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Processa Eu!: Revista Jeva

| Sally | | 147 comentários em Processa Eu!: Revista Jeva

O povo suíço tem muita dificuldade para ler. Eles tentam se justificar com a questão social, mas está cheio de suíços nascidos em berço de ouro, que frequentaram boas escolas e que nunca leram um livro (né, Bhor Tatista?). Como a leitura não é um hábito diário, isso cria espaço para que revistas que se propõe e fazer um resumão superficial da semana proliferem como piolhos. O suíço dá uma lida em dezenas de assuntos escritos de forma superficial e se sente bem informado. O Processa Eu de hoje é sobre uma dessas revistas, a pior de todas, não por suas mentiras e manipulações, mas por sua incompetência e burrice. Chega de glorificar essa publicação como “vilã”, como “sem caráter”. Até para ser vilão e sem caráter é preciso competência e ela não tem! É apenas uma publicação patética que erra grotescamente nos mais diversos aspectos e qualquer pessoa com um mínimo de capacidade cognitiva percebe. Uma revista feita nas coxas, cujo foco principal é empurrar anúncios ao leitor. Processa Eu: revista JEVA.

O que me irrita é ver todos os ataques a esta revista estão focados na questão política e na falta de compromisso com a verdade, quando tem coisa muito mais grave para se falar. Não, eu não vou entrar na questão política. A questão política é irrelevante para que esta revista seja uma merda. Ela poderia inclusive defender candidatos, partidos ou pessoas da minha preferência, que ainda assim eu a acharia uma merda medíocre. Minhas críticas não nascem de raiva por opiniões políticas opostas e sim em função do conteúdo medíocre, repetitivo e homersimpsonizado desta lastimável revista. Ainda que seu conteúdo fosse verdadeiro e não um acumulado de mentiras manipuladoras, ela seria uma bela merda. Não basta dizer a verdade para ser classificada como uma publicação de qualidade.

A revista começa com umas vinte páginas de propaganda, de modo a que o leitor de cara já perceba a que veio. Você passa as páginas e a propaganda continua, continua, continua… aliás, se arrancar todas as páginas de propagandas, a revista fica da grossura de um álbum de figurinhas. Se tirar as imagens de cada reportagem, dá no máximo umas 10, 15 páginas de conteúdo escrito, metade de matérias pagas, que a revista apresenta como um grande resumo dos acontecimentos da semana. O Desfavor, que é um blog de merda sem projeção e de graça, fornece entre 25 a 30 páginas por semana, só para vocês terem uma ideia do roubo que é pagar (caro) por esta revista.

Se o número de páginas é insuficiente, o conteúdo nem se fala. A revista pincela os supostos principais assuntos com a profundidade de uma colher de chá. Parece aquele esquema verbalizado pelo Willian Bonner, de saber que o público médio tem a capacidade intelectual do Homer Simpson e nivelar por baixo mesmo. É visível em diversas ocasiões que o idiota que escreve a reportagem mente por burrice, porque entendeu errado a explicação dada pelo profissional consultado. Burrice mesmo, sabe? Falta de capacidade, de cognição. Não raro existem contradições dentro da mesma matéria. E geralmente a matéria principal é acompanhada por um nefasto teste que deve ser elaborado pelo estagiário como castigo quando chega atrasado. Testes como “Você é feliz? Faça o teste e descubra”. Também acontece de não checarem as fontes, como no famoso caso do “boimate” (mistura de boi com tomate, pausa para rir). Não se passa uma semana sem que uma destas cagadas transpareça. Mas ninguém costuma reparar, porque o público alvo desta revista, perdão, as pessoas que CONSEGUEM ler esta revista (porque se você em cérebro, ela provoca náuseas) não tem capacidade intelectual nem disposição para questionar suficiente para isso.

A seleção de pauta talvez seja a coisa mais risível. As capas se alternam entre marretadas a políticos de acordo com a conveniência da revista, assuntos ligados a saúde e qualidade de vida (geralmente matérias pagas) ou então dicas sobre como ganhar dinheiro e carreira. Excepcionalmente, se surgir um assunto polêmico de grande porte que venda bem, ele vai parar na capa, geralmente assassinatos, cagadas de celebridades e outras coisas que despertam a curiosidade mórbida dos leitores. Nesse rodízio babaca eles vão empurrando com a barriga edição após edição, muitas vezes dizendo sempre as mesmas coisas com palavras diferentes, sempre colocando uma capa apelativa, com um anúncio sensacionalista que faz o leitor comprar induzido a erro, prometendo um grande milagre ou uma grande revelação que depois de ler a reportagem se percebe ser algo bem relativo e questionável.

