Somir Surtado: A virgem experiente e o galinha fiel.
| Somir | Somir Surtado | 16 comentários em Somir Surtado: A virgem experiente e o galinha fiel.

Também poderia chamar este texto de “A teoria do inusitado confortável”, mas o título original me parece mais chamativo. O meu objetivo hoje é analisar dois arquétipos muito comuns no imaginário afetivo das pessoas. Tenham em mente que os exemplos que dão nome à coluna de hoje são mais condizentes com o modelo de ciumento racional, algo mais próximo deste que lhes escreve.
Tenho uma teoria (eu sempre tenho uma teoria…) que diz que basta juntar dois termos supostamente contraditórios para se achar a “pessoa dos sonhos” de praticamente qualquer um. Rico humilde, valentão carinhoso, ciumento racional, insensível atencioso, político honesto, mulher inteligente (mulheres inteligentes sabem o significado da palavra “supostamente”)…
Essa busca pelo inusitado confortável é muito comum. Homens e mulheres buscam parceiros que valorizem sua própria noção de serem únicos e especiais. Queremos alguém que só nós poderíamos ter achado, mas que ao mesmo tempo nos posicione de forma vantajosa em relação às outras pessoas. Eu sei, eu sei… O texto está um pouco confuso ainda. Por isso temos os exemplos do título para ilustrar de forma mais simples o que eu quero dizer com a teoria do “inusitado confortável”.
É provável que você não se identifique totalmente com esses objetivos de pessoas, mas é muito provável que você perceba como o mecanismo é muito parecido para vários outros exemplos. O tipo de pessoa “ciumenta racional” me parece a mais comum, aquela pessoa que não é imune ao ciúme, mas ao mesmo tempo não se entrega totalmente ao sentimento. É uma espécie de equilíbrio entre o que se quer de verdade e o que funciona na vida real. “Não prenda demais, não solte demais”. Um pouco de experiência de vida é o suficiente para aprender essa regra.
Eu, por ser um ser humano egoísta e possessivo, ainda estou no processo de entender melhor como não me prender nas armadilhas que esses comportamentos vivem me apresentando. Para dar nomes aos bois e compreender melhor como eu funciono, cunhei o termo “virgem experiente” para definir a minha mulher ideal.
O que é uma virgem experiente? Bom, com certeza ela não é virgem. Eu sei que não faz o menor sentido, mas basta trocar a expressão por “irracional racional” que os termos começam a demonstrar seu verdadeiro significado.
A virgem representa o irracional. Entendam “virgem” nesse exemplo não como uma mulher que não teve sua primeira relação sexual com penetração, entendam como uma mulher completamente intocada. Não é realidade, é um conceito insano, uma pessoa que só existe na mente. O desejo possessivo de ser dono do passado, presente e futuro afetivo de uma mulher. Mas nada nessa vida vem sem conseqüências: A virgem não vai ter nenhuma capacidade de lidar com uma relação adulta. A virgem seria uma criança ou uma mulher tão repulsiva ou maluca que ninguém chegou perto dela até hoje. A virgem não é atraente.
A experiente representa o racional. A experiente pode ser tratada completamente no campo da realidade. Uma mulher que já entende como as coisas funcionam, uma mulher que já sabe o que quer, e principalmente: Uma mulher que não fica parada feito uma almofada na cama. A experiente é atraente, real e não enche muito o saco por ser mais segura de si. (SPOILER: Uma pessoa que nunca te enche o saco não existe.)
Oras, então por que não apagar essa “virgem teórica” da mente? Caros leitores, podem ter certeza que se uma pessoa como eu soubesse como desligar a irracionalidade, já teria feito isso há muito tempo. O ciúme e a possessividade são companhias constantes desse que lhes escreve. E eu duvido muito que não acompanhem a maioria de vocês. Algumas pessoas lidam muito bem com isso, outras nem tanto.
Durante muito tempo eu decidi sufocar tudo debaixo de uma camada de indiferença, tentando (como sempre) deixar o resto da humanidade estúpida sofrendo à toa por seus desejos “inferiores”. Pois é… às vezes funciona, às vezes não. O irracional é muito mais forte do que imaginava.
Enquanto eu fazia o papel de indiferente para satisfazer o desejo de estar no controle, o meu inconsciente me pregava uma peça daquelas… Eu estava ativamente procurando e me relacionando com quem me lembrava mais do conceito da “virgem”. Esqueci da minha regra básica: Conheça o inimigo.
Quando não se sabe contra quem você está lutando, a tendência é que você bata justamente onde não vai ter resultado. A indiferença em relação ao que me movia a procurar as “virgens” (ciúme e possessividade) era justamente a forma mais inútil de trabalhar com isso. Mais ou menos como deixar de fechar a porta de casa para evitar que ladrões roubem suas coisas.
A contradição enorme presente na idéia de “virgem experiente” garante que não se possa achar essa pessoa. Não se tratar os termos como idéias absolutas. (Eu disse que ficaria mais simples, né? Eu sempre minto quando digo isso.)
