Skip to main content

Eu, desfavor: Uma libélula.

| Sally | | 13 comentários em Eu, desfavor: Uma libélula.

Tenho fobia de insetos voadores. Quando era pequena, uma libélula se enroscou no meu cabelo e ficou se debatendo entre meu cabelo e minha cabeça, acho que isso me causou algum tipo de trauma. Além disso, esses insetos voadores como libélulas, cigarras e cia, são completamente desnorteados, ou são cegos ou são muito burros, porque voam de forma imprevisível, inclusive para cima das pessoas.

Isto posto, posso contar o que me aconteceu na farmácia perto da minha casa. Sim, erro número um: ir na farmácia perto da minha casa! Na verdade a farmácia fica bem em frente, não tem como não passar por eles todo santo dia quando vou trabalhar. E é daquele tipo de farmácia sem portas, aberta diretamente para a rua, ou seja, não tem como passar sem ser vista. Porque eu acho um erro frequentar a farmácia em frente à minha casa? Acho excesso de intimidade. Não acho que pessoas que podem me ver todo dia tenham que saber se eu estou tomando remédio para diarréia, supositórios ou comprando absorventes! Sempre preferi frequentar farmácias distantes, onde a pessoa não me conhece e nunca mais vai me ver!

Enfim, naquele dia infeliz eu fui tomar uma injeção na farmácia em frente à minha casa. Por ser injeçã, me levaram para um quartinho que fica nos fundos da farmácia. Entrei e abaixei as calças. O sujeito começou a aplicar a injeção (sim, essa tem que ser na bunda). Como é uma injeção muito dolorida, tem que ser aplicada lentamente. Lá estava eu, de pé, tomando uma injeção lentamente, quando o pior aconteceu.

Não me perguntem como, mas entrou uma libélula no quartinho da injeção. Começou a se debater contra a parede. Comecei a suar frio e disse para o popular da farmácia “Moço, termina isso rápido porque eu tenho pavor desse bicho”. Ele, como todo homem, começou a dizer aquelas frases babacas: “não tenha medo, é um bicho bonzinho” + “ela não morde não” + “ela tem mais medo de você do que você dela”. Até parece! Esses bicho são frenéticos, descompensados! Saem voando sem o menor critério e acabam encostando na gente. Para fechar com chave de ouro, ele soltou a seguinte pérola: “Se você não mexer com ela, ela não vai mexer com você”. Quando alguém te disser isso, duvide. Duvide muito.

A libélula começou a voar baixo e eu me mexi para tentra me desviar dela. Foi o bastante para o sujeito se sentir no direito de me dar um esporro: “Olha, Dona, essa agulha aqui é afiada, ela corta na horizontal, entende? Se a Senhora se mexer, vai se machucar!”. Tem gente que nunca vai entender o que é uma fobia. Eu não tinha a opção “ignorar libélula”

Claro que a libélula veio voando na minha cara e evidente que eu, descontrolada que sou, não consegui ficar parada. Arrebentei a portinha corrediça do quartinho e sai berrando “ELA ESTA EM MIM! ELA ESTÁ EM MIM!” de CALÇAS ARRIADAS, feito um pinguim, com uma injeção espetada na bunda. Todo mundo viu a minha bunda, inclusive os transeuntes, já que a farmácia era daquelas abertas para a rua. Para piorar minha situação, ainda havia uma obra da Prefeitura naquela calçada, o que só aumentou minha platéia.

Hoje, quando passo em frente à farmácia, tenho certeza que todos lembram do episódio. Eles devem me chamar de “A maluca da libélula”.


Comments (13)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: