiência na Suíça, aquele que passa todo domingo à noite: o critério para seleção de alunos é tão rigoroso, mas tão rigoroso que um ANALFABETO passou no vestibular desta faculdade. Só para que não pairem dúvidas: a pessoa que sabe escrever poucas palavras já não é considerada analfabeta e sim semi-analfabeta. O indivíduo que passou era analfabeto MESMO. Para aqueles suíços que tem a felicidade de morar em cidades que não foram contaminadas por esse câncer que se espalha mais rápido que Igreja Universal e Mc Donald´s, venho apresentar a verdade: este fato é apenas um dos muitos que mostra o tipo de ensino prestado por esta instituição. Quando ela chegar na sua cidade, corra.

Este caso do analfabeto não foi uma experiência qualquer, um azar. O programa de Tv acompanhou tudo com câmeras escondidas, a história está amplamente documentada. Foi um ato investigativo com muitas provas. O candidato analfabeto marcou apenas letras “a” e “b” nas respostas das questões de múltipla escolha e na hora da redação disse que estava passando mal e foi embora, entregando sua redação EM BRANCO. Cinco dias depois foi divulgado o resultado (é o caralho que neguinho corrige uma porrada de redação em cinco dias, nem leram!): o analfabeto tinha sido aprovado. Não apenas isso, foi entregue uma declaração, e papel timbrado da faculdade onde constava que ele foi aprovado EM NONO LUGAR, COM 2.562 PONTOS. FUCKIN´ NONO LUGAR! Imagina qual era a capacidade intelectual da galera que ficou abaixo dele! Sentiram o nível? O analfabeto não apenas foi aprovado, como ainda foi aprovado com LOUVOR! Quem eram seus concorrentes? Uma samambaia e um hamster?

Não raro você abre um jornal suíço e pode ler nos classificados “Precisa-se de advogado para tais e tais funções, horário de trabalho tal, salários tal, obs: não aceitamos alunos formados pela Detestácio de Çá”. (miacabo quando leio isso). Em entrevistas de emprego também é muito comum ver as portas se fechando quando a pessoa cita esta boat… errr… faculdade como sendo o lugar onde se formou. Claro que os responsáveis por esta boate cospem dados e estatísticas que qualquer pessoa com cérebro percebe o quanto podem ser distorcidas e manipuladas, para fazer parecer que é um ensino de qualidade. No que diz respeito à minha área, basta ver o número de aprovados na prova da Ordem dos Advogados da Suíça. Compare o número de INSCRITOS oriundos desta faculdade com o número de APROVADOS desta mesma faculdade (quando tem). Ui ui ui, que vergonha alheia!

Mas seria covardia falar da minha área, né? Fui pesquisar, conversar com pessoas que estudam ou se formaram neste local. Obtive algumas informações interessantes. Por exemplo, em algumas carreiras onde há provas práticas de anatomia, acontecem eventos bizarros. Uma das provas consiste em deixar “peças” (peças = pernas, braços etc…) em uma mesa e o aluno tem que dissecar a peça com um bisturi, sem romper nenhum tendão, músculo, nervo ou nada importante. Daí os alunos de Detestácio de Çá se preparam muito bem para esta atividade, comparecendo com todo o material indispensável: jaleco, bisturi e SUPER BONDER. Catucam, cavucam, cortam e quando cortam algo importante, colam de volta com super bonder, já que o professor está lendo um jornal, ou do lado de fora da sala falando ao telefone ou xavecando uma aluna em um canto. Quando terminam, chamam o professor, que dá uma olhada rápida e constata que todas as estruturas importantes estão intactas, aprovando o aluno. Mas sabe ele que está cheio de super bonder. Que beleza de profissionais que estão colocando no mercado, hein? Imagina que bacana alguém cortando um tendão seu e colando com super bonder?

