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Ele disse, ela disse: Saudável discussão.

| Desfavor | | 11 comentários em Ele disse, ela disse: Saudável discussão.

SOMIR: Alô?
SALLY: Oi, não te acordei, né?
SOMIR: Não, nem fui dormir.
SALLY: Aconteceu alguma coisa?
SOMIR: Resolvi não dormir hoje.
SALLY: Como assim? Você simplesmente escolhe não dormir?
SOMIR: Sim. Meu corpo me obedece.
SALLY: Aff… Eu quero falar sobre saúde essa semana.
SOMIR: Beleza, assim que passar essa dor-de-cabeça eu escrevo.

Assunto de hoje: Até onde devemos nos preocupar com nossa saúde?

Adoro esses momentos. Eu vou defender o ponto-de-vista realista e politicamente incorreto e minha CARA vai defender alguma dessas baboseiras hippies de “meu corpo é um templo”.
Nem preciso ler o que ela escreveu para saber disso. O tanto de bronca sobre o assunto que eu levei dela durante o tempo que namorávamos é um excelente indicador sobre nossa discordância nesse assunto.

Pois bem: Saúde é o que interessa?

Sim, desde que te proporcione mais anos novos de vida. Vocês vão ver que eu não sou tão relapso e inconseqüente assim por não me importar muito com alguns aspectos clássicos de uma vida saudável.

Mas primeiro eu vou explicar o ponto central da minha argumentação, a diferença entre anos novos e anos velhos. Anos novos são aqueles onde você é uma pessoa que tem seu corpo naturalmente mais apto a aproveitar tudo o que a vida pode oferecer. Já os anos velhos são aqueles onde por mais que você tenha se cuidado, seu corpo não PERMITE que você faça tudo o que quiser.

Normalmente uma pessoa vive da seguinte forma:

Nada contra, um bom aproveitamento dos anos novos e uma sobrevida para ver seus netos crescendo. Perde um pouco de qualidade de vida nos anos velhos, mas mesmo se sofrer um pouco mais, vai saber que aproveitou o que tinha que aproveitar.

Pessoas certinhas, que tratam seu corpo como um templo vivem assim:

Praticamente o mesmo tanto de diversão tanto nos anos novos quanto nos velhos. Sobrevida de mais qualidade em relação às pessoas normais. Boa coisa, certo?
ERRADO! Essa pessoa que deixou de aproveitar vários prazeres de vida não vai escapar do desejo de realizá-los. Já ouviram uma pessoa mais velha dizendo para vocês aproveitarem o máximo que puderem? Acha que é um conselho vazio? Não duvide da sabedoria dos idosos. O desejo NUNCA vai passar. Mas a disponibilidade física vai. Tomara que você ainda tenha tempo!

As pessoas que tratam seu corpo como uma festa vivem assim:

Aproveitamento EXEMPLAR dos anos novos. Pessoas assim entendem que a vida é finita e ninguém fica mais novo. Não há sobrevida, apenas vida. E justo no momento onde até mesmo os que acham que o corpo é um templo começam a sentir os inexoráveis sinais da idade, essas pessoas estão deixando o mundo no auge. Com a sensação do dever cumprido.

Plantas e animais irracionais nascem para sobreviver. Já os humanos nascem para viver.
Vejamos alguns pontos-chave sobre a questão de saúde e seu impacto na qualidade de vida de cada uma das categorias.

Exercícios físicos:
– Anos novos: Importantes para aumentar sua disposição e principalmente sua atratividade sexual. Caso você já consiga diversão sem isso, desnecessário.
– Anos velhos: Longevidade e aquela sensação de que se você fosse um pouco mais novo, poderia fazer o que está querendo.

Alimentação:

– Anos novos: Comer é um dos grandes prazeres da vida. E nosso paladar não nos engana, gostamos justamente do que mais nos faz mal. Seu corpo vai lidar muito melhor com os excessos nos anos novos, mas a sua vontade vai continuar a mesma a vida toda.
– Anos velhos: Longevidade e aquela sensação de que se você um pouco mais novo, poderia comer o que está querendo.

