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Ele disse, ela disse: Verbalização de namoro.

| Desfavor | | 28 comentários em Ele disse, ela disse: Verbalização de namoro.

Eu juro! Namoro firme!

O casal já está junto há algum tempo, se encontram com freqüência e já começam a participar mais ativamente do dia-a-dia um do outro. Mas nunca houve uma verbalização explícita sobre o grau de compromisso. É algo sério? Namoro ou amizade, ooooêêêê?

Tema de hoje: Qual a importância da verbalização de namoro?

Sally e Somir discordam. E explicam aqui e hoje o porquê.

Tenho dois pontos para expor na coluna de hoje. O primeiro é sobre a falta de necessidade de uma verbalização num namoro DE VERDADE, e o segundo é um apelo aos meus colegas do sexo masculino. Obviamente, relacionado.

Começo com o tema da verbalização de um namoro. A não ser que você nunca tenha namorado alguém antes por viver dentro de uma caverna isolada no topo de uma montanha, você sabe o que configura um namoro, certo?

Explicando de um jeito bem seco: “Um namoro é o envolvimento sexual (consentido) entre duas pessoas sem data definida para terminar.”

E, apesar de alguns religiosos (perdoai-os pois não sabem o que fazem) discordarem sobre a parte do envolvimento sexual, é consenso geral que um namoro DE VERDADE sempre começa com a mínima presunção de ser o último das vidas de ambos os envolvidos. Essa coisa de datas, prazos e metas tem mais a ver com o ambiente profissional (entendam como quiserem) do que com o afetivo. Um namoro DE VERDADE só acaba se precisar mesmo acabar.

Faço questão de capitalizar o DE VERDADE quando menciono namoros no meu texto. Se você está envolvido com outra pessoa em termos parecidos com o de um namoro, mas não tem vontade ou coragem de pensar nele como o seu candidato ao último da vida, NÃO É NAMORO. Oras, hoje em dia a maioria das pessoas nem liga mais para o nome que se dá para a relação… A relação com presunção de duração, aquela que está funcionando e demonstra comprometimento das duas partes, não depende mais do nome que se dá. Se for sério, é sério e ambos vão saber. Enquanto houver dúvidas, pode dar o nome que quiser que vai continuar sendo uma relação duvidosa.

Faz mesmo tanta diferença dizer que é namoro oficialmente? Como é de conhecimento dos leitores do blog, eu já namorei a Sally, que (pressupostamente) vai dar um ataque neurótico no texto aqui de baixo. Eu precisei verbalizar claramente que era um namoro no caso dela. E fiz isso porque ela não teria paz no coração até saber claramente que nome daríamos para a relação.

Só que eu já conhecia a peça na época da oficialização. Era importante verbalizar pela PRESUNÇÃO DE FIDELIDADE. E acredito que seja esse o problema da maioria das mulheres (que não são umas cretinas) que entram em parafuso nesse momento da relação. Medo de se doar a uma relação onde não terão a intenção explicitada de se manter fiel por parte do seu projeto de namorado.

Respeitei, mas não concordei. Se não soubesse que era importante, jamais teria me preocupado com isso. Por um motivo muito simples: Para mim namoro é uma coisa, fidelidade é outra. E se você começar a pensar “fora” da sua cabeça, vai perceber isso também.

Mesmo que se verbalize um namoro, nada garante a fidelidade da outra pessoa. Nada nunca vai garantir. Ou você acredita nisso até ter motivos para não acreditar… Ou não liga mesmo para o assunto. Tem gosto pra tudo nesse mundo.

O meu, por exemplo, é pra lá de fechado sobre a questão de fidelidade. Se eu precisar explicar para uma mulher que não é para continuar saindo com outros homens para namorar comigo… Eu já cometi um erro, e dos grandes. E quando eu precisei verbalizar para a Sally quer era namoro, só levei numa boa porque a idéia era assegurar a MINHA fidelidade. Quem abomina traição valoriza muito quem pensa parecido. (Já tive minha cota de erros, o que não quer dizer que eu os ache bonitos.)

