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Desfavor Explica: Campanha Eleitoral.

| Somir | | 11 comentários em Desfavor Explica: Campanha Eleitoral.

É a sua imaginação.Hoje começa a propaganda eleitoral obrigatória na TV e no Rádio. Começa também um show de disparidade entre produção e organização de diferentes partidos na hora de “cativar” o público. Enquanto candidatos “ricos” como Serra, Dilma e Alckmin terão longos programas preparados por excelentes profissionais da publicidade (“marketeiro” é um daqueles termos de pobre, ninguém que se leva a sério nessa profissão sequer DIZ isso…), uma grande maioria de pobres coitados vão dar a cara à tapa e passar vergonha na ilusão de terem alguma chance.

A verdade, cruel como sempre, é que a maioria absoluta das pessoas que aparecerão ali não vão estar fazendo NADA além de atrasar a novela. Até um certo tempo atrás a escolha era entre ver o horário político ou conversar com sua família… Obviamente tínhamos mais pessoas interessadas. Hoje em dia é bem mais fácil não dar a mínima para esse monumental desperdício de dinheiro que sustenta os publicitários.

Mas não serei tão amargo a ponto de dizer que TODAS as campanhas não servem para nada. A questão é que a fórmula é basicamente a mesma pra todo mundo. Pensando na campanha do Pilha, eu desenvolvi um guia rápido para ter alguma chance de se eleger.

Numa daquelas analogias típicas de desfavor explica: Todas as campanhas são carros numa estrada. 99,9% são Fuscas velhos de diferentes cores. As restantes são carros esporte tentando apenas não quebrar ou ficar sem combustível.

Basta responder a algumas perguntas simples e você já vai saber se o candidato em questão pode usar a máquina eleitoral ao seu favor:

1ª . EU POSSO GANHAR?

E antes que você comece a pensar se o povo gosta de você ou não, eu preciso te contar uma coisa sobre o processo político: Quem escolhe quem PODE ganhar ou não é a direção do partido. Claro que nos casos de vaga única como presidência ou governo estadual isso é óbvio. Mas o “grosso” dos candidatos está mesmo na parte de baixo da tabela eleitoral, as campanhas de muitos candidatos e muitas vagas como deputados e vereadores. E esses candidatos não dependem apenas de suas propostas…

Eu já vi isso na PRÁTICA. Um candidato com o qual eu pretendia trabalhar não estava bem posicionado na “fila” do seu partido. Tinha gente mais bem relacionada disputando as mesmas vagas. Resultado: Não teria apoio nenhum. Campanha morta, porque seria necessário muito dinheiro para vencer sem uma mãozinha da legenda que representava.

Ainda correndo o risco de ser sabotado no meio caminho caso despontasse demais. “Ameaça” confidenciada a mim como ponto final nas negociações. (Ah sim, era partido comunista radical… Imagine só o que acontece em partidos como o DEM…)

Como Rafael Pilha concorre pelo PDESF, ele pode ficar tranquilo sobre essa parte. Permitiremos sua vitória em troca de alguns ministérios.

2ª . EU ESTOU DE SACANAGEM?

Se sim, parabéns, você pode conseguir alguma coisa. Com exceção dos grandes cargos, basta ser um palhaço famoso por um algum motivo completamente alheio à política para ser eleito. (Nos cargos maiores também é importante, mas não é a única necessidade.)

Na melhor das hipóteses, o cidadão já conhecia um milésimo dos candidatos que vai ver na TV. E mesmo assim, de vista. Não vai ser uma frase de efeito dita durante os três segundos disponíveis na telinha que vai te ganhar algum voto. Brasileiro praticamente não liga para quem vai votar para presidente, imagine só deputado ou alguma outra porcaria dessas…

As pessoas só querem decidir logo e esquecer essa merdalheira toda. Estamos num país que não confia nos políticos. Não precisa se levar a sério. Nesse anos temos várias celebridades de quinta categoria disputando vagas. Até a porra do Batoré (aquele da Praça é Nossa!) está se candidatando… praticamente sem sair da sua personagem HUMORÍSTICA!

Sério, se você não estiver pelo menos um pouco de sacanagem para com todo esse processo, não vai a lugar algum. Não adianta tentar se posicionar como o melhor candidato, A ÚNICA COISA QUE IMPORTA é se diferenciar. Alguém tem que lembrar do seu número na hora do voto. Até porque brasileiro não cobra político nem para salvar a própria vida.

Um candidato a vereador da minha cidade baseou toda a sua campanha, e eu digo TODA sua campanha… Na promessa de cuidar melhor dos animais de rua. Foi o mais votado. Um povo sério faz uma coisa dessas? Um povo sério vota no Clodovil? Um povo sério vota no Frank Aguiar?

(E antes que a Sally se anime a sacanear paulista… GAROTINHO! Sério?)

Tá todo mundo de sacanagem. Não precisa admitir em público, mas tem que se adaptar.

Rafael Pilha é perfeito nesse aspecto. Está de sacanagem até quando não quer e é famoso por motivos alheios à política. O PDESF acertou no alvo.

3ª . EU PAREÇO POBRE?

Coloque uma porra de um terno. ISSO NÃO É NEGOCIÁVEL. Candidato sem terno só ganha eleição de Mister Universo. E isso vale para candidatas também, porque aquelas roupas que elas usam são ternos disfarçados.

Sally uma vez me disse que pobre não gosta de pobre. E essa é uma verdade que dia após dia me faz entender mais e mais coisas sobre a publicidade em geral. É o tipo da frase que devera ser dita por algum professor logo no primeiro semestre de qualquer curso de comunicação.

O Collor ganhou uma eleição saindo DO NADA até a vitória fazendo pose de mauricinho.

Muito se fala sobre as tocantes campanhas de Voça Çenhoria em 89, 94 e 98, mas nada passa por cima do fato que demoraram três eleições para se tocar que o problema era o candidato não usar terno. Hora de mudar o caralho, a pobralhada finalmente confiou em alguém com cara de patrão!

Atenção para isso: Cara de patrão.

Dilma tinha aquela cara austera de funcionária pública e estava caindo pelas tabelas. Serra, por sua vez, não era muito melhor nesse aspecto, mas pelo menos era homem e tinha um terno. Resultado: Ia ganhar no primeiro turno.

Pegaram a PAC Celular, esticaram aquela cara mau-humorada até a testa ir parar no cu, cortaram o cabelo “estilo madame”, enfiaram roupas de primeira dama e ela virou patroa. (Eu faria ela andar com um cachorrinho minúsculo também, aliás…)

Conde Serra continuou na mesma e agora periga perder no primeiro turno. (Se eu fosse responsável pela imagem dele, o faria usar um daqueles quepes de capitão de navio.)

É a sua imaginação.

Dilma: O cachorrinho funciona como “amiga feia” e adiciona carisma. Serra: Esconde a careca e parece mais seguro de sua direção. Eu sou um gênio!

Marina… nem com reza braba. Sensibilidade à maquiagem é prenúncio de derrota em eleições brasileiras. Sem contar que ela está num Fusca… turbinado pela ecochatice, mas um Fusca mesmo assim.

Em cargos mais pulverizados, também faz diferença não parecer pobre. Por mais ridículo que seja o cidadão ou cidadã, sempre se vestiam de forma “elegante”. Até o Enéas, que tinha cara de mendigo, usava terno até para tomar banho. Faz diferença num país com população sem estudo. Tem que parecer alguém que manda neles no dia-a-dia. Pobre tem horror à idéia de alguém sem “direitos divinos” de poder dizendo para eles o que fazer.

Até porque se só gente que já parece rica pode ganhar eleições, eles tem um bom motivo para continuar cagando e andando para o processo. (O que economiza uma boa dose de “levantar a bunda da cadeira e fazer alguma coisa”…)

Pilha já tem seu terno e é loiro. Resolve.

4ª . EU POSSO TER PERSONALIDADE?

Depende do cargo que você quer. A regra é simples: Quanto mais pessoas você precisa que votem em você, menor a sua personalidade política. Personalidade política é aquela composta das causas que você defende. Um candidato à deputado pode defender uma causa específica como instaurar a pena de morte para crimes hediondos. Um candidato à presidência só pode defender a causa de diminuir a violência. Se disser um “A” a mais, perde votos.

Não à toa, não resolvem muita coisa. O da causa específica não consegue empurrar sua vontade pra cima de tantos outros representantes. O da causa genérica e vazia nunca vai ter chance mesmo.

Mas a personalidade política decide eleições. Normalmente o candidato mais “chapa branca” é o que ganha para presidente. Como eu já disse antes, o povo só quer decidir logo e se livrar do problema.

Collor era “vencedor”, FHC “intelectual”. Lula era um militante sem um dedo, lutando pelo trabalhador e pelo socialismo. Perdeu até dizer chega… Até sacar que o problema era EXCESSO de personalidade. Botou um terno e virou um “esforçado”.

Personalidades de uma palavra vencem eleições presidenciais. Não é à toa que Dilma VAI ganhar a eleição. A personalidade dela é “clone”. Pegou. Só uma cagada do nível “Marta chama Kassab de viado” pode estragar as coisas agora…

P.S.: Obama era “mudança”. É a mesma merda no mundo todo. Personalidades de uma palavra.

Porque vocês acham que campanhas (de alto nível) sempre tem musiquinhas bregas e montagens de cenas do Brasil? Porque se o candidato começar a falar muito, vai se ferrar.

Pilha é “ligado”, caso achem que eu falharia com meu próprio candidato.

5ª . TENHO DINHEIRO?

Se não tiver nem como fazer algum acordo sujo “pago quando eleito”, o que diabos você acha que está fazendo concorrendo?

Pilha já nos ofereceu um real e meio passe pela campanha no desfavor. A outra da metade do passe não sabemos onde foi parar e sinceramente… achamos melhor nem saber.

6ª . SÉRIO?

Sério. É assim que funciona, não é exagero humorístico. Acompanhem essa campanha eleitoral com olhos críticos dessa vez e “façam as perguntas”. Vão acertar praticamente todos os vencedores bem antes das últimas pesquisas de intenção de voto.

A democracia brasileira funciona maravilhosamente bem. É realmente o nosso povo que define o que funciona ou não nas eleições. Não somos impotentes, somos coniventes.

Candidate-se e siga esse guia. Faça nem que seja só de sacanagem. Afinal, faz parte do processo.

Eu? Não… Eu prefiro ficar com a parte lucrativa. Só me candidato se for para ditador.

Para dizer que prefere ver a grama crescer do que ver horário político, para tirar sarro de quem não tem TV a cabo, ou mesmo para reclamar que a candidatura do Pilha ainda não foi aprovada: somir@desfavor.com


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