Vícios:
– Anos novos: Evite os que não vão te deixar fazer mais nada, como a maioria das drogas ilegais faz. Os outros são uma delícia, fazem mal e cobram sua conta no futuro, mas não existe prazer sem conseqüência. Ou aproveita logo e sofre depois ou sofre por igual durante a vida. Não fumar não torna seu pulmão eterno… Não beber não evita que você tenha problemas no fígado.
– Anos velhos: Longevidade e aquela sensação de que não teria feito tanta diferença ter aproveitado um pouquinho mais enquanto podia.

Cuidados médicos:
– Anos novos: A medicina só existe porque ficamos doentes. Os remédios só existem porque resolvem a maioria dos problemas os quais se propõe a resolver. O seu trabalho é quebrar e o dos médicos é consertar. Vá quando precisar, cada um com suas atribuições.
– Anos velhos: Vai passar 10% menos tempo no hospital do que quem não se cuidou. Sensação de que não fez muita diferença.

Descanso:
– Anos novos: Quanto mais você dorme… Mais você dorme. Basicamente é isso. Durma o quanto bem entender, dormir pode ser um prazer, mas essa obrigação social chata de dormir oito horas parece turno de trabalho. Perca o quanto de vida você achar melhor…
– Anos velhos: Depois de uma vida inteira regrada nesse aspecto, você vai ganhar… Nada. E para ajudar ainda vai ter mais sono do que tinha antes de qualquer jeito.

Quer viver de forma saudável? Quer se alimentar como um animal de pasto? Quer tratar seu corpo como algo frágil e delicado apenas para viver mais tempo dizendo que na sua época de jovem era tudo melhor?

Direito seu.
Mas não me venha dizer que você vai viver melhor. Vai sobreviver melhor, e só.

Para saber como começar a fumar e que bebida tem mais a sua cara: somir@desfavor.com


Não sou uma pessoa radical com saúde. Nem com a dos outros nem com a minha. Mas acredito que um mínimo existencial deva ser respeitado, não só por você mesmo, mas como um ato de consideração pelas pessoas que te amam e te cercam.

Seu corpo é sua casinha. O lugar onde você vai morar até o fim da vida. É mérito seu o corpo que você vai ter dentro de vinte anos. Ninguém precisa seguir uma dieta macrobiótica para garantir uma qualidade de vida decente, mas puta que pariu, algumas coisas devem ser suprimidas/evitadas ou diminuidas, principalmente por aqueles que fazem uso delas de forma compulsiva.

Não me entra na cabeça uma pessoa que fuma vários maços de cigarro por dia. “É vício”, eles dizem. Beleza. Vício a gente larga. É difícil? É. É possível? É. Tem gente que larga, não tem? Digo o mesmo para a bebida. Gente que bebe a ponto de prejudicar sua vida pessoal e profissional. Não sou psicóloga, mas me parecem pessoas autodestrutivas.

O trio alimentação razoável + 6 a 8 horas de sono + atividade física são um bom começo para uma vida saudável. Não é pedir muito. “Mas eu não tenho tempo, Sally”. Tem sim. Corte alguma outra atividade, porque o que está em jogo não é só o seu bem estar, é também a consideração que você tem pelas pessoas que te amam de não adoecer nem morrer cedo. Sua saúde tem que se prioridade na sua vida, porque sem ela, todo o resto fica comprometido.

“A tia da prima da irmã da minha avó fumou até os 93 anos e não morreu disso”. Ótimo. A véia tinha uma genética fuderosa, vai ver era X-Man, que bom que ela teve uma vida longa, mas você pode não ter a mesma sorte. Vai brincar de roleta russa?

“Mas todos nós vamos morrer um dia”. Sim. Você quer adiantar esse momento? Ou torná-lo mais penoso, para você e para as pessoas que te cercam?

Lógico que todos nós damos vazão a angústias de alguma forma em nosso corpo. Todos nós apresentamos comportamentos destrutivos algumas vezes. Alguns roem as unhas, outros comem compulsivamente… mas o racional tem que se capaz de colocar um limite quando um bem maior como a vida está em jogo.