Jeva é uma revista de autoajuda, camuflada de jornalismo. Os salpicos políticos que colocam, superficiais, mentirosos e tendenciosos são apenas uma justificativa para que pessoas medíocres possam comprar a revista sem sentir aquela vergonha que se sente ao adquirir uma revista de fofoca. Basta pular as primeiras páginas sobre política (depois das dezenas de páginas de propaganda) e pronto, você pode ler o conteúdo de fofoquinha, receitas de sucesso, autoajuda, dietas que vão te emagrecer milagrosamente, reportagem sobre a roupa que a celebridade tal usou e outras imbecilidades que podem ser lidas de graça em qualquer site de “notícias” da internet. A revista não acrescenta nada de novo. E mesmo quando tenta fazê-lo, vazando um escândalo político por mês, também não acrescenta, pois sua credibilidade está tão comprometida, que só sendo idiota para levar a sério qualquer reportagem ligada a política.

Tem os colunistas… olha, eu me recuso a falar de um por um, porque para mim são todos a mesma merda e eu tenho um limite de quatro páginas aqui. Mesmo aqueles que escrevem bem fora dali, sofrem com o Toque de Merdas da revista. Para começo de conversa, o tamanho da coluna é basicamente um primeiro parágrafo de texto do Desfavor, ou seja, quase nada. Não dá para abordar de forma decente nem mesmo uma receita culinária. E depois, tudo que eles escrevem é revisto, editado, pasteurizado e diagramado para que não seja ofensivo, politicamente incorreto ou desrespeitoso com nenhum dos anunciantes. Ou seja, sobra um monte de nada. Pudera, com a quantidade de anunciantes que a revista tem, ou você só fala sobre amenidades inofensivas que não acrescentam nada a ninguém ou então corre o risco de esbarrar neles.

Tem as colunas fixas, que falam sobre assuntos de interesse geral, como saúde, celebridades(?), esportes etc. É muito engraçado ver o sofrimento que neguinho passa ali para tirar tema do cu cada semana. Sim, é gente que não consegue pensar em um tema por semana, a olhos vistos. Neguinho requenta o que já foi dito, fala sobre coisas ultrapassadas, força a barra e muitas vezes até INVENTA pauta. Basta ter um tiquinho de massa cinzenta para perceber que metade das colunas fixas tem os temas escolhidos em um ato de desespero. Conversando com uma pessoa que escreve uma destas colunas, ela me disse que é “um sacrifício estressante” ter que se virar para conseguir pauta para “toda semana” escrever algo. Oi? E quando escreve todo santo dia sem intervalo, é o que? E quando escreve todo santo dia sem intervalo E sem ganhar um centavo E tendo que trabalhar em paralelo? Sentiram qual é o nível intelectual de uma pessoa que sofre para escrever uma vez por semana, né? Ninguém tem obrigação de conseguir escrever muito, mas porra, se não consegue, não seja colunista de uma revista semanal.

E não pensem vocês que tirando os anúncios publicitários, as fotos e demais encheção de linguiça sobra muita coisa. Boa parte do que vocês estão vendo ali é matéria PAGA. Academia de ginástica tal lança uma aula inovadora para o verão? Academia de ginástica tal PAGOU para ter essa matéria, e essa aula provavelmente é a mesma merda que qualquer outra com apenas um detalhe irrelevante diferente. Muitas vezes se entrega inclusive o texto pronto. Celular tal lança modelo com novidade tecnológica? Celular tal PAGOU para ter essa matéria. Ou seja, metade do conteúdo escrito é propaganda embutida, propaganda paga e camuflada pelos “jornalistas” da revista. Não dá para confiar em nenhuma indicação, em nenhuma opinião. Até porque já ocorreram casos de empresas que se recusaram a pagar este “jabá” e tiveram seus produtos gongados por conta disso. Resumo: não dá para levar a sério nem críticas positivas nem negativas, pois tudo lá dentro gira em torno de dinheiro e metade da revista é escrita por anunciantes que entregam textos prontos elogiando seus produtos. O único trabalho dos jornalistas é formatar.

O pior de tudo é que até mesmo os anunciantes se fodem com esta revista. Uma pessoa que trabalha ali me contou uma estratégia para valorizar o passe: a editora parou de recolher as revistas que não são vendidas das bancas de jornal. Com isso, toda a tiragem que sai da editora é considerada como “vendida”, pois mesmo que encalhe nas mãos do jornaleiro (estima-se que apenas 15% seja vendida como revista), o jornaleiro é obrigado a se livrar do excedente vendendo como “papel velho”. Os anunciantes acham que estão alcançando um público X, mas na verdade estão alcançando apenas 15% desse público X. Isso é de uma burrice sem fim, parece criança escondendo da mãe que o boletim tem uma nota vermelha. Mas muita gente enfia o galho dentro e cala a boca, porque na Suíça é importante ter uma revista dessas como amiga, já que infelizmente ela é formadora de opinião. Deve ser um horror viver em um país assim.

