Sally Surtada: Ex-amiga.
| Sally | Sally Surtada | 14 comentários em Sally Surtada: Ex-amiga.
Relacionamentos amorosos terminam. Todo mundo sabe disso e, bem ou mal, todo mundo está preparado para isso. O fim pode ser traumático, mas não se pode dizer que seja inesperado. Já falei tanto sobre isso aqui… Por isso hoje venho falar de um outro fim, muito pior, muito mais sofrido e não esperado: o fim de uma amizade.
Amizades supostamente devem ser para toda a vida. Ao menos poderiam ser para toda a vida. Não se espera que uma amizade termine, porque afinal, se a pessoa se deu ao trabalho de te conhecer melhor a ponto de se tornar sua amiga, e optou por continuar do seu lado, mesmo sabendo exatamente como você é, porque ela iria embora mais tarde?
Na minha opinião, amizades terminam pelos mesmos motivos de relacionamentos amorosos: as pessoas passam a ter interesses diferentes, as pessoas se enganam a respeito do caráter daquele com o qual convive, ciúmes e tantos outros motivos banais. E a dor de terminar uma amizade é a mesma ou até maior do que a de terminar um relacionamento.
Além da dor, tem o constrangimento. Porque terminar um relacionamento é um direito sagrado que todo mundo tem e ninguém questiona isso. Se você deixou de gostar do seu parceiro, ninguém vai te jogar uma pedra, afinal, isso acontece. Mas experimente dizer que deixou de gostar de uma amiga ou de um amigo para ver o surto de fúria que isso desperta nos outros!
O rejeitado ou a rejeitada, inclusive, costumam se portar com mais fúria do que parceiro trocado. A tendência é denegrir a pessoa que rejeitou, para tentar se sentir menos bosta: “tudo bem, ela me rejeitou, mas ela é uma merda, então eu sou legal”. Nada lógico. Mas se serve de conforto para a pessoa, que seja assim. Paciência, pessoas inteligentes e observadoras sabem que quem hoje te elogia e amanhã te xinga é, no mínimo, ridículo. Cada um perde a moral como quer.
Existem motivos graves para virar as costas para uma amiga. Os mais comuns, ao menos nos relatos que eu recebo por e-mail e no fórum são amigas vampiras, que sufocam e parasitam a pessoa. Aquelas amigas que querem monopolizar, que demandam atenção o tempo todo. Essas pessoas carentes geralmente costumam sugar (sem trocadilho) o parceiro, mas quando estão solteiras, parasitam as amigas. Durante um tempo isto é suportável, mas a longo prazo se torna um pé no saco. Dá um pouco de pena porque a pessoa em si nem sempre é má, é apenas carente, capenga emocionalmente e se escora na amiga para suprir sua carência. Mas uma relação dessas faz mal, então, mesmo não sendo má pessoa, é preciso se afastar. E ainda periga da amiga espantar outras amigas, por ciúmes ou possessividade. Uma atitude um tanto quanto lésbica a meu ver.
Outro tipo comum é aquela amiga destruidora, que sempre critica tudo e tenta jogar para baixo as pessoas à sua volta. Nunca nada está bom para ela. Está sempre detonando, sem ao menos ser perguntada. Talvez ela não seja má pessoa, mas quem consegue conviver com uma amiga tão pentelha? Gente assim, sem um pingo de generosidade e compaixão, que jamais conforta uma amiga, tende a afastar as pessoas. E a gente se afasta mesmo, não por deixar de gostar dela, muitas vezes ela tem suas qualidades, mas por gostar de nós mesmas.
E tem também a amiga que parece uma ótima amiga e por trás faz intriga. Faz armações. Faz fofoca. Aquela pessoa tão rejeitada, mas tão rejeitada, que tenta se aproximar dos demais e conquistar sua simpatia contando informações privilegiadas. O mundo é composto por uma grande maioria de fofoqueiros que vivem a vida alheia, então, essa pessoa encontra sempre uma platéia cativa para se aproximar e desfiar um rosário de informações confidenciais sobre as pessoas que as cercam, ou que já as cercaram. Falta de ética total. Claro que os mesmos que ficam ao seu lado para ouvir as fofocas sabem muito bem que essa pessoa não vale uma paçoca e que quando tiver oportunidade fará o mesmo com os demais, mas mesmo assim, lhe dão o que ela procura: aceitação momentânea.