Além disso, hoje existem muitos remédios para ajudar a superar essas “dependências”. Moderadores de apetite, remédios que ajudam a parar de fumar, etc, etc…

Mas o objetivo principal do meu texto não é convencer você a se cuidar para ter uma vida melhor. Cada um vive como quer, se a pessoa quer terminar seus dias fodido, torto e cagando em uma fralda, sinceramente, tem mais é que passar por isso mesmo. Cada um colhe o que planta. Quem semeia merda, colhe bosta, a vida é implacável.

O grande objetivo aqui é mostrar que isso é uma sacanagem com as pessoas que te amam. Faz pouco tempo vi uma conhecida enterrar o marido depois de um câncer no pulmão e ficar com três filhos de 3, 6 e 9 anos para criar sozinha. O sujeito tinha um histórico de câncer de pulmão na família (pai e avô tinham morrido jovens disso) e nem assim parou de fumar. Francamente, não compro essa frase de que quem fuma só prejudica a si mesmo. Ele prejudicou a esposa e aos três filhos. Quando você coloca um filho no mundo assume uma responsabilidade.

E ainda tem gente que repete: “Qual é o problema? Eu só estou fazendo mal a mim mesmo!”. Aff! Quando se faz mal a você mesmo, todas as pessoas que te amam sofrem. Uma vez perguntei para a Madame aí de cima, depois de ouvir essa frase babaca: “O que você faria se todos os dias eu tomasse na sua frente uma pequena dose de um veneno que a longo prazo fosse me matar?”. A cara de bunda dele foi fenomenal.

E ainda tem os que dizem “Eu prefiro viver assim, a escolha entre viver e morrer é minha”. Ótimo. Bacana. Só que algumas vezes o infeliz não morre, fica no meio do caminho, entrevado, dando trabalho para quem está vivo e saudável. Quem aqui quer um marido com AVC pedindo melão que precisa ter as fraldas trocadas?

Não levar uma vida MINIMAMENTE saudável é falta de consideração com quem te cerca e te ama. É falta de consideração com sua mãe, com seu pai, com sua esposa, com seu marido, com seus filhos, com seus amigos, etc. Quando você se fode, você gera um sofrimento incalculável nessas pessoas. O mínimo que se espera é que você não colabore para isso.

Quem diz que não tem tempo para comer bem, dormir bem ou se exercitar está sendo egoísta. Está fazendo uma escolha errada na escala de prioridades e existem grandes chances de que quem pague o preço sejam as pessoas queridas que o cercam.

E quando a pessoa vive tal qual um intestino (só faz merda) e resolve que não vai ter plano de saúde, mesmo podendo pagar? Em alguns lugares do país, plano de saúde é uma coisa de primeira necessidade, é praticamente obrigatório. Mas a pessoa prefere gastar esse dinheiro com outras coisas e dizer que não tem dinheiro para pagar um plano de saúde. Quando adoece, é a família e os amigos que tem que se desdobrar em um desespero sem fim para achar um leito em algum hospital público que disponha de médicos e aparelhagem necessários, o que freqüentemente é uma missão impossível.

Custa tanto assim fazer três refeições por dia, comendo de forma balanceada, carne, legumes e verduras? Custa diminuir o consumo de frituras, açúcar, gorduras e álcool? Custa se programar para tentar dormir entre 6 a 8 horas por dia? Custa caminhar 40 minutos todos os dias? Foda-se se custa. Faça, por amor a quem te ama e precisa de você!

Não estou falando de radicalismos. Estou falando de moderação.

Se você ama seu filho, vá ao médico uma vez por ano fazer exames para verificar se sua saúde está em dia, em vez de dar aquele brinquedo que ele tanto quer. Um dia, quando ele estiver se formando na faculdade e o pai dele estiver vivo podendo assistir essa momento, ele vai entender que esse foi o melhor presente que poderia ter recebido.

Para críticas, sugestões de temas e ofensas em geral: sally@desfavor.com


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