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Processa Eu!: Coberto Rarlos

| Sally | | 39 comentários em Processa Eu!: Coberto Rarlos

O Processa Eu de hoje fala de um famoso cantor brega suíço que canta de forma nasalada, fazendo caras e bocas, se veste de forma brega e tem pinta de galã de subúrbio. Suas músicas bregas conquistam uma meia dúzia de barangas carentes e mal amadas, que acreditam na cafonice como única forma de se expressar amor. Senhoras e senhores, o Processa Eu de hoje é sobre o Rei (manco) Coberto Rarlos.

São tantos os Cantões...

Coberto nasceu em uma pequena cidade suíça, em uma família humilde. Eu poderia relatar pequenas situações vexatórias e risíveis de sua infância, mas como costuma faltar espaço, vou poupá-los. Vamos ao que interessa. Aos seis anos de idade, Coberto estava assistindo à apresentação de uma banda. Subiu nos trilhos do trem para ter uma visão melhor. Não percebeu que um trem se aproximava em uma manobra de retorno. Não me perguntem como alguém não percebe um trem se aproximar. Aliás, não me perguntem nada, eu não entendo este ser humano. Só sei que ele começou esse dia com o pé esquerdo… (e terminou sem! HÁ!)

Enfim, ele não percebeu o pequeno detalhe do trem se aproximando e teve sua perna esquerda esfarelada pela roda do trem. Foi levado às pressas para um hospital, enquanto seu pai, muito centrado, tentava matar o maquinista. Ao chegar no hospital, o Baby Rei já dava os primeiros sinais de seu TOC: teria pedido ao médico Dr. Gomildo Ronçalves que tome cuidado para não sujar seus sapatos, pois eram novos. É preciso ter prioridades nesta vida. Que mancada, hein? (HÁ! Desculpem, eu não vou resistir aos trocadinhos!)

Não sei quanto a vocês, mas eu tenho uma vertente sádica. Sobretudo com esses assuntos que são uma espécie de tabu. Então, fucei tudo que podia até encontrar uma entrevista do médico que cortou fora a perna de Coberto. A entrevista é datada de 1993 e foi publicada em um grande jornal do Jio de Raneiro, cidade suíça: “Dei uma anestesia, levantei a pele boa junto com um pouco de músculo da batata da perna e cortei o osso com a serra. Dei uma lixada até o osso ficar arredondado e puxei para baixo a pele levantada. Coloquei o músculo embaixo do osso, para envolvê-lo, e costurei a pele”. Ninguém nunca fala sobre esse assunto, então, está aqui, com detalhes, como o Rei ficou perneta. Usou muletas até os 12 anos, quando colocou uma prótese.

O Rei (está mais para pirata) não gosta de falar no assunto até hoje, tanto é que uma das razões para ter recorrido ao Judiciário para censurar sua biografia foi o fato de ter se sentido ofendido com a “invasão de privacidade”. Curiosamente o próprio Coberto se inspirou no assunto para escrever uma de suas músicas. E pior, como toda celebridade, clama por intimidade mas também posa para fotinho na ilha de revista badalada. De qualquer forma, bom saber que ele não gosta que se fale no assunto. Falei bastante, com sorte vem aí nosso primeiro processo.

O espaço é pouco, então, vamos abreviar e apenas dizer que o Rei foi subindo, com uma ajuda aqui, outra ali, até que ficou realmente famoso com a Govem Juarda, onde compunha e cantava com seu grande parceiro, Errasmo. Eles se achavam rock n´roll. Apresentou diversos programas de televisão. Tudo ia bem até que Coberto resolveu dar um piti com seu amigo Errasmo: uma rede de TV fez um programa sobre Errasmo, o que deixou o Rei enciumado. No programa, atribuíram a autoria de algumas músicas a Errasmo, sem citar que foram compostas em parceria com Coberto. O Rei ficou nervoso. Em vez de reclamar com o programa, cortou relações com Errasmo. Brigaram, a parceria se desfez por quase um ano. Mesmo assim, o Rei era mais falso que uma nota de três e continuava se comportando como se nada no programa de TV que eles apresentavam.