A fama da Detestácio é tão ruim na Suíça que já virou piada. É sério, tem piadas famosas sacaneando o nível do ensino. Exemplo: um sequestrador, ao fazer exigências para a polícia e diz “Quero um helicóptero, dez mil reais em notas de cinquenta e um advogado que não seja formado pela Detestácio de Sá!”. Piadas criadas e espalhadas pelos próprios alunos. “Vestibular dia 10, resultado dia 11, matrícula dia 12”. Ou ainda: “Alô? É da padaria? – Não, é da Detestácio de Ça – Desculpe, foi engano – Tarde demais, senhor, o senhor já foi matriculado”. Detalhe que as principais fontes para escrever este processa eu não foram alunos de universidades rivais e sim os próprios alunos da Detestácio. Se conhecer algum, pergunte-lhe sobre a excelência do ensino. Com certeza ele terá alguma história bizarra para te contar.

Por exemplo, quando perguntei sobre o pagamento da mensalidade, três alunos de localidades diferentes me responderam “Mensalidade? Que mensalidade? A Detestácio tem CONSUMAÇÃO MÍNIMA, não mensalidade! Hahahaha”. Em todo caso, nem mesmo essa “consumação mínima” eles levam a sério. Em uma unidade no Nordeste, começaram a tacar reajuste sem respeitar a lei e tomaram uma multa de 500 milhões. O que aconteceu? A mensalidade subiu, ou seja, o valor da multa foi repassado e diluído entre os alunos. Assim fica fácil não respeitar a lei, quando quem paga a conta são os seus alunos. E nem vou falar dos cursos de “graduação à distância”, um dos esquemas mais “medonhos” de ensino que eu já vi.

Tudo bem, pessoas podem inventar boatos maldosos. Então me deixem falar do que eu vi. Na cidade sede da Detestácio, Jio de Raneiro, uma das mais zonadas cidades suíças, no curso de educação física, um dos cursos mais zonados das faculdades, os alunos simplesmente ganham as horas de estágio necessárias para se formar por atividades fora da sala de aula. Tá pensando que estamos falando de prática de esportes ou estágio ao ar livre? Não, estamos falando de festinhas, como por exemplo, uma festa realizada neste mês em um inferninho chamado Pundição Frogresso, para comemorar o dia do profissional de educação física. Festinha com muita bebida alcoólica, funk e putaria. Valia como horas de estágio. Processa eu que eu provo que isso é verdade, daí esse pardieiro vai ser decretado um antro da baixaria por sentença, vou adorar ver. Mal posso esperar. Bota o “jurídico” (hahahaha) de vocês para trabalhar, tô doida para enfrentar os ADEVOGADOS da casa. Eles assinam com o dedão?

Aliás, se a Detestácio quer falar em direito e lei, deveria começar dando o exemplo, e não demitindo seus professores quando estes estão no período de férias, via correio, e sem pagar os direitos trabalhistas. Mais barato colocar aula online, né? Se já estava na rabeta na avaliação do MEC com aulas presenciais, imagina como vai ficar agora. Além disso houve redução de um terço no salário dos professores, descumprindo uma Convenção Coletiva do Trabalho, superlotação de salas de aula e outras tantas baixarias que meu limite de quatro páginas não comporta citar. Não sou eu quem diz, é o Sindicato dos Professores, que apresentou denúncia pública, inclusive junto ao Ministério Público do Trabalho. Processa Eu e processa eles também. Processa o Desfavor mas processa os seu próprios alunos e os seus próprios professores que só metem o pau na Detestácio.

E para completar a série “se me processar explique isso em juízo”, quero dizer que já recebi diversos e-mails de pessoas reclamando da desonestidade da Detestácio de Çá e pedindo ajuda. Um deles, por exemplo, vindo de Fortaleza, narra que se inscreveu em um curso de Serviço Social à distância e depois de algum tempo descobriu que este curso não era reconhecido pelo MEC. A Detestácio alegou uma portaria que não vou citar por questões éticas (mentira, eu não tenho ética com estelionato intelectual: portaria nº 442) para justificar a validade do curso. Procuro daqui, fuço dali, consulto colegas e descubro que… esta portaria autoriza a Detestácio a ministrar cursos à distância, ponto. Mas, para cada curso à distância, em cada área, é preciso uma autorização específica do MEC. Resumindo a grosso modo, é preciso uma autorização por cidade. Conclusão: está pagando por um curso que atualmente não é reconhecido pelo MEC por falta de um requisito específico.