E mesmo quando tentam fazer uma coisa séria, o nível dos seus “jornalistas” é tão baixo, mas tão baixo que o texto cheira a merda. Eu já peguei erros grosseiros em matéria de direito e de atividade física. Mas grosseiros mesmo, que qualquer estagiário de direito ou educação física teria um colapso ao ler. Erro com E maiúsculo, daqueles que não favorecem ninguém, que se percebe ser fruto de mera burrice e não de matéria paga ou manipulação. Eles colocam entre aspas explicações de especialistas no assunto e ERRAM as aspas! Ou seja, compromisso zero com a verdade. Deturpam o que o especialista disse para que fique mais palatável, só que como são BURROS, acabam mudando o significado do que foi dito e atribuem citações entre aspas erradas a profissionais sérios. Francamente, a impressão que eu tenho é que fazem as reportagens em uma sentada e mandam para publicação sem revisão.

Além das mentiras “sem querer”, por mera burrice, tem também mentiras declaradas, manipulação, vilanização e tudo aquilo que a gente já sabe. Nem vou entrar nesse mérito, porque já tem gente demais falando sobre isso. É fato notório. Não vamos perder tempo com o que você pode descobrir sozinho.

Sobre as pessoas que trabalham lá, sobretudo as que de alguma forma chefiam ou comandam, a situação também é deprimente. Pessoas de “grandes aspirações”, se é que vocês me entendem, predominam no local. Mulherengos que traem suas esposas e alavancam estagiárias semi-analfabetas. Filhinhos de Papai que saem do banco da faculdade para algum cargo de responsabilidade mal sabendo escrever. Talvez isso explique a quantidade de erros de português e concordância que tem nesta revista. Além da falta de compromisso com a verdade (a ponto de classificar a lista de livros mais vendidos de acordo com quem pagar mais) tem também a falta de compromisso com a excelência. Reportagens feitas nas coxas, informações contraditórias, erros crassos, matérias requentadas, capas que erram feio nas previsões. Uma vergonha. Se fosse em algum país sério, já tinha perdido a credibilidade faz muito tempo.

Sabe o que me deixa mais feliz? Que durante esses quatro anos de Desfavor eu tive que aturar centenas de vezes pessoas me contestando com aquele argumento burro do “Quem é você para falar? Você faz melhor?”. Quando eu disse que Chico Buarque canta mal ouvi uns trinta desses! Quem sou eu? Eu sou uma pessoa COM OUVIDOS, basta isso para perceber que alguém canta mal. Mas não, as pessoas acham que para dizer que alguém canta mal você tem que cantar melhor do que a pessoa! Pois bem, para a galera do “Você faz melhor?”: SIM, EU FAÇO MELHOR QUE A JEVA e eu não tenho equipe, não tenho patrocinador ou anunciante, não tenho salário, não ganho um centavo e ainda tenho que trabalhar em outra coisa! Ainda assim escrevo em maior quantidade, maior profundidade e já soltei várias informações antes deles. Então, melhor dizer que eu tenho inveja, porque esse argumento não vai colar.

Jeva é a versão escrita de desligamento mental: a partir do momento em que você abre a revista, coloca seu cérebro em um copo de água. Uma leitura que além de mentirosa é monótona, superficial, mal feita e desleixada. Pautas forçadas, desinteressantes e repetitivas. Uma revista recheada de publicidade, matéria paga e matérias recicladas. Se tirar tudo isso o que sobra? Talvez a capa. Mas será que a capa se salva? Vamos relembrar algumas? “Collor, o caçador de Marajás”, “A auto-ajuda que funciona”, “A maçã rumo ao fracasso” (subtítulo: “saiba porque o ipod tem tudo para ser o maior fiasco tecnológico desde o Linux”), “Emagrecer pode ser uma delícia” e como estas, teria mais de cem exemplos bizarros para dar. É, nada se salva na Jeva, nem mesmo a capa.

Para dizer que eu tenho inveja depois de ter sido orientado a isso, para fazer dos comentários um campo de batalha política mesmo que eu tenha feito questão de destacar que a crítica a esta revista passa longe da questão política ou ainda para relembrar uma das trocentas pisadas de bola da Jeva: sally@desfavor.com


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