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Flertando com o desastre: Bullyingshit.

| Somir | | 27 comentários em Flertando com o desastre: Bullyingshit.

Me amarrava nesse jogo!Recentemente foi aprovada uma lei no Rio Grande do Sul que qualifica e cria políticas públicas para conter o famoso “bullying” nas escolas. Mesmo correndo o risco de ser permanentemente expulso da Associação dos Nerds, não poderia deixar de expressar a minha discordância da medida.

Mas vamos por partes: O termo “bullying” ficou mais conhecido nessa recente abertura dos portos virtuais brasileiros. Antigamente era a boa e velha crueldade infantil/adolescente contra os mais fracos do bando. Para quem não tem muita famialiridade com a língua inglesa, “bullying” vem de uma expressão idiomática que significa pressionar, empurrar ou passar por cima.

Num ambiente escolar, a vítima dessa prática acaba isolada e humilhada por colegas que a escolhem como alvo de brincadeiras de mau-gosto (algumas engraçadas, admitam…), ofensas e até mesmo violência física. Mas tudo isso SEM provocação prévia. Um moleque que leva uma surra depois de chamar o valentão da turma de viadinho não está sofrendo “bullying”, está aprendendo a pensar antes de falar.

E sim, essa é uma fase de aprendizado constante. A escola ensina conhecimento científico e histórico importantes para a vida, mas ensina principalmente como lidar com outras pessoas. E é em prol deste aprendizado que eu não sou fã dessa onda de preocupação (do nada) com uma prática tão antiga quanto essa.

Não começaram a pegar no pé e maltratar os desajustados da turma recentemente. Excluir o diferente é parte integrante da evolução humana. Não parece muito justo, mas definitivamente teve a sua função: O anti-social das cavernas era expulso do bando e não se reproduzia. O anti-social da antiguidade ficava isolado e não atrapalhava o desenvolvimento da civilidade. Fiquem felizes, sem isso não estaríamos aqui. A humanidade é o que é pela sociabilidade.

Atualmente, o anti-social ficou mais interessante. Seleção natural já não faz muita diferença para a humanidade, e pessoas solitárias e obsessivas tem grandes possibilidades de desenvolver conhecimento específico valioso. Mas não pode-se negar a tendência instintiva de punir quem não se adapta ao padrão esperado do grupo. Ninguém ligava de verdade para proteger essas vítimas até pouco tempo atrás.

Hoje em dia, considerando que os nerds estão mandando na economia mundial… o “bullying” virou um problema sério que está destruindo nossa juventude. Já ganhou até sub-categoria, o “cyber-bullying”, que nada mais é do que a mesma coisa de sempre com computadores e celulares.

Ok, não é nada agradável ser a vítima de um grupo de crianças ou adolescentes cruéis sem tê-los provocado previamente, mas eu posso dizer com a experiência de ter sido um anti-social escolar: Esse drama em cima do assunto não vai ajudar em nada, aliás, se tiver algum efeito, vai ser negativo.

A cruel realidade é que algumas dessas crianças e adolescentes PRECISAM sofrer essa pressão antes que não tenha mais volta. Poucas pessoas tem a criação de alto nível e/ou a dedicação necessária para se dar bem na vida sem depender muito de ajuda externa. Não tenhamos a ilusão de que todas essas pessoas que sofreram na escola vão se vingar do mundo se dando muito bem na vida adulta.

Digo isso por uma experiência pessoal. Mesmo que minha vertente anti-social não tenha sido “curada”, após sofrer por algum tempo algo bem parecido com o que se chama de “bullying” hoje em dia eu aprendi algo essencial para a continuidade da minha vida: Conversa não resolve tudo.

Venho de uma criação pacífica e equilibrada. Me desenvolvi num ambiente onde argumentação dava conta dos problemas. Atitudes violentas e desequilibradas eram muito mal vistas. Achei tão bacana que pretendo repetir com eventuais filhos, mas disso surgiu um problema que ficou evidente depois de alguns anos de convivência na escola. Eu simplesmente não considerava a possibilidade de brigar ou ser agressivo.