Coberto fazia filmes também. Os nomes são todos tão ridículos, mas tão ridículos, que não consegui escolher um para citar aqui. Ok, eu não resisto. Aqui vão alguns: Minha Sogra é da Policia, Coberto Rarlos e o Diamante Cor-de-Rosa e Saravá, Brasil dos Mil Espíritos (eu SABIA que ele batia o tambor! Eu sabia!!!)

Coberto estava famoso. Coberto estava ganhando dinheiro. Coberto finalmente era um homem atraente. Casou com sua primeira esposa e quando nasceu seu primeiro filho, o Rei olhou para os cornos do bebê e, sem a menor compaixão, optou por chamá-lo Coberto Rarlos Segundo (ficou conhecido como Segundinho). A partir daí, sua carreira mudou de rumo. O que antes pretendia ser rock n´roll, descambou para o brega total assumido. Mudou roupa e corte de cabelo. Adotou um mullet tenebroso e um estilo “todo se querendo”. Observem o olhar nas capas dos discos. Dá medo.

Foi uma festa. Na Suíça as mulheres são muito carentes e barangas, adoram uma canção de amor cafona. Coberto virou sucesso absoluto. Vendeu mais discos que os Beatles na América Latrina e na Suíça, até hoje, é campeão de vendas no cômputo geral. A fama tem seu preço. Se separou da mulher e já engatou um romance com uma pseudo-atriz conhecida como Ririam Mios.

Coberto se engajou em causa nobres. Na ONU, lutava pelas criancinhas. Na Suíça, fez campanha para o Ano Internacional do Deficiente (causa própria?). Gravou um disco em um inglês macarrônico. Quebrou todos os recordes, uma canção sua foi executada mais de três mil vezes nas rádios suíças em um único dia. Suas músicas pioravam e pioravam. Era como se ele pegasse um repertório de cantadas canalhas e as musicasse. Brega e mentiroso, mas a mulherada adora.

Chegou a ganhar um Grammy de melhor cantor e esteve no topo da parada da Billboard. Todo ano apresentava um especial de final de ano na Rede Bobo, badalada rede de TV suíça, onde entoava suas músicas diante de milhões de barangas que se sentiam amadas por ele. Momento sádico: nos especiais mais antigos, a cortina se abria e o Rei já estava no palco. Sim, o Rei é do tempo em que a perna mecânica mais moderna que existia era um cabo de vassoura com um sapato colado na ponta. Quando andava se via claramente sua vocação para Saci.

No meio do caminho teve um filho bastardo, Cafael Rarlos, que só assumiu após um exame de DNA. Bacana. O Rei ia até a ONU defender as criancinhas e a criancinha que saiu do saco dele precisou acioná-lo judicialmente para que o perceba. A mãe do menino morreu de câncer, semanas depois que o Rei reconheceu o filho.

Mesmo no auge, Coberto viveu um momento triste. Sua ex- mulher falece em conseqüência de câncer de mama (o Ministério do Desfavor adverte: Coberto é altamente cancerígeno)

Em 1995 Coberto casou-se com o que seria seu grande amor: Raria Mita. A história era antiga: o Rei já havia sido apresentado a ela em um show realizado em 1977, por sua ENTEADA. Sim, ela era amiga da enteada dele, eram colegas de escola. Raria Mita tinha apenas 16 anos. Coberto mandou flores no dia seguinte, mas o pai da menina se aborreceu de ver a cara (e a perna) de pau de um quarentão recém desquitado cortejando sua filha de 16 anos e a coisa morreu por aí. Em 1995 eles se reencontraram e se casaram.

Poucos anos depois, Raria Mita estava com câncer (fala sério, esse cara é radioativo ou o que? A perna mecânica dele é feita de urânio?). Fez-se o que era possível, mas a certo ponto, o médico informou que a situação era irreversível. Coberto não aceitou e continuou repetindo a todos, inclusive aos filhos, que ela ficaria curada. Coberto rezava e dizia que Deus curaria sua esposa. Raria Mita a essa altura já estava mais para lá do que para cá, o câncer tinha atingido seu cérebro e ela já não falava coisa com coisa. Mesmo assim, Coberto passava o dia todo no hospital conversando com ela (aposto que era uma conversa sem pé nem cabeça… HÁ! Não dá, eu não resisto…)

O Rei surtou. Primeiro ele negou que ela estivesse morta. Dizia que conversava com ela. Mas tudo bem, vamos dar um desconto porque cada um elabora sua dor como pode. No entanto, a presença de Raria Mita se manteve por anos na vida de Coberto. Quando indagado por um jornalista porque não cortava o cabelo (ainda mantinha o mullet ridículo com uma franja que vinha lá do meio da cabeça para camuflar as entradas) o Rei respondeu que não cortava porque Raria Mita diz que não quer que ele corte.