Eu só consigo respeitar a necessidade de verbalização pela ótica da presunção de fidelidade. E mesmo assim, daria no mesmo dizer que vai ser fiel ou não para a outra pessoa. Não tem a ver com namoro em si. É uma parte da relação que tem importância diferente para pessoas diferentes.

E que atire a primeira pedra quem nunca disse uma coisa e acabou fazendo outra. Se você escolhe errado, as coisas dão errado. Chamando do que quiser a relação… Quando for namoro para você, é namoro. E foda-se o que a outra pessoa pensa… Se não estiver junto com você porque quer nem vale nada mesmo.

Um namoro não é o nome que recebe, e sim as pessoas envolvidas nele. Acerte a pessoa e as coisas funcionam.

E como eu havia dito no começo do texto, farei um apelo aos meus colegas de gênero:

HOMENS, NÃO VERBALIZEM QUE É NAMORO! Pode até maltratar algumas mulheres que prestam, mas na média vai ajudar a ensinar as que não a se portarem melhor. Explico: Para uma mulher (cretina), um namoro é que nem uma pizza para nós.

“Vontade de comer uma pizza… Vou ver onde pedir.” – Homem

“Vontade de namorar um homem… Vou achar um que tope.” – Mulher

Sim, caros colegas. Como eu sempre digo, homens namoram mulheres e mulheres namoram o namoro. Elas tem um projeto onde UM homem se encaixa. Atendendo a alguns requisitos mínimos, está mais do que bom. Se o otário ainda a pede em namoro sem ela precisar apertar, melhor ainda! Livra a cara dela para pressionar pelo casamento. (Que já está planejado nos sonhos dela. O noivo já teve mais rostos do que o seu saudoso álbum de figurinhas do Brasileirão…)

E para as mulheres entenderem: Quando um homem (que não seja um cretino) se vê na posição de pedir uma mulher em namoro, ela já considerou a encheção de saco que vem no pacote e decidiu que valia a pena mesmo assim. Um homem aceita colocar uma mulher específica em sua vida. O namoro é o problema, a mulher é a solução. O exato inverso do exemplo de mulher sobre a qual falo agora.

Quando não se verbaliza o namoro, você frustra enormemente a mulher que só queria namorar “um homem” mesmo. Ela quer que você ache que foi sua idéia, senão o plano dela falha. E ainda ganha de bônus a chance dela desistir por conta própria. Livrou-se um problema e sacaneou uma que não valia nada. Win/win.

A que realmente escolheu você ainda vai dar mais alguns sinais claros que vale o namoro. Seja disfarçando mal e porcamente ataques neuróticos ou mesmo chegando na sua cara e dizendo que precisa saber o que você quer para ficar em paz. Mesmo não sendo o ideal, dá para perceber a intenção de forma bem mais clara.

Além, claro, das que não ligam para isso. Se encontrar alguma, pode escrever um artigo científico e preparar um terno para receber o prêmio Nobel…

Para não me escrever nada, já que eu deveria saber como você reagiu ao meu texto: somir@desfavor.com


Você tem bola de cristal para saber o que se passa na cabeça das outras pessoas? Eu não tenho, por isso, frequentemente me engano quando tento depreender o que outros estão pensando. Acho mais fácil e mais seguro quando as pessoas são claras e honestas, dizendo com todas as palavras o que pensam.

Isso vale também para começo de relacionamentos. O que diferencia um namoro de outro relacionamento menos sério? O compromisso que a pessoa assume em te dar exclusividade, certo? Como é possível ter certeza de que a pessoa assumiu este compromisso sem ouvir da boca dela?

O ser humano é estranho. Muitas vezes as pessoas dão a entender uma coisa e fazem outra na prática. Nem sempre por serem filhos da puta, tem gente que simplesmente muda de idéia com muita facilidade. Eu não tenho a arrogância de achar que sei exatamente o que se passa na cabeça do outro, principalmente quando o conheço faz pouco tempo.