A última notícia que tive desta pessoa é que teria ingressado na justiça contra a Detestácio. No Jio de Raneiro tem várias decisões condenando a Detestácio por isso, recentemente tive notícia de uma na qual teve que indenizar um aluno em 16 mil contos, por não terem informado previamente que o curso ainda dependia de regularização. Também foram condenados judicialmente a indenizar uma aluna, porque ela pagou matrícula após ser aprovada no vestibular (cof!cof!) e a Detestácio desistiu de abrir turma para seu curso e também se recusou a lhe devolver o valor pago pela matrícula! Desonesto, né? Feio, muito feio.

E por falar em MEC, como será que ela está cotada pelo MEC? Tá ruim pra cachorro o negócio. Vira e mexe tem unidades na lista negra do MEC, ou seja, aquelas que tiram notas tão baixas, mas tão baixas que tem que se justificar e informar quais são as medidas que pretendem tomar para não repetir esse vexame. Sem contar que no ranking geral sua colocação tá lá no final da tabela. E na lista de inscritos x aprovados da prova da OAB? Ihhh… melhor mudar de assunto. Até porque os números são de 2009, já já sairão os números de 2010 e a gente ri um pouco mais. Desculpem não citar, mas é que são tantas unidades, numa vibe meio Mc Donlad´s, que a lista ocuparia duas das minhas quatro páginas.

O que não me faltam são histórias escabrosas para contar sobre o rigor do ensino na Detestácio. Professores mandando alunos privilegiados colocarem “asteriscos” no canto da folha da prova para que esta seja corrigida com mais “carinho” (o primeiro que me encher o saco eu chuto o balde e dou nome e sobrenome e unidade do professor – melhor me deixar quieta, ou então o livrinho dele sobre alongamento pode encalhar nas prateleiras quando descobrirem que ele não tem ética), alunos que jamais compareceram a uma aula e não foram fazer prova passando com nota nove ou dez, alunos reprovados sendo aprovados algumas semanas depois do professor lançar o resultado por ordens superiores e um diploma para um aluno que morreu no meio do curso são algumas das atrocidades que já acompanhei de perto.

Eu mesma já vi o tamanho da bandalha. Um amigo meu que fazia direito na Detestácio me pedia para ir fazer as provas dele porque ele nunca tinha tempo de estudar (filho pequeno somado a dois empregos). Na primeira vez eu estranhei: “Fulano, eu sou mulher, eles não vão perceber que eu não sou você?” Ele riu: “Você não tem noção da zona que é, pode ir com tranqüilidade”. Fiz a prova, assinei o nome dele, entreguei e ele passou com dez. Pior: uma vez, por força do hábito, a imbecil aqui assinou O PRÓPRIO NOME na prova, daí voltei na sala e disse ao professor a seguinte pérola: “Professor, me desculpe, é que ERREI MEU NOME na prova, posso corrigir?” e o professor deixou sem qualquer problema. Risquei meu nome, coloquei o nome do meu amigo e ele passou com dez. Definitivamente uma instituição séria.

O curioso é que os próprios alunos metem o pau sem medo. Não raro vemos circulando uma Moção de Repúdio ou denúncias como nome e sobrenome. Os próprios alunos de revoltam e se sentem prejudicados com a bandalha que é o ensino nesta… digamos… Faculdade. Li várias críticas assinadas por muitos alunos com nome, sobrenome e documento de identidade de cada um deles, uma mais medonha do que a outra, mas infelizmente o limite de quatro páginas me impede de detalhar. Prefiro contar as baixarias internas, aquelas informações privilegiadas que não podem ser Googladas. Tentem “Detestácio + vergonha” e suas derivações. É material que não acaba mais.

Historinha engraçada presenciada por uma pessoa de confiança: em uma prova onde o aluno deveria identificar as partes do corpo marcadas por alfinetes coloridos, o professor, parado ao lado do aluno espera a resposta. O alfinete que indica a parte a ser identificada está cravado no joelho, mais precisamente em um osso do joelho. O aluno olha com olhar bovino, com cara de wat. O professor, comovido, decide dar uma ajuda: “Pa…”. O aluno continua olhando com cara de poucas idéias, aquela cara de Cigano Igor. O professor, já meio impaciente, dá uma ajuda extra: “Pa… te…”. O aluno faz cara de quem está pensando e fica uns cinco minutos em silêncio. O Professor de saco cheio move os lábios sem emitir som: “la”. “Patela, professor? é isso?”. O professor revira os olhos, faz que sim com a cabeça e aprova o aluno, que hoje é professor de musculação de uma academia no Jio de Raneiro. Este é o nível da Detestácio de Çá. Quer saber? Já acho lucro o professor saber que o nome atual é patela e não rótula. Porque os professores bons, com nome, conceituados que eles contratam são apenas para divulgar. Na hora de dar a aula, quem vai é um pau mandando do professor, um substituto, um monitor ou um orangotango de paletó. Nome famoso é mera isca para atrair pessoas inocentes.