Muitas vezes a amiga nem é uma babaca. A amizade termina por nada, simplesmente porque as pessoas perderam a afinidade. Quem nunca teve uma amiga do colégio com a qual foi perdendo contato gradativo sem saber muito bem o porquê? As pessoas mudam, crescem e vão tomando caminhos diferentes. É natural que se afastem ou se aproximem de outras pessoas de acordo com a afinidade. Eu tive uma amiga assim. Gostava muito dela, realmente gostava. Até hoje tenho afeto. Mas seguimos caminhos tão diferentes que uma não tem mais interesse na outra. Ela casou cedo e fez uma penca de filhos (cinco!). Eu trabalho dez horas por dia. Não temos mais assunto uma com a outra. Não temos mais programas para fazer juntas. Vivemos duas realidades diferentes. Não temos um elo de interesse comum para sustentar nossa amizade. Não brigamos, mas nos afastamos. Em compensação, eu tenho uma grande amiga do colégio (25 anos de amizade) com a qual falo quase todos os dias e com a qual tenho muita afinidade.
O problema principal é como se livrar de um amigo que não é mais desejado, por qualquer motivo. Por motivos mais graves, como traição, falta de caráter ou outros ou por motivos mais banais, como pessoas que simplesmente te sugam, pessoas que se tornaram chatas ou pessoas que te fazem mal. Com namorado a gente senta e faz aquele discurso de que precisamos de um tempo para ficar sozinhas, sem relacionamento amoroso, mas com amigo isso não cola. Não dá para dizer a alguém “Nada pessoal, Fulana, preciso ficar um tempo sem amigos”.
A pergunta que eu deixo para vocês é: o fim de uma amizade precisa ser anunciado? Isso precisa ser verbalizado?
E quando uma das partes ainda acena com a vontade de continuar amiga, como dizer que você não quer mais, que aquilo não é mais interessante para você, que aquilo não te satisfaz mais, que aquilo não te faz bem? Pior: como dizer isso tudo sem magoar, sem que a pessoa fique com raiva?
Eu acho que é mais piedoso ir dando sinais de que você e sua amiga não estão mais em sintonia. Mas a experiência me mostrou que isso desperta a ira alheia, e que muitas vezes as pessoas não entendem ou não querem entender esses sinais. Talvez o ideal seja deixar o preto no branco, de preferência com testemunhas, ao vivo e a cores, para que não pairem dúvidas do que aconteceu e de que sua conduta foi correta. Mas é tão difícil dizer isso na cara de alguém…
É muito ruim ter que dizer a uma pessoa “Foi mal, não te quero mais como amiga”. É muito ruim mesmo. Só que muitas vezes, manter a amizade com a pessoa é pior ainda. E geralmente as pessoas não se mancam se não for verbalizado assim, preto no branco. Você briga, você se afasta e um tempo depois sempre vem um e-mail, um SMS, um depoimento no Orkut ou um telefonema, assim, como quem não quer nada, tentando se reaproximar. Os chutados sempre tentam uma reaproximação. Parece que as pessoas precisam ouvir um “Não quero mais, NUNCA MAIS, manter uma amizade com você! Se manca!”. Só que não é de bom tom falar uma porra dessas. O que fazer?
Tem uma frase que eu repito muito: você só conhece o caráter de uma pessoa depois que a rejeita. Seja amigo, seja funcionário, seja namorado. Uma pessoa aparentemente boa, aparentemente dedicada, que aparentemente gosta de você, pode ficar transtornada quando é rejeitada e pode perder a noção do certo e do errado.
Algumas providências podem ajudar a se proteger nesses momentos. Uma coisa que eu fiz uma vez, e admito, não foi por esperteza, foi por sugestão do Somir, que viu a desgraça antes que ela de fato aconteça, foi “desabafar” uma série de mentiras para uma amiga que eu sabia que cedo ou tarde teria que rejeitar porque estava me sufocando. Desabafei coisas cabeludas (e mentirosas) para ela, porque sabia que na hora da rejeição a raiva viria (sabia porra nenhuma, o Somir me alertou). Não deu outra. Assim que “rompemos” pipocaram essas mentiras escabrosas a meu respeito por todos lados. Até achei graça, porque pude provar que eram mentiras e a pessoa saiu desmoralizada. Fica a dica. Recomendo a Tática Somir de Afastamento.
Poucas pessoas no mundo lidam bem com rejeição. Para romper com uma amiga é bom pressupor que se está ganhando uma inimiga. Tomara que não, tomara que ela encare numa boa, mas se prepare, porque o mais provável é que a pessoa rejeitada vire sua inimiga, por mais cuidadosa que seja a ruptura. Rejeição é rejeição, por mais floreada que seja.