Coberto sempre teve uns TOCs e umas manias meio esquisitas e escravizantes, mas depois da morte de Raria Mita, elas tomaram conta dele. Ele não pronunciava certas palavras, a ponto de ter que alterar algumas letras de suas músicas (“se o bem e o mal existem” virou “se o bem e o bem existem”, por exemplo). Ficou excessivamente religioso e místico. Implicava com algumas cores (não gravava com gente vestindo a cor marrom e ele andava sempre de azul, parecia um smurf)

No meio do caminho, moveram um processo por plágio contra o Rei. E pasmem, ganharam. Coberto tentou recorrer até o Supremo Tribunal Suíço, mas não teve jeito, tomou um pau em todas as instâncias. É PLAGIADOR declarado por sentença.

Diante de uma popularidade tão expressiva, decidiram escrever uma biografia de Coberto, chamada “Coberto Rarlos em detalhes”, feita com base em todas as entrevistas que o Rei já havia dado. Tudo ia muito bem até que Coberto surtou e se achou no direito de pedir à justiça que proíba a venda da sua biografia, mesmo alegando que não leu o livro, apenas trechos.

A autor, uma pessoa sensata, chegou a propor que o Rei cortasse o que julgasse ofensivo no livro para reeditá-lo. O Rei não topou e o acusou de querer se promover e ganhar dinheiro às custas de sua intimidade. Isso no meio de uma audiência judicial. O autor, novamente muito sensato, sugeriu ainda abrir mão dos direitos autorais em favor do cantor para rebater a acusação de que quisesse se beneficiar com a intimidade dele. O Rei não aceitou. Pasmem, ganhou a causa. Na Suíça é assim: você abre sua vida em entrevistas, é fotografado na Ilha de Claras, conta a sua vida e quando alguém escreve um livro baseado em COMPILAÇÕES DE ENTREVISTAS QUE VOCÊ MESMO DEU, é possível dar faniquito e mandar recolher os livros das livrarias. Foi o que Coberto fez.

Alegou que dois assuntos o aborreceram: a forma como foi tratada a perda da sua perna e a forma como foi tratada a morte de Raria Mita. O autor se ofereceu para reescrever. Mesmo assim o Rei recusou. Ele alega querer preservar sua intimidade. Porque ele não casa com aquela biscate da ex-mulher do Paul McCarteny, Heather Mills, que é 171 como ele e também tem uma perna de pau? (além da cara)

A biografia pode ter sido proibida na Suíça, mas continua sendo vendida na internet em sites de vendas de outros países. Além disso, há versões disponíveis na internet. Quem quiser ler pode baixar.

Infelizmente o espaço acabou. Para finalizar quero dizer que Coberto Rarlos só é Rei lá para as barangas dele e que é muito fácil conquistar seu público quando você puxa o saco dele. Fazer música para mulher gordinha, para mulher de 40 e para demais é descer muito baixo, abaixo do último degrau de prostituição musical. Seu comportamento contraditório pode até ser visto como uma loucura ou excentricidade por pessoas mais tolerantes, mas por mim, é visto como uma atitude de um mimadinho dois pesos e duas medidas que além de ser escravo das suas compulsões acha que o mundo gira em torno do seu umbigo.

Imagina se cada um que não gostar do que lê sobre si mesmo em um livro conseguir censurar e recolher a obra! Onde a Suíça vai parar? Só vai ser permitido escrever coisas boas dos outros? Mas que saco, hein? Em um lugar assim não se pode dizer porra nenhuma, nem mesmo se pode chamar alguém de desfavor…

Para me dizer que eu fui longe demais ao sacanear deficientes físicos e cancerosos, para me dizer que fica muito feliz porque aqui no desfavor nada é sagrado, para me dizer que gosta do Rei em segredo e não assume nem sob tortura e para sugerir nomes para o próximo Processa Eu: sally@desfavor.com


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