Foi necessária muita provocação até eu aceitar que o meu jeito de resolver problemas não resolvia porra nenhuma naquela situação. Eis que veio a iluminação: Uma porrada bem dada vale por mil palavras. Eu ainda acho absurdo que isso precise acontecer e odeio a humanidade mais ainda por esse motivo, mas… O mundo não é justo. Aceite ou se foda.

E quando aconteceu comigo, as escolas estavam cagando e andando para essa história. Era a lei da selva e pronto! Tenho medo do que eu teria me tornado se essa política de vitimização estivesse em vigor. Se me fizessem acreditar que toda a culpa era das pessoas que estavam me perseguindo e que eu não tinha que mudar, grandes chances que eu tivesse me tornado essa vítima.

Não me tornei um valentão, não mudei de personalidade. Apenas aprendi uma lição. E não é justamente disso que precisamos nessa fase da vida? Minha discordância vem da idéia de que essas crianças e adolescentes levadas a acreditar que não precisam se adaptar a vida real não vão funcionar direito na vida adulta e não vão desenvolver os supostos talentos dos anti-sociais.

Sejamos sinceros. Quem vai “chorar” para a direção da escola ou para os pais quando sacaneado na escola está mil vez mais fodido do que estava anteriormente. Pode-se até colocar uma política pública para fingir que o mundo pode ser justo, mas não se pode mudar as regras não-escritas da convivência nessa idade. A vítima do “bullying” vai ficar ainda mais isolada e odiada se começar a ter proteção institucional.

Não resolve o problema de “ressocializar” o anti-social. E ele é bem capaz de se colocar na posição de vítima profissional e ficar esperando o mundo pagar sua dívida com ele. Afinal, ele nunca aprendeu que o mundo é tudo, menos justo.

E nem me venham com essa de tiroteios em escolas, eu já falei sobre isso antes: Neguinho não sai matando porque foi sacaneado pela turma, faz isso porque é sociopata.

E como eu falei dos talentos dos anti-sociais, aqueles que moldaram a sociedade moderna, eu devo mencionar como eles se formam: Através de isolamento e uma idéia incessante de que vai ter que fazer muito mais do que simplesmente existir para ter valor nessa vida.

Uma pessoa “normal” e social não se sente tão compelida a mudar o mundo. Ela é bem aceita e as coisas funcionam mais ou menos como ela espera. Uma pessoa mais desajustada sente a necessidade de fazer algo notório para ser aceita. (Sim, é uma forma bonita de dizer que é a buceta que move o mundo…)

Vítimas esperam que as coisas caiam no seu colo, desajustados aceitam que precisam fazer mais se quiserem atenção.

OU SEJA: Piora a vida da pessoa no momento, desenvolve problemas futuros e ainda por cima pode matar no berço alguns talentos nerds incríveis.

É essa mania de conformidade, nivelar todo mundo por baixo naquela asneira moderna de “todo mundo é especial” que faz assuntos como “bullying” tomarem essa proporção. Já existem punições e autoridades responsáveis para lidar com todos os casos de perseguição escolar. Se quer que o mundo seja mais justo, CORRIJA quem faz coisa errada.

Porque essa coisa de mobilização social contra o “bullying” parece aquelas mãe cretina que vê o filho botando fogo nas cortinas e diz: “Cauã Cauê, não faz isso que mamãe fica triste…” (comentário roubado da Sally)

Fode a vida da vítima, não pune quem maltrata. Grandes merdas. Se é pra ficar com essa frescura, deixa os nerds apanherem um pouco na escola, porque pelo menos assim eles tem uma chance de resolver seus problemas.

P.S.: E tem gente que merece ser sacaneada mesmo.

Para dizer que vai me denunciar por ter ferido seus sentimentos, para dizer que qualquer lei que evite que pessoas se desenvolvam como eu é válida, ou mesmo para dizer que cuecão é patrimônio histórico e não pode ser proibido: somir@desfavor.com


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