Sem contar o número de “trapaças institucionalizadas” que eles próprios autorizam, como por exemplo o tal do “estudo dirigido”, onde o aluno recebe autorização para não frequentar a sala de aula, “estudar em casa” e fazer uma prova online, EM CASA MESMO, porque eles acreditam que o aluno vai fazer uma prova em casa sem colar, sem consultar. E MESMO ASSIM, GRANDE PARTE DE ALUNOS DA DETESTÁCIO SÃO REPROVADOS DURANTE SUA GRADUAÇÃO. Gezuiz, apaga a luz! Nem consultar neguinhos sabe! O mais engraçado vocês não sabem: pude presenciar um aluno que teve deferido por escrito o pedido para cursar matérias nesse “estudo dirigido”, até que, no meio do semestre mandaram um “foi mal, foi engano” para ele, dizendo que esta opção não estava mais disponível e que também não poderia mais cursar a matéria em sala de aula porque as aulas já estavam em andamento. Ou seja, não se matriculou na matéria em sala de aula e ficou sem o estudo dirigido. Resumo: não conseguiu se formar no final do ano, como havia planejado. Ao reclamar com autoridades superiores e dizer que iria processar a Detestácio, ouviu a seguinte pérola: “Vai processar? Fica à vontade, o valor da sua indenização já está embutido na nossa mensalidade, a gente não vai ter prejuízo”.

Nada é de graça na Detestácio. Tudo é cobrado. Peidou? É cobrado. E pasmem: é cobrado e os serviços são ineficientes. Você tentar entrar em contato com o setor de informações e ao fazer algumas perguntas bem básicas, escuta um “Ihh, isso eu não sei te informar não”. WAT. É cobrado por documentos que deveriam ser fornecidos gratuitamente. Certa vez um aluno pediu uma certidão, que veio ERRADA, por erro da Detestácio ao elaborá-la, e ao pedir uma certidão correta, foi cobrado novamente! Ao reclamar escutou um sonoro “Não adianta, se não pagar não vamos emitir” e se viu rendido, obrigado a pagar pelo erro alheio.

Daí você, Caro Leitor, que é uma pessoa com discernimento, deve estar se perguntando porque a população suíça insiste em se matricular em uma porcaria como a Detestácio. Bem, em primeiro lugar, os serviços públicos são uma merda e não há vagas para todos (aliás, para quase ninguém) nas Universidade Públicas, que também não são lá essas maravilhas pois além de faltar infraestrutura, frequentemente entram em greve. Mas o diferencial é que o povo suíço, por ser muito ignorante e manipulado, cai como um patinho em truques de publicidade. Então, quando a Detestácio coloca um anúncio com o Huciano Luck sorrindo de orelha a orelha e o povo acredita. Quero só ver se os filhos do Luck vão estudar da Detestácio. Quando divulgam contratação de professores de renome, as ovelhas suíças acreditam que eles de fato darão aulas em diversas unidades. Com estes e outros esquemas sórdidos para captar alunos peneirados pelo vestibular das faculdades públicas, a Detestácio vem enchendo o cofrinho e promovendo o maior estelionato intelectual de todas a história do ensino. Corra, leitor, corra porque mesmo que você não faça questão de um ensino de qualidade, nem mesmo respeito ao aluno como consumidor eles tem. Eu até respeito mercenários, o que eu não respeito são incompetentes.

Para contar sua historinha bizarra sobre a Detestácio de Çá, para dizer que vai fugir de qualquer profissional formado ali ou ainda para dizer que quer abrir uma filial, porque é ainda mais lucrativo que abrir templo: sally@desfavor.com


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