Existem formas de se lidar com essa idéia, e a mais racional é procurar pela pessoa que tem a maior parte das características que você quer (dã). Como é natural que os desejos sejam contraditórios (inusitado confortável), você se obriga a fazer várias escolhas sobre o que é mais importante. E esse é ponto chave: Escolhas. Tem coisas que simplesmente não combinam.
Exemplo: Possessividade retroativa (ou: ciúme do passado, ou: maluquice total) não combina com uma mulher da categoria “experiente”. O correto é “desligar” essa irracionalidade de querer ser dono do passado de alguém e aproveitar todas as vantagens de ter encontrado alguém que tem o que se quer.
Mas nem eu tenho essa capacidade de ligar e desligar irracionalidades assim. Acreditem em mim quando digo que já tentei de todas as formas que pude. Não dá para fazer isso de forma eficiente sem lidar com alguma manifestação incontrolável do subconsciente depois.
Minha fórmula de (relativo) sucesso foi simples: Manter o inimigo por perto. (E vou ser honesto: Sally foi essencial nesse processo de perceber o que eu estava fazendo de errado. Mesmo odiando ela momentaneamente por causa do texto de ontem, ela merece o crédito de ter me “salvado” dessa armadilha inconsciente.)
A partir do momento em que você escolhe o ponto principal (no meu caso, a “experiente”) do que realmente quer, basta lidar ativamente (ciúme e possessividade) com os problemas decorrentes do que faltou do seu ideal inusitado confortável. (A “virgem”.) Dificilmente essa contradição vai te abandonar, mas é bem mais fácil lidar com ela assim que você sabe o que priorizar no final das contas. “Não prenda demais, não solte demais”.
O que me leva a uma espécie de contraponto feminino da idéia da virgem experiente. O “galinha fiel”.
Provavelmente por questões evolutivas da nossa vida como espécie em grupos dominados por machos-alfa (não é machismo, é o simples funcionamento do ser humano primitivo), temos uma variação curiosa aqui. Enquanto o homem vai enxergar mais primitivamente a parte “virgem” da mulher como vantagem irracional primária, a mulher vai enxergar a parte “experiente” da mesma forma.
O macho-alfa pegava as fêmeas primeiro e não dividia mais. Era a sua medida de sucesso. As fêmeas buscavam justamente o melhor macho, que era definido pelo que já tinha mais fêmeas ao seu dispor.
Abordagens evolucionistas combinam muito com o que ainda temos de irracional em nossas mentes. Os milhares de anos de sociedade complexa mudaram várias coisas, mas não nossos instintos.
O “galinha fiel” nada mais é do que um macho-alfa de uma fêmea só. Eu não posso me aventurar muito pela forma como uma mulher pensa pelo simples fato de não ser uma. Mas eu posso traçar alguns paralelos em relação ao que percebo delas em relação ao que eu penso e ouço de outros homens com freqüência.
Uma mulher que é vista com vários homens diferentes normalmente ganha uma conotação negativa com um homem que quer algo a mais do que um “lanchinho”. Um homem que é visto com várias mulheres diferentes parece ligar alguma forma de valor inconsciente para mulheres que querem algo a mais do que uma relação rápida.
O valor da exclusividade é feminino, o valor do melhor reprodutor é masculino. Mas esses são conceitos completamente arcaicos, de um tempo onde a nossa sociedade funcionava na prática de forma totalmente diferente do que é agora. Não basta apenas o básico do instinto de reprodução, queremos as vantagens do outro gênero também.
E as coisas “viraram” de acordo com o passar do tempo. Tanto tempo buscando a grama mais verde do vizinho criaram desejos de ter o melhor dos dois mundos.
Homens e mulheres querem os melhores e mais desejados por outros exclusivamente para eles. De um lado, o instinto mantendo a pressão pelas escolhas baseadas por ele, do outro lado desse cabo de guerra, a mente procurando formas de ter todas as vantagens possíveis.
O confortável é o instinto nos dizendo o que precisamos para fazer nossos papéis sexuais da forma “certa”. O inusitado é a racionalidade buscando situações novas e mais satisfatórias para nossa vida.
O confortável evita que nos destruamos, o inusitado melhora a qualidade da vida.
A “virgem experiente” e o “galinha fiel” são definições do que buscamos. Cada pessoa pode enxergar termos e definições diferentes para essas idéias, mas a contradição entre instinto e racionalidade está sempre ali.
Se tem alguma lição neste texto, é que a irracionalidade faz parte da vida e deve ser vigiada de perto. Se suas escolhas no campo afetivo parecem dar errado vez após vez, pode ser a hora de perceber de que lado você está, que parte vale mais a pena. A contradição faz parte do processo e não se pode ter tudo que quer.