Você começa a sair com uma pessoa, tudo é novo para você. Você começa a sair com mais freqüência. Por mais que o comportamento dela te indique que a intenção é te levar a sério, não acho que seja possível ter certeza disso sem ouvir da boca da pessoa. Até porque, se você começou a sair com a pessoa faz pouco tempo, vamos combinar, você não o conhece bem.

“Mas Sally, eu fui ficando com meu atual namorado e ele nunca verbalizou um pedido de namoro, mesmo assim, estamos juntos faz mais de cinco anos”. Sorte sua. Deu certo. Poderia ter dado errado. Será que ele se manteve fiel a você desde o primeiro beijo? Não se engane, vocês podem ter trocado o primeiro beijo faz cinco anos, mas a fidelidade dele deve ter começado muito tempo depois.

O grande problema de presumir, de deixar o dito pelo não dito, é que se tudo der errado, você não tem como cobrar nada. Ele nunca te disse que era namoro? Bem, eu não me comportaria como namorada nesse caso. Existe o risco de você namorar com ele mas ele não namorar com você.

E quando eu falo na necessidade de verbalização, não me refiro a um pedido formal, a um “Quer namorar comigo?”. Falo de alguma verbalização incontroversa que prove que ele te vê como namorada. Por exemplo, vocês encontram um casal de amigos dele na fila do cinema. O Zé Ruela te apresenta como namorada dele. Está verbalizado. A partir desse momento, ele te deve fidelidade e uma deferência especial.

Existem homens que te tratam muito bem quando estão ao seu lado, como uma rainha, mesmo sem estarem apaixonados por você e mesmo sem ter a menor intenção de firmar um compromisso sério. Sim, existem homens que gostam de tratar mulher muito bem. Apenas isso. Se a mulher depreender que está namorando só porque está sendo muito bem tratada, porque está recebendo muita atenção, pode levar um susto com o passar do tempo.

Sinceramente, custa muito conversar sobre a natureza da sua relação? Não vejo benefício nenhum em deixar as coisas no ar. Cabeça de homem é muito diferente de cabeça de mulher. O que para a gente parece um indício de namoro, para eles pode ser apenas uma gentileza. Porque se arriscar a construir um castelo em areia movediça se dez minutos de conversa resolvem nosso problema?

Eu preciso saber qual é a natureza da relação na qual eu estou para saber como me portar em relação à pessoa que está saindo comigo. Não me refiro apenas a fidelidade, mas também ao grau de esforço e sacrifício que eu vou fazer para manutenção daquela relação.

Sem contar que existem muitos homens que não verbalizam propositadamente para tentar garantir a mulher sem ter que dar fidelidade. Fazem tudo para que ela acredite que é namorada (sem dizer a palavra “namoro”) e continuam levando vida de solteiros. Enquanto isso, ta lá a mulher toda dedicada ao filho da puta. E se forem flagrados com outra, cuspirão sem dó “Eu nunca disse que era namoro”.

Não nego a possibilidade de pactos tácitos entre um casal. São possíveis e eu mesma já fiz vários. Porém, só acredito neles quando já existe uma intimidade e cumplicidade de longa data, que tornam possível depreender exatamente o que o outro quer e pode te dar. Um dito pelo não dito em começo de relação me parece um tiro no escuro.

Meu tempo é sagrado. Odeio perder tempo. Se o que eu quero é namorar com a pessoa, me recuso a deixar as coisas no ar, sem ter certeza se sou correspondida ou não. Não faço roleta russa com meus sentimentos. Não invisto em quem eu não tenho certeza, no mínimo, que quer investir em mim na mesma medida.

Pode ser que a pessoa diga que quer namorar e não se comporte como tal? Claro que pode, desde que o mundo é mundo o ser humano mente. Mas se fizer isso tendo verbalizado uma intenção de namoro, vai me autorizar a cobrar a conta de uma promessa mentirosa. Teremos nosso acerto de contas (e eu cobro caro).

Para me dizer que eu sou insegura por exigir uma verbalização, para me perguntar como foi que o Somir verbalizou e para sugerir temas para o próximo Ele disse, Ela disse: sally@desfavor.com


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