O conselho que eu deixo para quem está do lado da rejeição é que se retire de forma silenciosa e digna. Não interessa porque sua amiga não te quer mais, o que interessa é que ELA NÃO TE QUER MAIS. Foda-se o motivo. É hora de se retirar e procurar gente que te queira, que te valorize e que te aprecie. Não fique com raiva, não se sinta um lixo. Muitas vezes conhecemos pessoas em uma época da vida e com o passar do tempo, cada um vai para um lado, com novos objetivos de vida, novos valores, novas prioridades, que tornam a antiga amizade desinteressante ou incompatível. Isso não faz de você má pessoa, apenas uma pessoa incompatível.
A dúvida que ainda me persegue, e eu gostaria da opinião de vocês nos comentários, é sobre como ultimar uma amizade que não interessa mais, seja porque a amiga é um saco, seja porque é incompatível, seja porque não te faz bem ou seja porque é uma escrota? Mero afastamento? Uma conversa sincera? Carta anônima?
Sou pessimista, acho que qualquer que seja a fórmula adotada, a pessoa rejeitada sempre faz disso um drama e se vinga, de forma sutil ou de forma aberta. Poucas pessoas se retiram com dignidade. Quem está certo do que é e do seu valor, não se importa com esse tipo de rejeição. Quem não sabe muito bem o que é, quem é inseguro, precisa do outro para lhe dizer o que é. O que a pessoa é corresponde ao que o olhar do outro diz sobre ela. E essas são as pessoas que surtam quando são rejeitadas. Precisam detonar quem as rejeitou para desmerecer sua opinião.
Para me dizer que tem uma amiga da qual não consegue se livrar, para me perguntar quais foram as mentiras que o Somir me mandou contar e para dizer que mulher não tem amiga, tem rival: sally@desfavor.com
Tenho azar com amigas.Algumas são lindas e ricas mas são problemáticas e se tornaram problemáticas com o tempo e por isso me invejam porque nunca deixo a peteca cair.Moral da estória,estou mandando plantar batatas uma amiga q quando eu ligúei após cionco anos fora da cidade me disse que não iria me ver porque não iria no lugar aonde estou morando,muito chique até.Para completar,me disse que meu imóvel, lindo novo,num local maravilhoso de classe AA ficava na favela e eu atônita,achei que ela tinha ficado louca e também não irei na casa dela,que cheira a urina de cachorro.Então terminei a amizade porque só uma louca e insana pode ser tão maligna e invejosa.Mulheres dificilmente são amigas de outras.
Muito bom seu texto !Caiu como uma luva ! Após anos de uma amizade vampira … estou livre ! fui tratada e bem destratada por uma amiga que se considera * famosa *
Alem de tdu , vc disse tdu .. acho até agora uma titude lésbica e de possessividade . Seu texto me ajudou a esclarecer algumas duvidas , que agora acredito que tem uma exoplicação ! HARE BABAAA !
Concordo plenamente com a Laivine.
Tb sou adepta dos poucos e bons amigos de verdade.
'Conhecidos' tenho vários até por causa de contatos profissionais, mas para os quais falo de minhas intimidades, são bem poucos.
Um pesar que tenho, são duas amigas do colégio com as quais vivi ótimos momentos da minha vida. Elas são mega importantes para mim, entretanto a vida acabou nos distanciando, nos mudamos de onde morávamos, trabalhamos e estudamos em horários não compatíveis…
Cada uma seguiu o seu caminho, falo com elas muito de vez em quando, porém cada vez que falo com elas sinto que nada mudou entre a gente, continua tudo do mesmo jeito. Tenho um carinho enorme por elas.
Gostaria de poder ter mais contato com elas.
*com lágrimas nos olhos*
Amigos nunca foram problema para mim, sempre tive poucos, e esses poucos sempre foram muito valiosos.
É mais fácil lidar com meia dúzia de pérolas que você achou depois de peneirar tanto do que cuidar de 30 grãos de areia.
Você fica segurando aqueles grãos de areia até ficar com a mão assada, nesse meio tempo acaba perdendo as pérolas de vista…
Por isso eu jogo fora o que eu já sei que vale menos que pérolas o mais cedo possível, assim tenho mais tempo pra me dedicar às pérolas e não precisar passar por problemas desse estilo com os míseros grãos de areia.
PS: * Quais as mentiras que o Somir te mandou contar?
* Claro que mulher tem amiga! Isso de rivalidade é coisa de imbeciloide.
Nunca tive azar de ter amizade falsa, que fala por trás e me sacaneia. Eu sempre soube escolher muito bem, minha intuição é phoda!
Quando havia divergências, sempre preferi ficar a favor das amizades do que dos namoros, porque os namoros acabam e as amizades continuam. Eu me identifico mais com amigOs do que com amigAs. Tirando os vadios, acho os homens mais sinceros e honestos. Isso tenho que admitir.
Esse post foi feito pra mim . Estou vivendo uma situação como essa nesse momento . E já recebi muitos conselhos do tipo " dá um fora logo". Mas sei lá ,como está no texto a gente só conhece o carater das pessoas qdo briga com elas e outra , esse meu caso em especial já notei que o carater não é la essas coisas . eu tenho procurado me afastar , nunca posso sair , estou sempre ocupada , às vezes sou até meio grossa mas a pessoa não se toca . E parece que quando nota que estou me afastando começa a publicar ( orkut , msn e até falando ) o quanto gosta de mim e o quanto sou boa amiga ou seja sou uma bruxa por querer me afastar de alguém " tão legal" . Dificil viu ….
Perfeito, Salinda! Poucas coisas gratuitas são tão divertidas quanto estes episódios de "lost in translation".
Pouca gente aqui de São Paulo usa colégio como sinônimo de escola, se não me engano.
Até onde minha memória alcança, aqui colégio remete imediatamente ao colegial/médio/2ºgrau.
Daí a maionese lingüística.
Bem que eu estava estranhando o choque entre filosofia e faixa etária. rsrsrs
Forte abraço!
Eu quis dizer que frequentamos o mesmo colégio, que no Rio, é sinônimo de escola (eu acho)
Estudamos juntas desde a primeira série, salvo engano, cinco ou seis anos de idade.
Tenho 30 anos, não ouse me acrescentar um ano a mais!!! hahahahahaha
"Em compensação, eu tenho uma grande amiga do colégio (25 anos de amizade)…"
Colégio: por volta dos quinze. Mais 25 anos de amizade em cima, chega nos "enta".
A não ser que você a conheça desde bem antes do colégio, ou que colégio não signifique automaticamente ensino colegial (nível médio – segundo grau) no teu texto.
Miaubraços!
Nando, não sei de onde você depreendeu isso, mas te juro que acabo de sair da casa dos vinte…
Aqui esse texto fez lembrar uma outra categoria de amigo que largo pelo caminho: aqueles que passam a se achar a última bolacha do pacote, porque se tornaram bem-sucedidos e/ou porque casaram, tiveram filhos, e/ou simplesmente ficaram frescos etc. Ficam se comparando com você e, óbvio, você é que está em desvantagem…
Tenho vários colegas da primeira faculdade assim, se acham a elite do mundo corporativo, e passaram a ostentar gostos de gente fresca e insuportável. São poucos aqueles que mantêm o mesmo despojamento e topam qualquer programa.
Mas, pior mesmo são aqueles que condicionam manter a amizade por um critério irrelevante, como religião…Esses, tchau e benção mesmo…
Suellen
Em tempo: você percebeu que entregou que já está na casa dos "enta"?
!Saludos, gordita!
Sally: o melhor é se afastar à francesa. Silêncio, gelo e desaparecimento.
Mas tem que ser completo. A menos que a amiga em questão seja uma cliente ou outro interesse comercial/profissional, bloqueie a pessoa como contato no Orkut, MSN e congêneres e não atenda telefonemas dela (mantenha o número na agenda do celular apenas para que o identificador de chamadas te avise quando você deve apertar o "desliga" para cortar sem atender).
Se o desaparecimento sem vestígios não for possível por motivos profissionais, faça como uma DR: leve pra um lugar público (restaurante, de preferência, que é um lugar onde as pessoas são obrigadas a se comportar pra não pagar mico em escala industrial automaticamente) e comunique que a vida tem um senso de humor pra lá de peculiar e dessa vez ela resolveu que vossa amizade já Elvis. Como se fosse pé-na-bunda em parceiro. Se for o caso, "culpe-se" e diga que você mudou tanto com o tempo que gerou a atual incompatibilidade.
A tática Somir de afastamento resolve para o teu lado no curto prazo, mas ferra uma pessoa (nunca se faz isso de propósito, não importa o motivo) e te marca pro longo prazo. Por que sempre vai ter alguém que vai perceber que cebolas aconteceu ali (mentira tem perna cuuurta…).
Paz e bem!