Para dizer que não entendeu nada mas que percebeu que eu acabei escolhendo a opção “mulherzinha”, para dizer que o texto mudou completamente de sentido e que eu sou maluco, ou mesmo para dizer que essa coisa de ciúme e possessividade são coisas de seres humanos inferiores: somir@desfavor.com
Somir,
Quero parabenizá-lo pelo texto. Reproduz bem o desejo dos indivíduos. E fiquem com inveja estou num relacionamento assim… peguei uma virgem desenvolta, e eu sou o trofeu dela "galinha-fiel" Atingi a felicidade plena. uhuuuu
Deu no que deu = fudeu!
Caras leitoras, abordagens evolucionistas são idéias gerais sobre a espécie e não definições específicas sobre indivíduos.
"O troféu do homem é a mulher que está pegando, o troféu da mulher é o homem que as outras não estão pegando".
Em se tratando de espécie humana, homo Sapiens, a coisa não é tão categórica não, Somir!
Tem muito homem por aí q adoraria e tira a maior onda qdo pega mulher dos outros… Assim como tem mulher q tira onda q pegou mulher de fulana, etc e tal.
;)
Como diria um colega meu:
"Tem lógica, mas não faz sentido!"
Tipo assim: Eu curto um galinha porque eles são galinhas porque são gostosos, então a mulherada cai pra cima e eles comem mesmo. Só que ao mesmo tempo eu queria esse galinha só pra mim, então seria um galinha-fiél. Nesse ponto vc acertou, Somir. Esses fdp também ficam tirando onda, achando que querem as virgens, depois que come acabou, vai pegar as vacas, isso sem contar que arriscam a relação deles com as virgens, porque querem pegar as vacas por fora.
Tem uma certa lógica, mas não penso assim…
Ah, Somir, vc é meio doido!
Sally, e essa é uma das diferenças primordiais entre homens e mulheres: O troféu do homem é a mulher que está pegando, o troféu da mulher é o homem que as outras não estão pegando.
Homens: "Nós contra o mundo".
Mulheres: "Nós contra nós".
Somos todos descendentes dos seres mais bem adaptados à vida em grupo. Os outros não se reproduziam.
Os homens tinham que se unir para caçar e defender o grupo, as mulheres tinham que disputar os recursos e a pouca atenção masculina disponível.
Deu no que deu.
Não entendi nada :(
Não Sally, seria ciúmes mesmo.
O fato é que os dois namoros mais sérios que ele teve antes de mim, foi ele quem deu o pé na bunda delas.
Sendo que num dos casos o término foi por uma briga idiota, sabe aquelas coisas q algumas mulheres fazem esperando que o cara corra atrás depois da briga? Pois é, ele não correu atrás e terminou mesmo.
E mesmo ele deixando bem claro pra elas que elas fazem parte do passado, de vez em quando elas resolvem dar o ar da graça.
Ou seja, são recalcadas que ainda não assimilaram o pé na bunda que tomaram. E é por isso que quero que morram!
Somir, na cabeça feminina, não existe troféu maior do que pegar um galinha e "torná-lo" seu homem fiel. Geralmente mulher se mede pela opinião externa sobre ela mesma. Ao encoleirar um galinha ela ganha admiração e a certeza de que ela "vale a pena".
Dani, querer que ex morram não seria caso de insegurança em vez de ciumes?
Eu sou virgem, e quando tinha orkut, recebi declarações de amor constantes por msn. todo mundo (cuecas)queria tirar meu cabacinho, achei lindo, mas meu amor sempre sera do Pilha.Era divertido ver como Nós somos carentes de nossa imagem montada.
eu sou…
Quando li o termo "virgem experiente" antes de começar a ler o texto, achei que se tratava de casos onde a menina virgem e aparentemente 'múmia' ao perder a virgindade se mostra uma puta na cama.
Por que será que às vezes eu penso como homem???
Meu namorado teve bem poucas experiências antes de começar a namorar comigo, e isso não foi papinho dele para me ganhar, pois eu era amiga dele há tempos e ele me contava quase tudo.
Eu era virgem quando comecei a namorar com ele (tinha 19 anos).
Hoje, acho que eu não saberia lidar com um namorado que tivesse tido várias antes de mim, certamente eu morreria de ciúmes. Até pq de certa forma eu teria como "exigir" isso uma vez que eu não havia tido experiência nenhuma antes dele.
Sou ciumenta sim! Quero que todas as mulheres que passaram na vida dele antes de mim morram!!! Independente se tiveram relação sexual ou não!
Há uns 2 anos eu namorei uma virgem, REALMENTE VIRGEM, de 22 anos. Eu merecia um prêmio por tê-la aturado por 3 meses, acho que boa parte não conseguia um dia (apesar de razoavelmente bonita), pois ela é neurótica (eu sou, mas ela é demais). Pois bem, esse detalhe era o que mais me atraia nela, uma mulher sem um passado para eu ter ciúmes. Idiotice.
Logo em seguida eu namorei uma mulher mais experiente, com um passado, que assim como uma cozinha de restaurante chinês, era melhor nem querer conhecer. Bem, não deu certo também.
Resumindo… Eu também queria uma "virgem experiente".
Como eu sou 8/80, tenho ciúmes incontroláveis sim, mas a paixão passa rápido e depois tenho desprezo.