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Desfavor convidado: Os Mitos e a Auto-Ajuda.

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Os Mitos e a Auto-Ajuda.

Os livros da auto-ajuda são, por si só, um desfavor. É um absurdo pagarmos 10, 20, 30, 40 reais, o que for, por algum desses livros que acabarão se acumulando pela casa, já que, no final, a experiência em campo é o que conta.

Daí porque não utilizar os mitos para extrairmos lições para nós mesmos? Além de ser uma perspectiva interessante, é algo pelo qual não precisamos pagar para ler, uma vez que essas estórias já estão no domínio público. Aqui vão algumas dessas estórias:

1) Merlin e o Mito do Velho Babão

O mago Merlin era conselheiro do Rei Arthur e grande amigo dos Cavaleiros da Távola Redonda, a quem prestou inestimáveis serviços.

Tinha muito orgulho dos seus poderes, cujos segredos não dividia com ninguém. Era um homem a quem o cantor (brega) Falcão chamaria de “Estudado e Sabido”, pois fazia questão de passar o tempo todo aprimorando e aprofundando esses poderes. Tanto que quem o conhecia nunca o viu (usar sua varinha) com outra mulher.

Ou seja, na medida em que se dedicava aos conhecimentos, voltados para ajudar o reino, esqueceu-se completamente das próprias necessidades. Tornou-se uma sumidade em aspectos intelectuais, mas uma nulidade em termos sexuais, por não ter buscado equilibrar esses aspectos ao longo da vida.

E com o passar dos anos, a velhice chegou, e Merlin percebeu que não teria para quem deixar seus conhecimentos, pois nunca havia pensado em nomear um sucessor e não havia constituído família.

Nisso, Viviane apareceu. Não sabemos se era uma mulher de beleza fenomenal, ou apenas uma pessoa, digamos, gente boa. O fato é que ele acreditou que a mulher seria a solução para seus problemas – de sucessão e de solidão – e por ela se apaixonou.

Diante desse sentimento inédito em sua vida, Merlin sabia que não tinha muitos atributos pessoais, se é que possuía algum. Afinal, era um velho decrépito e ruim de papo, monotemático, pois passara praticamente a vida toda trabalhando na corte.

Logo, para conquistar a jovem, utilizou-se de todos os seus recursos, ao enchê-la de presentes e de agrados. Mas, ao se desdobrar nesses esforços, deixou de verificar se a jovem correspondia seus sentimentos.

Viviane, por sua vez, levou Merlin na conversa. Obviamente, aceitou de bom grado ser aprendiz dele, mas se fazia de desentendida quanto à segunda aspiração do velhinho. Rei Artur, Lancelot, a Mulher do Lago, os demais Cavaleiros, os súditos, os anglo-saxões, enfim, todos perceberam o que se passava com o querido Mago: ao tentar acabar com a nulidade em termos sexuais, acabou trazendo a zero o bom-senso.

Questionado pelos amigos, estava ciente de que estava se deixando enganar. Porém, resignado como todo nativo da Cornuália, confessou sua impotência diante de um sentimento pelo qual nunca se permitiu passar, e continuou a depositar sua dupla esperança em Viviane.

Assim, cometeu a tolice de ensiná-la feitiços que não poderiam ser desfeitos, o que selou seu destino. Em um derradeiro esforço para conquistá-la, o antigo herói da corte – agora bobo-da-corte da nação – criou um aposento no alto de uma montanha, com a mais bela das decorações. Nesse local, Merlin esperava consumir sua paixão.

Quando lá chegaram, Viviane pediu para ele ir primeiro. Logo que ele entrou, ela soltou uma daquelas mágicas irreversíveis, e o tolo ficou preso dentro do cômodo para sempre.

Moral da Estória: O que ocorreu com Merlin também se passa conosco. Quem não desce do pedestal acaba se deixando seduzir pelas pessoas mais inapropriadas, isso porque investiu apenas no aprimoramento profissional, quando deveria ter dedicado parte do seu tempo a trabalhar sua experiência emocional.

Se você for uma pessoa que busca o equilíbrio em todos os aspectos, revelar-se uma pessoa disposta a aprender com a vida, ao invés de tentar dominá-la, terá mais chances de emplacar um relacionamento saudável, mesmo que, em termos materiais, não tenha muito mais a oferecer além de uma singela varinha.

Suellen


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